“Se os homens soubessem o que é a eternidade, faziam
tudo para mudar de vida.”
(Beata
Jacinta Marto, pastorinha de Fátima)
O
INFERNO EXISTE
"O
Salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna..." (Rm 6,23).
A existência do inferno é um dogma da Igreja
definido no IV Concílio de Latrão (1215). Desse modo, aquele que não crê no
inferno comete pecado grave.
No Catecismo da Igreja, “inferno” é definido como a
auto-exclusão de Deus, a ausência total de Deus. É verdade de fé que basta um
só pecado mortal não confessado/arrependido para que a alma vá para o inferno.
Lemos no Catecismo (§1035-1037): “A doutrina da Igreja afirma
a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado
de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem
as penas do Inferno, «o fogo eterno». A principal pena do inferno consiste na
separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a
felicidade para que foi criado e a que aspira.
As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos
da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o
homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem
também um apelo insistente à conversão: ‘Entrai pela porta estreita, porque
largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram
por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E
poucos são os que o encontram’ (Mt 7,13-14): Como desconhecemos o dia e a hora,
conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o
único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e
mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e
preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde
haverá choro e ranger de dentes.
Deus não predestina ninguém para o Inferno; para
isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir
nela até o fim.”
Dizem os
libertinos: nunca ninguém voltou do inferno para nos dizer que há um
inferno. É precisamente o que o inferno tem de terrível. Dali ninguém volta.
Ninguém sai do inferno, diz a Escritura.
No
entanto, por uma disposição especial da Providência Divina, por exemplo, para
nos instruir, isto pode acontecer e de fato tem acontecido. S. Francisco de
Girólamo pregava em Nápoles, em frente de uma casa em que morava uma mulher de
má vida que perturbava a missão com seus gritos e suas gargalhadas. De repente
esta cai morta. O santo, logo que soube o que tinha acontecido, foi a casa
dela. “Catarina, disse ele, onde estás?” E duas vezes repetiu as mesmas
palavras. Repetiu-as uma terceira vez com mais autoridade; e os
olhos do cadáver se abrem, seus lábios se movem e na presença de toda a
multidão, uma voz, que parecia sair do abismo, respondeu: “no inferno, no
inferno!” Todos fogem, tomados de assombro, e o próprio santo,
impressionado, repetia: “no inferno! Deus terrível, no inferno!” É um
fato absolutamente certo, a tal ponto que serviu de milagre para a canonização
do santo. Há um inferno.
Em um
famoso exorcismo realizado pelo Pe. Gabriele Amorth, um demônio foi forçado a
dizer: “Escutai, devo dizer ainda isto: se tivésseis que passar mil anos de
suplício, agüentai, agüentai! O inferno é terrível, é terrível! Ninguém sabe
como o inferno é horrível. É muito mais atroz do que pensais... é medonho!... é
pavoroso! Tenho ainda que acrescentar uma coisa, mas preferiria não o fazer: há
tantas pessoas... que já não crêem no inferno... mas... mas... ele existe! O
inferno existe. É horrível!”
A EXISTÊNCIA DO INFERNO CONTRADIZ A
MISERICÓRDIA DE DEUS?
O inferno não é
incompatível com a misericórdia e o amor infinitos de Deus porque o estado de
inferno não é criação, nem desejo de Deus, que quer a salvação de todos. Deus
que é Amor infinito não se impõe à Sua criatura, criada à Sua imagem e
semelhança, nem a força a amá-Lo, mas a convida contínua, amorosa e
pacientemente, por meio de muitas graças, para que ela livremente O procure, O
conheça e O ame, a fim de que, dando glória a Ele, seja plenamente feliz
participando de Sua Vida Bem Aventurada para a qual ela foi criada.
É a própria criatura,
criada à imagem e semelhança de Deus, seja ela ser humano, seja ela ser
puramente espiritual (um anjo), que, quando se recusa a se arrepender de seu
pecado mortal e de se abrir humildemente ao amor, à misericórdia de Deus, e de
aceitar o perdão de Deus, se fixa livre, obstinada e definitivamente no estado
de inferno. Deus não condena ninguém ao estado inferno, é a própria criatura
que se condena.
O inferno não é um blefe. É
uma realidade terrível e possível para toda a criatura, criada à imagem e
semelhança de Deus, que permanecendo livre e obstinadamente em estado de pecado
mortal, recusa o amor, a misericórdia e o perdão de Deus. Assim sendo, Deus
permitiria sim que uma criatura (anjo ou ser humano) se condenasse ao estado de
inferno porque Ele, embora todo-poderoso, respeita a escolha e a liberdade da
criatura que em definitivo recusou, por orgulho, todas as graças enviadas por
Ele necessárias para o arrependimento e a conversão para o bem. O demônio é um
exemplo de criatura, um anjo originalmente bom, que de modo livre e obstinado
rejeitou para todo o sempre o amor de Deus e assim está, por culpa própria, no
estado de inferno do qual nunca sairá, não porque Deus não o permita ou não o
queira, mas porque ele mesmo (demônio) não o quer.
VISÕES
DE SANTOS SOBRE O INFERNO
Diversos
santos tiveram o privilégio de ver ou ir ao inferno para, assim, terem real
noção do pavor e sofrimento das almas neste estado. Eis alguns relatos:
“Primeiramente,
o fogo se alastra por todas as partes e tortura inteiramente o corpo e a alma.
Uma pessoa condenada permanece no inferno para sempre no mesmo lugar que foi
destinado pela justiça divina, sem ser capaz de mover-se, como um prisioneiro
num tronco.
O fogo que o envolve totalmente, como um peixe na água, o queima em volta, à sua esquerda, à sua direita, encima e embaixo. Sua cabeça, seu peito, seus ombros, seus braços, suas mãos e seus pés estão totalmente invadidos pelo fogo, de maneira que ele, por inteiro, se assemelha a um peça de ferro incandescente e cintilante, que acaba de ser retirado do forno. O teto do recinto em que moram as pessoas condenadas é de fogo; a comida que se come é fogo; a bebida que se toma é fogo, o ar que se respira é fogo, tudo quanto se vê e se toca é fogo…
O fogo que o envolve totalmente, como um peixe na água, o queima em volta, à sua esquerda, à sua direita, encima e embaixo. Sua cabeça, seu peito, seus ombros, seus braços, suas mãos e seus pés estão totalmente invadidos pelo fogo, de maneira que ele, por inteiro, se assemelha a um peça de ferro incandescente e cintilante, que acaba de ser retirado do forno. O teto do recinto em que moram as pessoas condenadas é de fogo; a comida que se come é fogo; a bebida que se toma é fogo, o ar que se respira é fogo, tudo quanto se vê e se toca é fogo…
Um
dos fatos mais terríveis é que, pelo poder divino, este fogo vai tão longe como
para atuar sobre as faculdades (aptidões) da alma, queimando-as e
atormentando-as. Suponhamos que eu me achasse colocado no forno de um ferreiro,
de modo que todo o meu corpo estivesse em pleno ar, exceto um braço que está
posto no fogo, e que Deus fosse preservar a minha vida por mil anos nesta
posição. Não seria isto uma tortura insuportável? Como seria então estar
completamente invadido e rodeado de fogo, o qual não atinge apenas um braço,
mas inclusive todas as faculdades (aptidões) da alma?
Em
segundo lugar, este fogo é muito mais espantoso do que o homem pode imaginar. O
fogo natural que vemos durante esta vida tem um grande poder para queimar e
atormentar. Não obstante, este não é nem sequer uma sombra do fogo do inferno.”
(Santo Antônio Maria Claret)
“O
próprio ar deste mundo, esse elemento puro, torna-se fétido e irrespirável
quando fica fechado longo tempo. Considerai, então, qual deva ser o fétido do
ar do inferno. Imaginai um cadáver fétido e pútrido que tenha jazido a
decompor-se e a apodrecer na sepultura, uma matéria gosmenta de corrupção
líquida. Imaginai tal cadáver preso das chamas, devorado pelo fogo do enxofre a
arder e a emitir densos e horrendos fumos de nauseante decomposição repugnante.
E a seguir imaginai esse fedor malsão multiplicado um milhão e mais outro
milhão de milhões sobre milhões de carcaças fétidas comprimidas juntas na treva
fumarenta, uma enorme fogueira de podridão humana. Imaginai tudo isso e tereis
uma certa idéia do horror do cheiro do inferno.
Todos
os sentidos da carne são torturados; e todas as faculdades da alma outro tanto:
os olhos com impenetráveis trevas; o nariz com fétidos nauseantes; os ouvidos
com berros, uivos e execrações; o paladar com matéria sórdida, corrupção
leprosa, sujeiras sufocantes inomináveis; o tato com aguilhões e chuços em
brasa e cruéis línguas de chamas. E através dos vários tormentos dos sentidos a
alma imortal é torturada eternamente, na sua essência mesma, no meio de léguas
e léguas de ardentes fogos acesos nos abismos pela majestade ofendida de Deus Onipotente
e soprados numa perene e sempre crescente fúria pelo sopro da raiva da
Divindade.
Por
último de tudo, considerai o tremendo tormento daquelas almas condenadas, as
que tentaram e as que foram tentadas, agora juntas, e ainda por cima, na
companhia dos demônios. Esses demônios afligirão os danados de duas maneiras:
com a sua presença e com as suas admoestações. Não podemos ter uma idéia de
quão terríveis são esses demônios. Santa Catarina de Siena uma vez viu um
demônio e escreveu que preferia caminhar até o fim de sua vida por um caminho
de carvões em brasa a ter que olhar de novo um único instante para tão
horroroso monstro.
Tais
demônios, que outrora foram formosos anjos, tornaram-se tão repelentes e feios
quanto antes tinham de lindos. Escarnecem e riem das almas perdidas que
arrastaram para a ruína. É com eles que são feitas, no inferno, as vozes da
consciência. Por que pecaste? Por que deste ouvido às tentações dos amigos? Por
que abandonaste tuas práticas piedosas e tuas boas ações? Por que não evitaste
as ocasiões de pecado? Por que não ouviste os conselhos do teu confessor? Por
que, mesmo depois de haveres tombado a primeira, ou a segunda, ou a terceira,
ou a quarta ou a centésima vez, não te arrependeste dos teus maus passos e não
voltaste para Deus, que esperava apenas pelo teu arrependimento para te
absolver dos teus pecados? Agora o tempo para o arrependimento se foi. Tempo
existe, tempo existiu, mas tempo não existirá mais!” (Santo Anselmo)
TORMENTOS
DO INFERNO SEGUNDO SANTA FAUSTINA
“Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às
profundezas do Inferno um lugar de grande castigo, e como é grande a sua
extensão. Tipos de tormentos que vi:
1. Primeiro
tormento que constitui o Inferno é a perda de Deus;
2. O
segundo, o contínuo remorso de consciência;
3. O
terceiro o de que esse destino já não mudará nunca;
4. O
quarto tormento é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um tormento
terrível, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus;
5. O
quinto é a contínua escuridão, o terrível cheiro sufocante e, embora haja
escuridão, os demônios e as almas condenadas vêem-se mutuamente e vêem todo o
mal dos outros e o seu. (esse tormento também é relatado por Santa Teresa de
Ávila)
6. O
sexto é a continua companhia do demônio;
7. O
sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias.
São
tormentos que todos os condenados sofrem juntos, mas não é o fim dos
tormentos. Existem tormentos especiais para as almas, os tormentos dos
sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e
indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde
um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis
tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus.
Que
o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda
a eternidade. Estou escrevendo por ordem de Deus, para que nenhuma alma se
escuse dizendo que não há inferno ou que ninguém esteve ‘lá e não
sabe como é’.
Eu,
Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos para falar às almas e
testemunhar que o Inferno existe. Sobre isso não posso falar agora, tenho ordem
de Deus para deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra
mim, mas, por ordem de Deus, tinham que me obedecer. O que eu escrevi
dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi. Percebi, no entanto, uma
coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente
daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Quando voltei a mim, não
podia me refazer do terror de ver como as almas sofrem terrivelmente ali e, por
isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores; incessantemente,
peço a misericórdia de Deus para eles. ‘Ó, meu Jesus, prefiro agonizar até o
fim do mundo nos maiores suplícios a ter que vos ofender com o menor pecado que
seja’.”
EXORTAÇÕES
DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO
“Considera
que o inferno não tem fim: padecem-se nele todas as penas, e todas são eternas.
De maneira que passarão cem anos daquelas penas, passarão mil, e o inferno
estará como se então principiasse! Passarão cem mil anos, cem milhões, mil
milhões de anos e de séculos, e o inferno continuará a ser o mesmo que no
primeiro dia.
Sim;
porque diria o condenado: "É verdade que hão de decorrer tantos
séculos; chegará, porém, um dia em que hão de acabar".
Mas
ai! passarão todos esses séculos e o inferno estará em seu princípio; multiplicar-se-ão
tantas vezes quantas são as gotas de água, os grãos de areia e as folhas das
árvores, e o inferno não terá diminuído absolutamente nada. Qualquer
condenado contentar-se-ia com que Deus lhe aumentasse suas penas e as prolongasse
quanto Lhe aprouvesse, contanto que afinal tivessem um termo: mas este termo
não o terão jamais. Se pudesse ao menos o pobre condenado enganar-se a si
mesmo, iludir-se e dizer:"Quem sabe? Talvez Deus um dia tenha piedade
de mim, e me tire do inferno!" Mas não: o réprobo terá sempre
diante de seus olhos gravada a sentença da sua condenação eterna e não poderá
deixar de dizer: "Todas estas penas que sofro agora, este fogo,
estas tribulações, estes clamores não acabarão jamais? Não. E quanto tempo
durarão? Durarão sempre. Sempre!" Ó sempre! Ó jamais! Ó
eternidade! Ó inferno! Como os homens crêem em ti e pecam? E continuam sempre
vivendo no pecado?
Meu
irmão, acautela-te; pensa que também para ti há inferno, se pecares. Já está
acesa a teus pés aquela formidável fogueira, e agora mesmo, ai! quantas almas
estão caindo nela! Reflete que, se tu também lá caíres, não poderás
jamais sair. Se alguma vez mereceste o inferno, dá graças a Deus
por não te haver precipitado nele, e prontamente remedeia o mal que
fizeste, enquanto te é possível.
Chora
os teus pecados, põe em execução os meios apropriados á tua salvação,
confessa-te freqüentemente, lê este ou outro livro espiritual todos os dias,
como todos os dias em honra de Maria, por quem deves ter particular devoção,
recitarás o Rosário, e jejuarás todos os sábados; resiste ás tentações
invocando repetidas vezes os doces nomes de Jesus e Maria, foge das ocasiões de
pecar, e se além disto Deus te dá vocação para abandonares o mundo, faze-o
prontamente. Tudo quanto se faça para evitar uma
eternidade de penas é pouco, é nada. Nunca serão exageradas as nossas
precauções para nos assegurarmos uma eternidade feliz.”
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