quarta-feira, 29 de agosto de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (29/08/2012) - Tema: TÍTULOS ECLESIÁSTICOS



ENTENDENDO O CLERO CATÓLICO...

A Igreja católica é composta por clérigos, religiosos e leigos.
O clero católico constitui-se dos ministros ordenados: diáconos, padres e bispos:

DIÁCONO - O diácono possui o primeiro grau da Sacramento da Ordem, sendo ordenado não para o sacerdócio, mas para o serviço da caridade e da proclamação da Palavra de Deus e da liturgia.
É um ministro religioso que está no último dos sete anos de estudos – em média – que levam à carreira clerical, estes chamados de diáconos transitórios.
Mas há também os diáconos em grau permanente, que podem ser homens solteiros, casados ou viúvos. Entretanto a admissão de um homem casado ao diaconato necessita de um consentimento por escrito da esposa sendo necessário que a família leve uma vida condizente com os valores cristãos e que o matrimônio tenha ocorrido há no mínimo 5 anos. A ordenação no diaconato paralisa o estado dos solteiros e viúvos, de modo que estes após o sacramento não podem mais se casar, devendo permanecer celibatários.
Os poderes de um diácono são: ministrar os sacramentos do batismo e do matrimônio, dar bençãos diversas, dar a benção do santíssimo sacramento, fazer a celebração da palavra, distribuir a sagrada comunhão e fazer pregações

PADRE - Um padre (do latim páter ou pátris, que significa “pai” ou “chefe da família”) refere-se a um presbítero, clérigo católico do sexo masculino que recebeu o sacramento da Ordem. Hierarquicamente, está acima dos diáconos e abaixo dos bispos.
Pode, também, executar, entre outros atos de fé, a consagração do pão e do vinho na Liturgia Católica, conhecido por missa no ocidente. Possui essa investidura, concedida por Jesus Cristo, através da Igreja Católica.

BISPO - Os bispos são os sucessores dos apóstolos, recebendo com a ordenação episcopal a missão de santificar, ensinar e governar, a eles confiada no âmbito de uma circunscrição definida (diocese, arquidiocese ou prelazia).
São Pedro, segundo a história da Igreja, foi o primeiro bispo do Cristianismo católico em Roma.
O episcopado é o último e supremo grau do sacramento da Ordem. O bispo é também a autoridade máxima da Igreja particular local em jurisdição e magistério.
Aos bispos compete ministrar o sacramento da ordem de modo exclusivo e também, na Igreja Latina, o sacramento da crisma. Ordenar presbíteros e diáconos, bem como conferir ministérios são funções exclusivas do bispo.

O clero católico se distingue também em duas categorias: Clero Regular e Clero Secular.

CLERO REGULAR -  atualmente denominado mais comumente de Clero religioso, é constituído por todos os clérigos consagrados da Igreja Católica, que seguem uma regra de uma determinada ordem religiosa, que tem a sua própria hierarquia e títulos específicos. O termo regular provém do fato de que cada ordem religiosa estabelecia suas próprias regras de vida (do latim, regula). O hábito de viver em mosteiros - chamado monasticismo - foi introduzido no Ocidente no século VI, quando São Bento fundou o mosteiro do Monte Cassino, na península Itálica, dando origem à ordem dos beneditinos. A regra criada por São Bento para disciplinar a vida de seus monges, aprovada pelo Papa, serviu de modelo para outras ordens surgidas posteriormente, como as ordens mendicantes (não são monásticas) dos franciscanos e dos dominicanos.
O modelo dos mosteiros masculinos, dirigidos por um abade, foi logo instituído para as mulheres. Os mosteiros ou monastérios desempenharam um importante papel na Europa medieval, dedicando-se em tempo integral às práticas religiosas e às atividades de sobrevivência dos mosteiros e das abadias (cultivando terras), cristianizando povos e organizando e mantendo escolas e bibliotecas.

CLERO SECULAR - (do latim: "sæculum", que significa mundo), também referido mais comumente na atualidade como Clero diocesano é a designação dada à parcela do clero da Igreja Católica Romana que desempenha atividades voltadas para o público em geral e que vive junto dos leigos, exercendo as mais variadas formas de apostolado e assegurando a administração da Igreja.

TÍTULOS E FUNÇÕES PRÓPRIAS DA VIDA RELIGIOSA

MONGE - Os monges católicos, que podem ser clérigos ou leigos, seguem uma regra de uma determinada ordem religiosa monástica e residem em mosteiros, enquanto que os frades e freiras residem em conventos. Os monges seguem uma vida de desapego aos bens materiais e de contemplação e serviço a Deus.

ABADE - é a função e o título do monge superior de uma abadia. Tem a dignidade de Bispo, mas não é ordenado Bispo.
A palavra abade, que provém do substantivo latino abbas, abbatis, através da sua forma acusativa abbatem– a qual, por sua vez, deriva do siríaco abbâ (através do étimo hebraico abba) –, significa pai e se refire à vida monástica e a quem governa uma abadia. Em língua portuguesa, o feminino é abadessa.
O título teve a sua origem nos mosteiros da Síria, no século IV, tendo-se espalhado pelo Mediterrâneo oriental, sendo adotado, na generalidade das línguas europeias, para designar o governante de um dado mosteiro.
São Bento de Núrsia considerava que o abade era o representante de Cristo, o apoio das necessidades dos monges, além de ter autoridade jurídica e administrativa no mosteiro.

PRIOR - é a função e o título do monge superior de um mosteiro que ainda não é abadia.

FRADE - Frade é a designação dada a um católico consagrado que pertence a uma ordem religiosa mendicante e que vive normalmente num convento. Ele tanto pode ser um clérigo como um leigo.
O termo frade é proveniente da palavra latina frater, irmão, pelo qual se dirigiam uns aos outros. O título dado aos frades é frei, que deve ser usado somente anteposto ao prenome do frade e nunca como um substantivo independente (o correto é “o frade foi ordenado” e não “o frei foi ordenado”).
As primeiras ordens cristãs compunham-se de homens ou mulheres que se retiravam do mundo para melhor poderem adorar a Deus nos grandes mosteiros que se espalharam por toda a Europa na Idade Média. No entanto, o crescimento das cidades e das pobres comunidades de pessoas que nelas viviam, sem contacto com o catolicismo, trouxeram a necessidade de um novo tipo de ordem religiosa. Este novo tipo não deveria estar tão enclausurado como o estilo de vida monástica dos monges e deveria estar mais inserido junto aos novos grandes centros urbanos.
Por estas razões, no século XIII, surgem os Franciscanos (os Menoritas ou Irmãos Menores), criados por São Francisco de Assis, em 1210. Seis anos mais tarde São Domingos fundou a Ordem dos Pregadores. Os membros destas duas ordens realizavam, para além dos tradicionais votos de castidade e obediência, o voto de pobreza, pelo que renunciavam à posse de quaisquer bens. Daí serem conhecidos por mendicantes, pois que apenas conseguiam subsistir por intermédio de esmolas e dávidas dos fiéis.

TÍTULOS E FUNÇÕES PRÓPRIAS DO CLERO SECULAR

PÁROCO - É o sacerdote responsável por uma paróquia, menor unidade eclesiástica da Igreja, revestida de personalidade jurídica canônica. Também chamado de cura.

VIGÁRIO - O vigário coadjutor ou vigário geral é um sacerdote designado pelo Bispo para ajudá-lo na administração da Diocese. O vigário judicial é seu responsável pelos processos, de acordo com a organização do Tribunal Eclesiástico. O vigário paroquial é o que ajuda o pároco em uma paróquia. Em alguns lugares, chamam o próprio pároco de vigário.

REITOR- É o padre responsável por uma igreja que não é sede de paróquia. Também uma função.

ADMINISTRADOR PAROQUIAL- designa o padre (seja pároco de outra paróquia, seja um reitor, ou um sacerdote que não tem igreja alguma sob sua responsabilidade) que, temporariamente, administra uma paróquia, quando está vacante.

CHANCELER - É o notário da Cúria Diocesana, responsável pelos atos e ofícios de uma Diocese.

Cabido da Diocese de Frederico Westphalen
CÔNEGO - é o membro do Cabido, que é uma espécie de senado do Bispo e que se reúne na Catedral. Nem todas as Dioceses têm Cabido, mas ainda assim, o Bispo pode recompensar um sacerdote com esse título dignatário, honorífico. Também se chamam "cônegos" os sacerdotes das Ordens de clérigos regulares (um dos tipos de instituto de vida religiosa); assim: cônegos premonstratentes, por exemplo. Porque é um título, chama-se o padre que é cônego por ele: "Cônego Fulano".

MONSENHOR - é um título eclesiástico de honra conferido aos sacerdotes da Igreja Católica pelo Papa. Apesar de somente o Papa conferir o título de Monsenhor, ele o faz a pedido do bispo diocesano por meio da Nunciatura Apostólica. O número máximo de monsenhores de uma diocese não pode, normalmente, ultrapassar 10% do total de sacerdotes. O Monsenhor não tem uma autoridade canônica maior que a de qualquer padre, uma vez que a nomeação não implica num sacramento da ordem. Assim o monsenhor só se distingue de um padre comum pelo título. Os padres que serão sagrados bispos recebem automaticamente o título de monsenhor.

DOM - é o título, no Brasil, do Bispo e dos monges beneditinos, cistercienses e trapistas que sejam sacerdotes. Na Itália, é o título dos sacerdotes diocesanos. Exemplo: Dom Bosco.

PRIMAZ - é o Bispo da Diocese mais antiga de um país. No Brasil, o Primaz é o Arcebispo de Salvador. 

BISPO AUXILIAR - O Bispo Auxiliar, é um Bispo-titular da Igreja Católica, que tem a função de auxiliar o bispo diocesano.

BISPO EMÉRITO - é o bispo que renuncia ao governo de uma diocese, em geral, ao completar 75 anos de idade.

ARCEBISPO - É um bispo católico que, normalmente, está à frente de uma arquidiocese. Foi uma criação administrativa da Cúria Romana para atender aos anseios das populações e dioceses mais afastadas de Roma. Pode ser:
- Arcebispo metropolita: é o Arcebispo da arquidiocese sede de uma província eclesiástica, a qual é formada por várias dioceses. Tem todos os poderes do bispo em sua própria arquidiocese e poderes de supervisão e jurisdição limitada sobre as demais dioceses. O pálio, conferido pelo Papa, é o símbolo da sua qualidade de metropolita.

NÚNCIO APOSTÓLICO - é um representante diplomático permanente da Santa Sé. Representa a Santa Sé perante os Estados e perante a Igreja local. Costuma ter a dignidade eclesiástica de arcebispo. Normalmente reside na nunciatura apostólica, que goza dos mesmos privilégios e imunidades que uma embaixada.
No Brasil, o atual núncio é Dom Giovanni d'Aniello.

CARDEAL - Um cardeal é um alto dignitário da Igreja Católica, que assiste o Papa em diversas competências. Os cardeais, agrupados no Colégio dos Cardeais, são também chamados de purpurados, pela cor vermelho-carmesim da sua indumentária. Eles são considerados, na diplomacia, como “príncipes da Igreja”. A etimologia do termo cardeal encontra-se no latim cardo/cardinis, em português gonzo ou eixo, algo que gira, neste caso em torno do Papa.
Os cardeais são nomeados pelo Papa em ocasiões específicas na presença dos restantes membros do Colégio Cardinalício (consistório). O título, segundo o Código de Direito Canónico, distingue homens notáveis pela sua doutrina, piedade e prudência na condução dos assuntos.
Os cardeais reunidos em consistório assistem o Papa nas suas decisões. Os consistórios podem ser:
§   ordinários: reúnem os cardeais presentes em Roma.
§   extraordinários: reúnem todos os cardeais.
Os cardeais podem ter responsabilidades na Cúria Romana, a administração da Igreja. Os cardeais da Cúria devem residir em Roma. Os cardeais com menos de oitenta anos são os eleitores para Papa.


CAMERLENGO - O Camerlengo da Igreja Católica é o administrador da propriedade e receita da Santa Sé; suas responsabilidades incluem a administração fiscal do Patrimônio de São Pedro.
A maior responsabilidade do Cardeal Camerlengo é a determinação formal da morte do Papa; o procedimento tradicional, já em desuso, para essa situação se dava batendo gentilmente um martelo de prata na cabeça do Papa e chamando o seu nome. Hoje o processo do martelo não é mais usado, e após o Papa ser declarado morto, o Camerlengo remove o Anel do Pescador do seu dedo e o corta com uma grande tesoura na presença dos demais Cardeais, e também destrói a face do selo do Papa com o Martelo de Prata. Esse ato simboliza o fim da autoridade do último Papa. o Camerlengo notifica então os oficias apropriados da Cúria Romana e o Decano do Colégio dos Cardeais. Depois, ele começa os preparativos para o conclave e o funeral do Papa.

PAPA - O Papa é o Bispo de Roma, e como tal, é o líder mundial da Igreja Católica (isto é, do Rito Latino e das Igrejas Orientais Católicas em plena comunhão com Roma). O atual pontífice é o Papa Bento XVI, que foi eleito no conclave em 19 de abril de 2005.
O Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais, e seu posto é vitalício. O papa também é o Chefe de Estado da Cidade do Vaticano, uma cidade-estado soberana enclavada por Roma.

TÍTULOS GERALMENTE ASSOCIADOS ÀS IGREJAS ORIENTAIS

ARCEDIAGO-  etimologicamente, é um "arquidiácono". Trata-se de um título, desta vez, e não de uma função. É dado a certos sacerdotes, principalmente, nas Igrejas de ritos orientais. Na Igreja Latina, não é muito comum.

ARCIPRESTE- etimologicamente, é um "arqui-sacerdote". Outro título dado a certos sacerdotes, notadamente no Oriente. No Ocidente, é o título de alguns párocos que, eventualmente, sejam Bispos (como o pároco da Basílica de São Paulo Extra-muros, em Roma, que é sempre um Bispo e monge beneditino).

PATRIARCA - são normalmente títulos possuídos por alguns líderes das Igrejas Católicas Orientais sui juris, que, com os seus Sínodos, constituem a instância suprema para todos os assuntos dos Patriarcados Orientais, não excluído o direito de constituir novas eparquias e de nomear Bispos do seu rito dentro dos limites do território patriarcal, salvo o direito inalienável do Papa de intervir em cada caso. Estes patriarcas são eleitos pelos seus respectivos sínodos e depois reconhecidos pelo Papa. Ao todo, existe na Igreja Católica seis Patriarcas Orientais: Patriarca Católico Copta de Alexandria Patriarca Católico Sírio de Antioquia Patriarca Greco-Melquita de Antioquia, Jerusalém, Alexandria, e de todo o Oriente Patriarca Católico Maronita de Antioquia Patriarca Caldeu da Babilônia Patriarca Católico Armênio da Cilícia Na Igreja Latina, alguns grandes e importantes prelados recebem também o título de Patriarca, apesar de o título ser apenas honorífico e não lhes conferirem poderes adicionais. Logo, eles não têm o mesmo poder do que os Patriarcas Orientais. Entre os Patriarcas latinos contam-se o Patriarca Latino de Jerusalém, o Patriarca das Índias Orientais, o Patriarca de Lisboa e o Patriarca de Veneza. Os Patriarcas, quer sejam do rito latino ou do rito oriental gozam de precedência, ainda que apenas a título honorífico, relativamente a todos os Arcebispos (incluindo os Primazes).


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Quais são os cinco mandamentos da Igreja?


Uma coisa que muitos católicos não sabem – e por isso não cumprem – é que existem os "Cinco Mandamentos da Igreja", além dos Dez Mandamentos conhecidos. Eles não foram revogados pela Igreja com o novo Catecismo de João Paulo II (1992). É preciso entender que mandamento é algo obrigatório para todos os católicos, diferente de recomendações, conselhos, entre outros.
Cristo deu poderes à Sua Igreja a fim de estabelecer normas para a salvação da humanidade. Ele disse aos Apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (Lc 10,16). E prossegue: “Em verdade, tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra, será também desligado no céu.” (Mt 18,18)
Então, a Igreja legisla com o "poder de Cristo", e quem não a obedece, não obedece a Cristo, e conseqüentemente a Deus Pai.
De modo que para a salvação do povo de Deus, a Igreja estabeleceu cinco obrigações que todo católico tem de cumprir, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC). Este ensina: "Os mandamentos da Igreja situam-se nesta linha de uma vida moral ligada à vida litúrgica e que dela se alimenta. O caráter obrigatório dessas leis positivas promulgadas pelas autoridades pastorais tem como fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo." (§2041)
Note que o Catecismo diz que isso é o "mínimo indispensável" para o crescimento na vida espiritual dos fiéis. Podemos e devemos fazer muito mais, pois isso é apenas o mínimo obrigado pela Igreja. Ela sabe que, como Mãe, tem filhos de todos os tipos e condições, portanto, fixa, sabiamente, apenas o mínimo necessário, deixando que cada um, conforme a sua realidade, faça mais. E devemos fazer mais.

1º – Primeiro mandamento da Igreja: "Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho".
Ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor, e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos, em primeiro lugar participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias (Código de Direito Canônico-CDC , cân. 1246-1248) (§2042).
Os Dias Santos – com obrigação de participar da missa, são esses, conforme o Catecismo: “Devem ser guardados [além dos domingos] o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania (domingo no Brasil), da Ascensão (domingo) e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), de Santa Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro), de sua Imaculada Conceição (8 de dezembro) e Assunção (domingo), de São José (19 de março), dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo (domingo), e por fim, de Todos os Santos (domingo)” (CDC, cân. 1246,1; n. 2043 após nota 252) (§2177).

2º - Segundo mandamento: "Confessar-se ao menos uma vez por ano".
Assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do Sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo (CDC, cân. 989). É claro que é pouco se confessar uma vez ao ano, seria bom que cada um se confessasse ao menos uma vez por mês, pois fica mais fácil de se recordar dos pecados e de ter a graça para vencê-los.

3º - Terceiro mandamento: "Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição" (O período pascal vai da Páscoa até festa da Ascenção) e garante um mínimo na recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia cristã (CDC, cân. 920).
Também é muito pouco comungar ao menos uma vez ao ano. A Igreja recomenda (não obriga) a comunhão diária.

4º - Quarto mandamento: "Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja" (No Brasil isso deve ser feito na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa). Este jejum consiste em um leve café da manhã, um almoço leve e um lanche também leve à tarde, sem mais nada no meio do dia, nem o cafezinho. Quem desejar, pode fazer um jejum mais rigoroso; o obrigatório é o mínimo. Os que já tem mais de sessenta anos estão dispensados da obrigatoriedade, mas podem fazê-lo se desejarem.
Diz o Catecismo que o jejum "Determina os tempos de ascese e penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração (CDC, cân. 882)".

5º - Quinto mandamento: "Ajudar a Igreja em suas necessidades"
Recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (CDC, cân. 222). Não é obrigatório que o dízimo seja de 10% do salário, nem o Catecismo nem o Código de Direito Canônico obrigam esta porcentagem, mas é bom e bonito se assim o for. O importante é, como disse São Paulo, dar com alegria, pois “Deus ama aquele que dá com alegria” (cf. 2Cor 9, 7). Esta ajuda às necessidades da Igreja pode ser dada uma parte na paróquia e em outras obras da Igreja.
Nota: Conforme preceitua o Código de Direito Canônico, as Conferências Episcopais de cada país podem estabelecer outros preceitos eclesiásticos para o seu território (CDC, cân. 455) (§2043).
Demos graças a Deus pela Santa Mãe Igreja que nos guia. O Papa Paulo VI disse que "quem não ama a Igreja não ama Jesus Cristo".

(Prof. Felipe Aquino)


domingo, 26 de agosto de 2012

Evangelho Dominical - 21° Domingo do Tempo Comum (Ano B)


Evangelho: João 6,60-69

"Nenhum cristão jamais poderá dizer que foi enganado pelo Senhor! Deus nunca se mascarou para nós, nunca nos falou palavras agradáveis para nos seduzir, nunca agiu como os nossos políticos; Deus não usa botox! Ele é um Deus verdadeiro, leal, honesto! Não esconde suas exigências, não omite suas condições para quem deseja segui-lo e servi-lo…
Escutamos na primeira leitura de hoje Josué mandando o povo escolher: seguir os ídolos, que são de fácil manejo, que não exigem nada ou, ao invés, seguir o Senhor, que é exigente, que é Santo e corrige os que nele esperam? O próprio Josué dirá: “Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não tolerará as vossas transgressões, nem os vossos pecados!” (Js 24,19) Vede, meus caros, que o nosso Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta do número de fiéis, não abranda suas exigências para ser aceito, mas sim, faz conta da fidelidade ao seu amor e ao seu chamado!
O que aparece na primeira leitura torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho. Após dizer claramente que sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos discípulos se escandalizaram com Jesus (os protestantes ainda hoje se escandalizam e não crêem na palavra do Salvador…). E Jesus, o que faz? Muda sua palavra? Volta atrás no ensinamento para ser popular, para ser compreendido e aceito, para encher as igrejas? Não! Popularidade, aceitação, bom-mocismo nunca foram seus critérios! Ainda que sua palavra escandalize, ele nunca volta atrás. O Senhor nunca se converte a nós; nós é que devemos nos converter a ele! Pode-se manipular os ídolos; nunca o Deus verdadeiro!
É importante prestar atenção! Diante dos discípulos escandalizados e murmuradores, que faz Jesus? Apresenta o critério decisivo: a cruz. Escutai, irmãos, o que diz o Senhor: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?” Lembremo-nos que, para o Evangelho de São João, a subida de Jesus para o Pai começa na cruz: ali ele será levantado! Vede bem, meus irmãos, que não poderá seguir o Senhor, não poderá suportar as palavras do Senhor, aquele que não estiver disposta a contemplá-lo na cruz! E Jesus previne: “O Espírito é que dá vida; a carne não adianta nada! As palavras que vos falei são Espírito e vida!” Compreendei, caríssimos meus: somente se nos deixarmos educar pelo Santo Espírito, somente se deixarmos os pensamentos e a lógica à medida da carne, isto é, à medida da mera razão humana, é que poderemos compreender as coisas de Deus, coisas que passam pela cruz de Cristo! Quando se trata do escândalo do Evangelho, “a carne não adianta nada”! Não nos iludamos: entregues à nossa própria razão, pensaremos como o mundo e jamais acolheremos Jesus e suas exigências! E, no entanto, o Senhor continua: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido por meu Pai!” Vede bem, meus caros: acolher Jesus, compreender suas palavras e acolhê-las, por quanto sejam difíceis e duras, é graça de Deus e somente abertos para a graça poderemos realizá-lo! Como acolher a linguagem da cruz, sem mudar de vida? Como acolher as exigências do Senhor, sem a conversão do coração, sem nos deixarmos guiar pela imprevisível liberdade do Santo Espírito? Quando isso acontece, experimentamos como o Senhor é bom, o quanto é suave, o quando é doce segui-lo!
Um belíssimo exemplo disso, a Palavra de Deus nos dá hoje recordando a vida da família cristã. São Paulo pensa o lar cristão como uma pequena comunidade de discípulos de Cristo, uma pequena Igreja e dá conselhos estupendos! O sentimento que deve nortear o comportamento familiar é o amor. Que amor? O das músicas e das novelas? Não! Aquele amor manifestado na cruz, aquele entre Cristo e a Igreja! Que beleza, que desafio, que sonho: marido e mulher se amando como Cristo e a Igreja se amam, marido e mulher sendo felizes na felicidade um do outro: “Sede solícitos uns para com os outros!”
Para o cristianismo, meus caros, a família cristã não é primeiramente uma instituição humana, mas uma instituição divina, um sacramento da Igreja. Mais ainda: a família é a primeira Igreja, a primeira comunidade de irmãos em Cristo. Ali, é Jesus quem deve reinar, ali é o santo e doce temor de Deus quem deve regular a convivência. Que desgraça hoje em dia a paganização, a secularização, a banalização da família cristã. Atentos, cristãos: a família é santa, a família é sagrada, a família não pode ser profanada pelo desamor, pela indiferença, pela imoralidade, pela violência, pelo consumismo, pela opressão, pela divisão, pela vulgarização! Que beleza, meus caros, um homem e uma mulher unidos no amor com a bênção do Senhor gerando filhos, gerando amor feito carne, feito gente, para o mundo, para a Igreja, para a vida! Este é o sonho do Senhor para a família! Este e só este! Aos olhos de Deus, não há outra forma legítima e aceitável de união familiar! Um homem, uma mulher; um esposo, uma esposa e os filhos – eis o sonho, eis a bênção, eis a felicidade quando se vive isso de acordo com o amor de Deus em Cristo! Que bênção a convivência familiar! Que doçura poder partilhar as alegrias e tristezas, as lutas e dificuldades num lar cristão, onde juntos se rezam, juntos partilham, juntos vencem-se as dificuldades! São Paulo, encantado com essa realidade, exclama: “É grande este mistério!” Que mistério? O mistério do amor entre marido e mulher, da sua união que gera vida, que é doçura e complementaridade. E o Apóstolo continua: “E eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja!” Atenção! São Paulo está dizendo que a comunhão familiar é imagem da comunhão entre Cristo e a Igreja!
É fácil, caríssimos, viver a família assim? Não! Como não é fácil levar a sério a Palavra do Senhor! E Jesus, mais uma vez, nos pergunta: “Isto vos escandaliza?” Escandaliza-vos o matrimônio ser indissolúvel? Escandaliza-vos a fidelidade conjugal? Assusta-vos o dever de gerar filhos com generosidade e educá-los com amor e firmeza? “Quereis também ir embora?”
Caríssimos, que nossa resposta seja a de Pedro, dada em nome dos Doze e de todos os discípulos: “A quem iremos, Senhor? Caminhar contigo não é fácil; acolher tuas exigências nos custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado… Mas, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus!”. Que as palavras de Pedro sejam as nossas e, como Josué, possamos dizer: “Eu e minha família serviremos o Senhor!” Amém.
Escolher a Deus – um Deus difícil! Os ídolos são fáceis e muitos!
O Senhor é exigente; e não volta atrás na sua palavra, mesmo quando essa escandaliza. O critério é a cruz (o Filho do homem subindo e julgando). Somente pode compreendê-lo no Espírito, a carne não serve aqui! – Ser cristão não é questão de propaganda ou munganga: é graça; é o Pai quem atrai!
Muitos já não andavam mais com ele… Quereis ir embora?
Senhor, só tu tens palavras de vida eterna: és o Santo de Deus!
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Uma família que serve o Senhor: a lei que regula é o amor, o mesmo que se contempla na entrega de Cristo, selando a aliança com a Igreja."

(D. Henrique Soares)


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Jesus, te entregarei o amor do meu coração


“Tu, que por mim fizeste tão grandes e belas coisas, que me obrigaste a ficar ao Teu serviço para sempre, que Te darei eu por tão grandes benefícios? Que louvores, que ações de graças poderia oferecer-Te, ainda que me gastasse mil vezes? O que sou eu, pobre criatura, em comparação Contigo, que és a minha abundante redenção? Assim, pois, oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração. Sim, transporta a minha vida em Ti, leva-me toda inteira em Ti e, encerrando-me em Ti, faz com que eu seja uma única coisa Contigo.
Ó amor, o teu ardor divino abriu-me o doce coração do meu Jesus. Ó coração fonte de doçura, coração transbordante de bondade, coração superabundante de caridade, coração de onde corre, gota a gota, a benevolência, coração cheio de misericórdia, coração tão amado, peço-te que absorvas todo o meu coração em ti. Pérola preciosíssima do meu coração, convida-me para o Teu festim que dá vida; serve-me os vinhos da consolação, a fim de que as ruínas do meu espírito se encham da Tua caridade divina, e de que a abundância do Teu amor supra a pobreza e a miséria da minha alma.
Ó coração amado acima de todas as coisas, tem piedade de mim. Suplico-Te que a doçura da Tua caridade dê coragem ao meu coração. Que, pela Tua bondade, as entranhas da Tua misericórdia se comovam a meu favor; porque os meus deméritos são numerosos, e nulos são os meus méritos. Meu Jesus, que o mérito da Tua morte preciosa, que foi o único que teve o poder de compensar a dívida universal, me redima de todo o mal que eu fiz; que ele me atraia a Ti, de maneira tão poderosa que, totalmente transformada pela força do Teu amor divino, eu encontre graça a Teus olhos. E concede-me, querido Jesus, que Te ame, só a Ti em todas as coisas, que a Ti me ligue com fervor, que espere em Ti e não coloque limites à minha esperança.”

(Santa Gertrudes de Helfta)


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

As rosas da terra aplaudam esta Rosa!

Hoje celebramos Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina.
Isabel Flores y de Oliva nasceu no dia 20 de Abril de 1586, na cidade de Lima (capital do Peru), no seio duma família numerosa e rica de origem espanhola. Contudo os negócios declinaram e ficaram na miséria.
Isabel foi o nome colocado no batismo. Mais tarde foi mudado para Rosa, com a aprovação do Arcebispo local, ao saber que uma criança índia tinha visto o seu rosto como uma rosa: de fato, possuía feições rosadas e era muito bela mas desde cedo, tentou disfarçar a sua beleza: esfregava os olhos com pimentas e maltratava o rosto à força de vigílias e jejuns.
Curiosamente fazia penitências logo na sua infância que eram dissimuladas pelo seu caráter alegre e simpático. Era dotada para as artes: cantava, tocava harpa e viola, fazia versos e desenhava tanto no papel como no pano.
Rosa teve também desde logo uma grande inclinação para a oração e meditação, procurando exercitar as virtudes da paciência, da penitência e da alegria.
Já adolescente, enquanto rezava diante da imagem da Virgem Maria, decidiu entregar sua vida somente a Cristo. Os pais queriam casá-la e tinha vários pretendentes mas ela recusou, defendendo-se com o voto de virgindade que tinha feito muito cedo.
Ingressou na Ordem Terceira de S. Domingos, inspirada pela vida Santa Catarina de Sena. Dedicou-se, então, ao jejum, às severas penitências e à oração contemplativa, aumentando seus dons de profecia e prodígios. Os pais indignaram-se com as atitudes que Isabel adotara e começaram a maltratá-la ocupando-a dos trabalhos mais duros da casa o que ela fazia sem se queixar e sem abandonar os seus exercícios de piedade.
Aos vinte anos, pediu e obteve licença para emitir os votos religiosos em casa e não no convento, como terciária dominicana.
Quando vestiu o hábito e se consagrou, mudou então o nome para Rosa e acrescentou Santa Maria, por causa de sua grande devoção à Virgem Maria, passando a ser chamada Rosa de Santa Maria.
Construiu uma pequena cela no fundo do quintal da casa de seus pais, levando uma vida de austeridade, de mortificação e de abandono à vontade de Deus. Passou a sustentar a família com as rendas e bordados que fazia, pois seu confessor consentiu que ela não saísse mais de sua cela, exceto para receber a Eucaristia.
A partir da tomada do hábito, imprimiu ainda mais rigor nas suas penitências. Começou a usar, na cabeça, uma coroa de metal espinhento, disfarçada com botões de rosas. Aumentou os dias de jejum e dormia sobre uma tábua com pregos. Estes são apenas alguns exemplos do que Rosa fazia por amor à Paixão de Cristo penitenciando o seu corpo
Vivendo em contínuo contacto com Deus, atingiu um alto grau de vida contemplativa e experiência mística, compreendendo em profundidade o mistério da Paixão e Morte de Jesus. É-lhe reconhecido o dom da profecia e penetração dos corações, o dom dos milagres e tinha êxtases com frequência e por vezes com duração de 48 horas e até de 62 horas!
Aos trinta e um anos de idade, em Abril de 1617, foi acometida por uma grave doença, que lhe causou sofrimentos e danos físicos até à morte (24 de Agosto).
Encontrando-se a morrer, olhava para a mãe aflita, que estava junto à sua cabeceira e, com alusão evangélica à parábola das 10 virgens disse-lhe: “Tenho de ser pontual; se não chegar à hora marcada, fechar-me-ão as portas como às virgens loucas” Fez sobre si o sinal da cruz e suspirou: “Jesus, Jesus, está comigo!”
Rosa foi beatificada em 1667 e canonizada a 12 de Abril de 1671 pelo papa Clemente X.

PALAVRAS DE SANTA ROSA LIMA RETIRADAS DE ESCRITOS

“O Salvador fez ouvir a sua voz e disse com incomparável majestade:
«Saibam todos que à tribulação, se segue a graça; reconheçam que, sem o peso das aflições, não se pode chegar à plenitude da graça; compreendam que com o aumento dos trabalhos cresce simultaneamente a medida dos carismas. Não se deixem enganar: esta é a única escada verdadeira do paraíso, e sem a cruz não há caminho por onde se possa subir ao céu»
(…)Ó, se os mortais conhecessem o que é a graça divina, como é bela, nobre e preciosa, quantas riquezas encerra, quantos tesouros, quantas alegrias e delícias em si contêm!
(…) Ninguém se queixaria da cruz nem dos sofrimentos que porventura lhe advêm, se conhecesse a balança em que são pesados para serem distribuídos pelos homens”
“Oh, que daria eu por anunciar o Evangelho! Atravessaria cidades pregando a penitência, com os pés descalços, o crucifixo na mão e o corpo envolvido num cilício espantoso. Caminharia durante a noite gritando: deixai as vossas iniquidades. Até quando sereis como rebanhos aturdidos diante dos demónios? Fugi dos castigos eternos; pensai que há só um instante entre a vida e o inferno”


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (22/08/2012) - Tema: HUMILDADE


 “O primeiro passo na busca da verdade é a humildade. O segundo, a humildade. O terceiro, a humildade. E o último, a humildade!” (Santo Agostinho)
“A humildade é a verdade” (Santa Teresa de Ávila)

HUMILDADE: RAIZ DE TODAS AS VIRTUDES

“A humildade, dizia São Gaspar, é a mãe de todas as virtudes.” É o terreno fértil, que permite às sementes lançar raízes, germinar e chegar à maturação. Sem humildade no coração, nada nasce.
Sem humildade, não há virtude que possa existir numa alma. Possua embora todas as virtudes, fugiriam todas ao lhe fugir a humildade.
 A palavra “humildade vem do latim “humus” (terra)  e, segundo Santo Isidoro, indica o comportamento espiritual de quem  não se distancia muito da terra, mas se volta para o baixo.
A humildade tem duplo fundamento: a verdade e a justiça: a verdade, faz que conheçamos a nós mesmos tais quais somos; a justiça, que nos inclina a tratar-nos em conformidade com esse conhecimento.
Santo Tomás de Aquino diz que: “Para nos conhecermos a nós mesmos, é necessário ver o que em nós pertence a Deus e o que nos pertence a nós, como próprio; ora, tudo quanto há de bom vem de Deus e a Deus pertence, tudo quanto há de mau ou defeituoso vem de nós”.
A justiça exige, pois, imperiosamente que se dê a Deus, e a Deus só, toda a honra e glória:“Amém! O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 7, 12).
Não há dúvida que alguma coisa boa há em nós: o nosso ser natural e sobretudo  os nossos privilégios sobrenaturais. A humildade não nos impede de os ver e admirar; mas, assim como quando se admira um quadro, é para o artista que o pintou que vai a nossa homenagem e não para a tela, assim também, quando admiramos os dons e graças de Deus em nós, é a Ele e não a nós mesmos que se deve dirigir a nossa admiração (Tanquerey).
Tanquerey diz que: “Devemos, pois, por justiça, amar as humilhações, aceitar todas as afrontas; se nos dizem que somos avaros, desonestos, orgulhosos, devemos convir nisso, porque conservamos em nós a tendência a todos esses defeitos”.

JESUS E A HUMILDADE

Jesus Cristo diz em Mt 11, 29: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Santo Agostinho comenta: “Ele não nos pede que o imitemos na fabricação do mundo, na criação dos seres visíveis e invisíveis, na realização das obras maravilhosas, mas na humildade de coração”.
O Coração de Jesus é um oceano infinito de virtudes, é um imenso jardim, onde Ele nos convida a entrar e colher a flor perfumada da humildade.
Jesus Cristo revelou a sua humildade em todas as ações. Se operava milagres, recomendava que fossem velados no silêncio; se as multidões, deslumbradas por seus milagres, procuravam proclamá-lo rei, desaparecia e não se deixava encontrar.
Toda a vida de Jesus foi uma escola de humildade, principalmente a sua morte na cruz: “Humilhou-se a si mesmo fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2, 8).
Pela humildade e pela humilhação Jesus se tornou o 'novo Adão' que salvou o mundo (Rom 5,12s). Maria, a mãe do Senhor, tornou-se a 'nova Eva', ensina a Igreja, porque na sua humildade destruiu os laços da soberba da primeira virgem.

OS DOZE GRAUS DA HUMILDADE SEGUNDO SÃO BENTO

1. O temor de Deus, sempre presente aos olhos de nosso espírito, e fazendo-nos praticar os mandamentos: temor dos castigos primeiro, depois temor reverencial, que remata na adoração.
2. A obediência ou submissão da nossa vontade à de Deus; é claro, que, se temos reverência e temor de Deus, faremos a sua vontade em tudo. Esta obediência é sem dúvida um ato de humildade, visto ser a expressão da nossa dependência para com Deus.
3. A obediência aos superiores por amor de Deus. É mais dificultoso submeter-se aos Superiores que ao próprio Deus: de fato, é necessário mais espírito de fé, para ver a Deus nos Superiores, e mais perfeita abnegação, porque esta obediência se aplica a maior número de coisas.
4. A obediência paciente, ainda nas coisas mais dificultosas, suportando as injúrias sem queixumes, ainda mesmo e, sobretudo quando a humilhação vem dos Superiores: para o conseguir, pensar na recompensa celeste e nos sofrimentos e humilhações de Jesus.
5. A confissão da faltas secretas, incluindo os pensamentos, ao Superior, fora da confissão sacramental. É este ato de humildade um freio poderoso: a idéia de que será necessário manifestar as faltas mais ocultas, trava muitas vezes o despenho para o abismo.
6. A aceitação cordial de todas as privações, ocupações vis, considerando-se inferior ao seu oficio.
7. Julgar-se sinceramente, do fundo do coração, o último de todos os homens. É raro este grau; os Santos chegam lá, refletindo que, se os outros tivessem tido tantas graças como eles, seriam melhores.
8. A fuga da singularidade: não fazer nada de extraordinário, mas contentar-se do que é autorizado pela regra comum, pelos exemplos dos antigos e pelos costumes legítimos: querer singularizar-se é, efetivamente, sinal de orgulho ou vaidade.
9. O silêncio: saber calar enquanto nos não interrogam ou enquanto não há uma boa razão de dar o parecer, e ceder aos outros ocasião de falar. De fato, na ânsia de tomar a palavra, há muita vaidade.
10. A moderação no rir. São Bento não condena o rir, enquanto é expressão de alegria espiritual, mas tão somente o riso de má pinta, a gargalhada estridente ou zombeteira, ou a disposição habitual a rir pronta e ruidosamente, que mostra pouco respeito da presença de Deus e pouca humildade.
11. A reserva nas palavras: quando se fala, fazê-lo suave e humildemente, sem gritos, com a gravidade e sobriedade do homem sisudo.
12. A modéstia no porte: andar, assentar-se, estar de pé, olhar moderadamente, sem afetação, a cabeça ligeiramente inclinada, o pensamento em Deus e na própria indignidade de levantar os olhos ao céu.

A HUMILDADE NOS ESCRITOS DOS SANTOS

Muitos cristãos são cheios de boas virtudes, mas infelizmente tornam-se 'inchados', pensando infantilmente que essas boas virtudes são méritos próprios e não graças de Deus, para serviço dos outros. Deus disse a Santa Catarina que: 'o pecador, qual ladrão, rouba-Me a honra, para atribui-la a si mesmo'.
'O diabo orgulhoso não tolera um espírito humilde'. É a humildade que vence o demônio sempre. São Vicente de Paulo dizia que ele não sabe se defender contra a humildade, por ser soberbo.
Santa Teresa dizia que 'uma pessoa caminha mais para Deus quando deixa de desculpar-se do que ouvindo dez sermões'. E ela diz a razão disso: 'Não se desculpando, começa a adquirir a liberdade interior e a não se preocupar se dizem dele bem ou mal'.
A extrema humildade de vários santos os levavam a se sentirem os piores pecadores, por incrível que nos pareça. Santa Teresa ensinava às suas monjas dizendo:'Não acrediteis ter progredido na perfeição, se não vos julgardes piores de todas e se não desejais ser tratadas como as últimas'.
Santo Afonso dizia que: 'Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação, na medida em que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças que Deus nos deu, depois de tantas ofensas'.
Enfim, a humildade é a grande força daquele que quer a santidade. Santa Teresa o disse: 'Quem possui as virtudes da humildade e do desapego bem pode lutar contra todo o inferno junto e o mundo inteiro com suas seduções'.
O grande místico doutor, S. João da Cruz, disse que: 'Visões, revelações, sentimentos celestes e tudo quanto se pode imaginar de mais elevado, não valem tanto quanto o menor ato de humildade'.

ORAÇÃO PARA SE OBTER A VIRTUDE DA HUMILDADE

“Senhor, Vós conheceis a minha fraqueza!
Cada manhã tomo a resolução de praticar
a humildade e à noite reconheço que
cometi ainda muitas faltas de orgulho.
À vista disto, sou tentada a desencorajar,
mas, eu sei, o desencorajamento
é também orgulho.
Quero pois, ó meu Deus,
assentar a minha esperança
somente em Vós;
porque Vós tudo podeis!
Dignai-vos fazer nascer na
minha alma a virtude que desejo.
Para obter esta graça
da vossa infinita misericórdia,
repetir-vos-ei muitas vezes:
Ó Jesus, doce e humilde de coração,
tornai o meu coração semelhante ao vosso!”

(Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face)


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Homofobia, lobby gay e Verdade de Deus


Soube que no Facebook algumas pessoas de muita ousadia e pouco raciocínio andam acusando as Escrituras Sagradas de serem homofóbicas. Bobagem. Subversão de valores.
As Escrituras Sagradas trazem-nos a Palavra de Deus que é Jesus. Elas revelam a verdade, isto é, o autêntico sentido do mundo, da vida, do ser humano. É bom o que as Escrituras chamam bom; é mau o que as Escrituras chamam mau.
O primeiro e fundamental pecado humano, o sempre novo pecado original, é precisamente o homem que é pó tentar ser seu próprio deus, senhor do bem e do mal, subvertendo a ordem querida por Deus, o Criador e Senhor de tudo.
O que dizem as Escrituras sobre a homossexualidade? Simples: que ela não está no plano de Deus para a humanidade. Deus nos criou homem e mulher, numa interação que aparece na própria complementaridade da anatomia e da psicologia dos dois gêneros. Esta realidade não pode ser negada por ninguém em sã consciência. Somente a ideologia perversa de certo discurso de gênero pode negar o que é tão óbvio. Mas essa é a tara de todas as ideologias: negam o óbvio. Se a realidade não combina com minha ideologia, azar da realidade. Trata-se de uma doença do pensamento!
A homossexualidade não é o que Deus pensou para a humanidade. Um crente, um cristão nunca poderá afirmar o contrário. Se o fizer está negando a própria revelação, está chamando de doce ao que o Senhor chamou de amargo. É um pecado gravíssimo fazer isto, é fugir da obediência da fé. Ponto e basta. O resto é lorota decrescente disfarçada de crente.
Mas, e as pessoas homossexuais? E aqueles tantos que desejam viver a vida cristã e carregam o peso da homossexualidade? Eis:
1. Ninguém está em pecado por ser homossexual como não tem mérito algum por ser heterossexual. Somente pode haver pecado ou virtude onde há liberdade de escolha. Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. Quem diz que orientação sexual é opção simplesmente delira.
2. Um homossexual pagão, tal qual um heterossexual sem fé, viverá lá do seu jeito, sendo ele mesmo seu deus - deus de mentira, destinado ao Nada. Alguém que não creia em Deus terá a si mesmo por deus e pronto.
3. Mas, e um homossexual cristão? Para ele, como para qualquer discípulo, Jesus tem uma palavra: "Toma a tua cruz - no caso, toma a tua homossexualidade -, e segue-Me". Dito de outro modo: procure viver sua homossexualidade de modo casto, evitando as relações sexuais. E se não conseguir? Ainda assim Jesus o amará: não deixe de rezar, não deixe de ir à Missa, não deixe de esperar em Deus e procurar uma vida de virtude, e enquanto tiver disposto a lutar para ser casto, procure o sacramento da confissão. O resto, confie ao Senhor! Nosso Deus sabe os mistérios da vida e os segredos de cada coração... Mas nunca chame de certo ao que o Senhor chamou de errado. Isto vale para qualquer cristão, homo ou heterossexual, em qualquer aspecto da vida: nós devemos nos adequar ao Senhor, não o Senhor a nós.
4. As Escrituras Sagradas, quando interpretadas com um pouco de inteligência - e não por teólogos de facebook -, ensinam a distinguir sempre o erro da pessoa que erra, o pecado do pecador. As pessoas homossexuais devem ser sinceramente respeitadas e ajudadas. O que não significa de modo algum concordar com a tentativa de imposições ridículas e descabidas de certa cultura gay. Com isto um cristão não deve concordar e deve fazer frente, inclusive negando seu voto a políticos que se vendem aos caprichos do lobby gay. Um cristão nunca aceitará chamar de "casamento" no sentido estrito à união de duas pessoas do mesmo sexo. Um cristão respeitará dois homossexuais que desejem viver juntos "maritalmente". Mas nunca dirá que isto é um ideal para o amor humano ou que faz parte do plano de Deus. Isto não é homofobia. É simples direito e dever de pensar e agir conforme a verdade que o Senhor Deus nos revelou. Homofobia é desrespeitar e agredir pessoas por sua homossexualidade. O resto é conversa tola. Há tantos homossexuais na Igreja. E procuram ter uma vida casta, e quando caem, procuram o sacramento da penitência. Portanto, não devemos nos impressionar com os gritos do lobby gay, que deseja impor de modo ditatorial seus "valores" à sociedade. Com serenidade e firmeza devemos dizer não a tal postura intolerante.
Uma advertência final. Os cristãos recordem da advertência do Senhor: o mundo não nos compreenderá, como não compreendeu o Cristo Jesus; o mundo nos rejeitará, como rejeitou o nosso Senhor. Com serenidade, vamos adiante, com os olhos fixos no Senhor, amando a todos, respeitando a todos, rezando por todos, mas sem nos afastar nunca de verdade divina contida nas Sagradas Escrituras. Também aqueles que ridicularizam o Senhor e Sua Palavra, por essa mesma Palavra serão julgados um dia.

 (Dom Henrique Soares da Costa)

*Texto retirado do blog Visão Cristã