quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sorte grande é ser católico


A nossa Igreja não é simbólica, mas é repleta de símbolos. Materializamos um desejo, uma intenção ou uma posição hierárquica com o intuito de externar seu significado. Imagens, velas, incenso, cores litúrgicas, e até mesmo alguns gestos fazem parte do grande arsenal simbólico da Igreja Católica. Estes símbolos, por si só, não têm poder algum para mudar uma realidade, pois apenas representam uma posição, desejo ou intenção.
O fato de alguém acender um incenso no quarto não significa que, definitivamente, suas orações chegarão com maior agrado aos céus. A ausência da estola no momento em que um sacerdote atende a uma confissão não diminui em nada o efeito da absolvição. Ou se a assembleia não se ajoelha no momento da consagração do pão e do vinho, a transubstanciação ocorre da mesma forma como se todos estivessem com os joelhos ao chão. O importante não é o símbolo, mas o que ele representa.
Mas tem muita gente que não acredita nisso – que o diga a imagem de Santo Antônio “casamenteiro”. Muitas pessoas depositam suas esperanças em símbolos, crendo que uma atitude, um gesto ou algumas palavras ditas no momento “certo” podem mover o sobrenatural ou “controlar a vontade dos deuses” – como diziam os antigos. E isso tem nome: MAGIA.
Não queremos discutir sobre a veracidade de seu poder, mas sim em sua crença.
A Palavra nos diz que nenhuma folha cai de uma árvore se não for da vontade de Deus. Só Ele tem o poder de mudar as realidades. Por isso quando buscamos nas simpatias soluções para nossas desilusões ou depositamos nelas a responsabilidade de guiar a nossa vida, pecamos contra Deus. Porque duvidamos de sua Palavra e de sua onipotência.
A despedida de um ano que se passou e a chegada de um novo constroem uma atmosfera muito propícia para analisarmos a nossa vida. O que conseguimos conquistar durante esse ano e também o que nos decepcionou ou nos desanimou. Quais metas foram cumpridas e as que nem chegamos a tentar. Quantas pessoas entraram e saíram de nossas vidas.
A virada de ano também cria um clima de sonhos, de planos para os próximos meses. As festividades do ano novo simbolizam mais um recomeço, virar novamente a página, largar o que ficou velho e mergulhar no que está chegando. Mas entendam que comer lentilha não vai fazer você ganhar mais dinheiro que no ano passado. O máximo que vai conseguir pulando sete ondas é tomar um caixote e começar o ano bebendo água de mar. Flores pra Iemanjá só servem pra sujar a praia. E se usar branco na hora da contagem regressiva trouxesse realmente paz, não estaríamos precisando construir novas penitenciárias para atender a demanda. Chega de depositar nossas esperanças em coisas vazias!
Quer usar branco? Maravilha. Mas que isso não passe de uma materialização do seu desejo de paz.
Quer uma sugestão que realmente funcione? Vá à Santa Missa no primeiro dia do ano. Se não der pra ir à Missa visite Jesus na capela, e ali diante dEle consagre teu ano. Entregue-se, sonhe, peça, agradeça. Ele pode fazer o teu ano ser muito melhor.
Mas não deixe também de fazer a sua parte. Construa um ano melhor. Se dedique um pouco mais às pessoas que você ama e não se esqueça daqueles que você ainda não conhece. Vá ao encontro deles. Seja o Cristo na vida do teu próximo. Ajudar faz bem e não tira pedaço. Acredite nos seus sonhos. Aposte nas suas habilidades. Arrisque mais. Coisas ruins vão acontecer, mas trabalhe assiduamente para que, ao final deste ano que chega, as boas lembranças não deixem espaço para as decepções. Tire da vida o que ela tem de melhor. Viva com abundância.
Desejamos a você um ótimo ano novo. E não se esqueça: busque a santidade e seja feliz. Aliás, perdoe-nos a redundância. Buscar a santidade já é ser feliz!

2 comentários:

  1. Ir à missa no primeiro dia do ano é uma excelente sugestão. Mesmo porque é dia santo de guarda (e este ano, coincidentemente, uma primeira sexta, dia no qual, em não poucos lugares, dedicam-se as celebrações ao Sagrado Coração de Jesus).

    A distinção entre as superstições evocadas no fim de ano e nossas práticas reside na indissociável ligação entre os propósitos de nosso espírito e os gestos corporais que emanam do corpo sob tutela da razão. Os gestos católicos refletem a disposição de espírito que deve ser coerente aquilo que se celebra: "Lex orandi, lex credendi" (a lei da oração é a lei da fé). "A Igreja traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração" (cf. CIC 1124).

    Dessa maneira, não obstante, de fato, a possibilidade de as disposições exteriores de um fiel, isoladamente, não consistirem em um obstáculo aos atos litúrgicos próprios de nosso rito - uma vez que à fé da Igreja paira muito acima da fé individual, porquanto é confirmada por Cristo sob auxílio perpétuo do Espírito Santo - somos convidados a aderir a ela, fazendo com que nossos gestos transpassem sua unidade; fazendo-nos com os outros "um só corpo e um só espírito".

    Não se deve entender, portanto, que há liberdade para que cada um arbitre a si a própria liturgia, sob a pretensa justificativa de que os atos litúrgicos não são prejudicados pelas disposições individuais das pessoas. Na realidade, a liberdade consiste em aceitar aquilo que a legítima autoridade eclesiástica ordenou em matéria litúrgica, consentindo na própria profissão de fé que dispõe ser "una", "santa", "católica" e "apostólica".

    Pax,
    Pro Catholica Societate

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