"Não tenham medo de amar
demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o
próprio Jesus: e imitar Jesus é nossa santificação. Quanto mais pertençamos à
Imaculada, tanto melhor compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus, Deus
Pai, a Santíssima Trindade."
(São Maximiliano Kolbe)
Raimundo Kolbe nasceu em 8 de janeiro de 1894, na Polônia,
recebendo no mesmo dia as águas batismais. Seus pais, Júlio Kolbe e Maria
Dabrowska, eram devotíssimos da Virgem Maria. De seus cinco filhos, dois
faleceram quando ainda crianças, e os outros três abraçaram a vida religiosa.
Criança muito viva e travessa, Raimundo recebeu certo dia uma
repreensão de sua mãe que lhe marcou a vida:
- Se aos dez anos você é tão mau menino, briguento e
malcriado, como será mais tarde?
Essas palavras calaram fundo na alma do pequeno. Ficou aflito
e pensativo. Queria mudar de vida e recorreu a Nossa Senhora. Ajoelhado aos pés
de uma bela imagem da igreja paroquial, perguntou-Lhe:
- Que vai acontecer comigo?
Qual não foi sua surpresa, quando lhe apareceu a Mãe de Deus,
trazendo em Suas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha. Sorrindo
maternalmente, perguntou-lhe qual escolhia. A branca significava que
perseveraria na castidade e a vermelha, que seria mártir. Grande alma, ele
escolheu as duas.
Nasceu-lhe, então, por graça da Imaculada, a vocação
religiosa. Decidiu ser capuchinho franciscano, e aos 14 anos começou os estudos
no seminário menor dos frades conventuais.
Sendo enviado à Roma pela congregação, lá chocou-se com a
insolência com que os inimigos da Igreja a atacavam, sem a proporcionada reação
dos católicos. Resolveu então entrar na luta antes mesmo de receber a ordenação
presbiteral. Reunindo em torno de si seis condiscípulos, fundou em 1917 a associação apostólica
Milícia de Maria Imaculada, cujos
estatutos começavam por declarar seus objetivos: a conversão dos pecadores,
inclusive dos inimigos da Igreja, e a santificação de todos os seus membros,
sob a proteção de Maria Imaculada. Nela aceitou apenas jovens destemidos e
verdadeiramente dispostos a acompanhá- lo nessa empresa, com o título de Cavaleiros de Vanguarda.
PROGRESSO
A SERVIÇO DA FÉ
Voltando à Polônia em 1919, fundou o jornal mensal da sua
associação - Cavaleiro da Imaculada -
pondo o progresso técnico do seu tempo a serviço da Fé.
Na véspera do lançamento, reuniu os operários, colaboradores
e redatores - ao todo 327 pessoas -, e passaram o dia em jejum e oração. Nessa
noite, foi organizada uma grande vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento e
de oração à Santíssima Virgem, para que abençoassem esse empreendimento. Na
noite seguinte, as rotativas imprimiram o primeiro número do jornal, "filho"
dessas orações. Um grande impulso à sua obra ocorreu em 1927, quando o príncipe
João Drucko-Lubecki cedeu ao padre Maximiliano um terreno situado a 40 quilômetros de
Varsóvia. Aí, homem de grandes horizontes, começou ele a construir uma
Niepokalanów - Cidade de Maria. Planejava a edificação de um enorme convento e
novas instalações de sua obra de imprensa. Com que dinheiro? "Maria
proverá - dizia o santo varão - este é um negócio dEla e de seu Filho!".
E não foi defraudado em sua confiança. Em 1939, o jornal
tinha já a surpreendente tiragem de um milhão de exemplares, e a ele se haviam
juntado outros dezessete periódicos de menor porte, além de uma emissora de
rádio. A Cidade de Maria contava então com 762 habitantes, sendo 13 sacerdotes,
18 noviços, 527 irmãos leigos, 122 seminaristas menores e 82 candidatos ao
sacerdócio. Nela habitavam também médicos, dentistas, agricultores, mecânicos,
alfaiates, construtores, impressores, jardineiros e cozinheiros, além de um
corpo de bombeiros.
A
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Quando estourou a Segunda Guerra Mundial, em 1939, a Cidade de Maria
ficou muito exposta a riscos, pois se situava nas imediações da estrada de
Potsdam a Varsóvia, rota provável de uma eventual invasão das tropas nazistas.
Motivo pelo qual a prefeitura de Varsóvia ordenou sua pronta evacuação. Padre
Maximiliano conseguiu lugar seguro para todos os irmãos, mas permaneceu ali,
com cinquenta de seus colaboradores mais imediatos.
Em setembro, as tropas invasoras levaram-nos presos para
Amtitz. Mas na festa da Imaculada, dia 8 de dezembro, foram todos libertados e
voltaram para sua Niepokalanów, transformando- a em refúgio e hospital para
feridos de guerra, prófugos e judeus.
Retomaram também o labor apostólico, pois os invasores
permitiram ao padre Kolbe continuar com suas publicações, à espera de um
pretexto para acabar com seu apostolado. Com grande coragem, escreveu ele no
último número de Cavaleiro da Imaculada, as seguintes palavras, de admirável
honestidade intelectual e integridade de convicções: "Ninguém no mundo pode
mudar a verdade. O que podemos fazer é procurá-la e servi-la quando a tenhamos
encontrado. O conflito real de hoje é um conflito interno. Mais além dos
exércitos de ocupação e das hecatombes dos campos de extermínio, há dois
inimigos irreconciliáveis no mais profundo de cada alma: o bem e o mal, o
pecado e o amor. De que nos adiantam vitórias nos campos de batalha, se somos
derrotados no mais profundo de nossas almas?".
A propósito disso, em fevereiro de 1941, a Gestapo irrompeu na
Cidade de Maria e levou presos o padre Kolbe e outros quatro frades, os mais
anciãos. Na prisão de Pawiak, em Varsóvia, foi submetido a injúrias e vexações,
e depois trasladado para o campo de extermínio de Auschwitz.
NO
CAMPO DE AUSCHWITZ
Começaram para o santo mártir as estações de sua via-crucis.
Passou a primeira noite numa sala com outros 320 prisioneiros.
Ao entrar no campo de concentração, os guardas faziam uma
revista minuciosa em todos os prisioneiros e lhes tiravam todos os objetos
pessoais. Entretanto, o soldado que revistou o padre Kolbe devolveu-lhe o
Rosário, dizendo:
- Tome seu Rosário. E vá lá para dentro! - Era um sorriso de
Nossa Senhora, como a dizer-lhe que estaria com ele a cada momento.
No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14,
cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas. Tendo um deles conseguido fugir,
dez outros, escolhidos por sorteio, foram condenados ao "bunker da
morte": um subterrâneo onde eles eram jogados desnudos, e permaneciam sem
bebida nem alimento, à espera da morte.
Ante o desespero daqueles infelizes, São Maximiliano
ofereceu-se para ficar em lugar de um deles, pai de família, e foi aceito por
ser sacerdote. Sem dúvida, movia-o uma autêntica caridade para com seu
conterrâneo, entretanto, outra razão também elevada o levou a tomar essa
decisão: o desejo de ajudar aqueles condenados a terem uma boa morte, salvando
suas almas.
Fechado o bunker, estava para sempre encerrado para eles o
contato com o mundo exterior. Naquelas terríveis horas sem outra expectativa
que a da morte, tratava-se de cada qual pôr em ordem sua consciência. Pode-se
imaginar qual seria o medo da morte, do Juízo, do sofrimento, a tentação de
desespero... Em tal situação, que privilégio poder ter por companheiro um
sacerdote santo! Graças a ele, o bunker da morte se converteu em capela de
oração e de cânticos... com vozes cada dia mais débeis. Três semanas depois,
restavam vivos apenas quatro. Julgando que aquela situação se prolongava
demasiado, decidiram as autoridades aplicar-lhes uma injeção letal de ácido
muriático.
Padre Kolbe foi o último a morrer naquele pavoroso
subterrâneo. Estendeu espontaneamente o braço para a injeção. Alguns momentos
depois, um funcionário do campo o encontrou morto "com os olhos abertos e a cabeça inclinada. Seu rosto, sereno
e belo, estava radiante".
Cumprira sua última missão: salvara a si próprio e aos
demais. Era o dia 14 de agosto de 1941, véspera da Assunção de Maria.
O corpo de Maximiliano Kolbe foi cremado e suas cinzas
atiradas ao vento. Numa carta, quase prevendo seu fim, escrevera: “Quero ser
reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento do mundo”.
Ao final da Guerra, começou um movimento pela beatificação do
Frei Maximiliano Maria Kolbe, que ocorreu em 17 de outubro de 1971, pelo Papa
Paulo VI. Em 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o homem com o qual
Pe. Kolbe trocou de lugar no campo de concentração, São Maximiliano foi
canonizado pelo Papa João Paulo II, como mártir da caridade. Por seu intenso
apostolado, é considerado o patrono da imprensa.
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