sexta-feira, 29 de junho de 2012

Defender a cidade de tua alma


"Ó filho caríssimo, a cidade da alma tem muitas portas. Três as principais: memória, Inteligência e vontade. O criador permitiu que todas elas possam ser atacadas, mas apenas uma não pode ser aberta pelo lado de fora, e esta é a vontade.
Assim acontece que algumas vezes a inteligência se obscurece e a memória passa a lembrar realidades vazias e passageiras, com numerosas e diversificadas imaginações, pensamentos desonestos e coisas semelhantes, enquanto todos os sentimentos corporais ficam desordenados e arruináveis. Com isto percebe-se que estas portas não dependem de nosso livre controle. Somente a porta da vontade está sob nosso poder e tem como guarda o livre-arbítrio. É uma porta tão robusta, que demônio e pessoa alguma podem abri-la, se o seu guarda não consentir. Mas abrindo-se esta porta, ou seja, sendo dado o consentimento ao que a memória, a inteligência e outras portas sentem, para sempre fica desprotegida nossa cidade.
Reconheçamos pois, filho, reconheçamos o grande benefício e desmedido amor que recebemos de Deus, dando-nos posse livre de tão nobre cidade. Esforcemo-nos em pôr junto ao livre-arbítrio um bom e nobre guarda, que é o cão da consciência. Quando alguém se aproxima da porta, latindo ele acorda a razão para que a inteligência veja se é amigo ou inimigo. Então o livre-arbítrio deixará entrar os amigos, para que realizem boas e santas inspirações; mas expulsará os inimigos, fechando a porta da vontade para que não consinta as más imaginações que diariamente se aproximam da porta.
Assim fazendo, quando o senhor te pedir, prestarás contas a Ele, poderás entregar a cidade salva e adornada com muitas virtudes através da sua graça."

(Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja)


quinta-feira, 28 de junho de 2012

O outro lado de Bento XVI

Amanhã celebraremos a solenidade de São Pedro e São Paulo e, também, o Dia do Papa.
Assista a esse pequeno documentário. Ele mostra alguns bastidores da vida de Bento XVI e todo seu empenho na missão de apascentar as ovelhas de Cristo na Terra. Oremos sempre pelo nosso Santo Padre, um homem apaixonado pela Verdade.
Vale a pena assistir!



Amar a Esposa de Cristo


“Todos os que no mundo inteiro tem o nome de cristão e conhecem verdadeiramente a fé cristã, sabem e creem que São Pedro, o príncipe dos apóstolos, é o pai de todos os cristãos e o primeiro pastor, depois de Cristo, e que a Santa Igreja Romana é a mãe e mestra de todas as Igrejas”.
São Gregório Magno
Papa e Doutor da Igreja


A Igreja está fundamentada em Cristo e sobre os apóstolos e profetas (Ef 2,20; Ap 21,14), tendo São Pedro Apóstolo– o primeiro papa – e São Paulo Apóstolo o primeiro e grande missionário como também o maior teólogo da Igreja de todos os tempos. A festa, ou melhor, a solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo no dia 29 de junho é nossa celebração de agradecimento a Jesus Cristo pelo Seu grande presente para nós e para Sua santa Igreja. Nesta data também comemoramos o Dia do Papa, o nosso amado Pastor Universal.
A Igreja é o corpo de Cristo (Ef 1,22-23) e Sua noiva (Ef 5, 25 – 27; Ap 22,17). Ela foi fundada pelo próprio Jesus (Mt 16, 18: At 4,11). Ela pertence ao Senhor Jesus, e está sendo construída por Ele (Mt 16,18). Jesus chama a Igreja de “Minha Igreja”. Ele deu a Pedro, e aos seus sucessores, as chaves da Igreja e, consequentemente, as chaves do reino dos céus (Mt 16,19). Ela tem a autoridade de Jesus par a ligar e desligar, e para atacar e derrubar as portas do inferno (Mt 16, 18 – 19). É a “família de Deus” (Ef 2,19), bem como “a coluna e o sustentáculo da verdade” (1 Tm 3,15). É a Igreja povo de Deus (1 Pd 2,9.10).
A Igreja é “a plenitude d’Aquele que preenche o universo em todas as suas partes” (Ef 1,23). Nosso Senhor exalta a Igreja por se identificar com ela. Ele proclama que, se ouvirmos a Igreja, nós ouviremos a Ele (Lc 10, 16), e, se a perseguimos, estaremos perseguindo a Ele (At 9,4). Considerando o que o Senhor Jesus nos revelou sobre Sua Igreja, devemos amá-la como Jesus o faz, e dar nossa vida por ela (Ef 5,25).
Mas para que não nos deixemos enganar pelo anjo das trevas, transfigurado em anjo da luz, seja esta a suprema lei do nosso amor, amar a Esposa de Cristo tal como Cristo a quis e a adquiriu com seu sangue. Portanto não só devemos amar sinceramente os sacramentos, com que a Igreja, mãe extremosa, nos sustenta, e as solenidades com que eleva as nossas almas às coisas do céu, mas também os sacramentos e os vários exercícios de piedade com que suavemente impregna do Espírito de Cristo e conforta as almas. Realmente não há coisa mais gloriosa, mais honrosa, mais nobre, que fazer parte da Igreja, santa, católica, apostólica, Romana, na qual nos tornamos membros de tão verdadeiro Corpo; nos governa uma tão excelsa Cabeça; nos inunda o mesmo Pão dos Anjos nos alimenta neste exílio terreno, até que finalmente vamos gozar no céu da mesma bem-aventurança sempiterno” (Papa Pio XII. Encíclica Mystici Corporis).
 A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no século XXI é parte fundamental da religião do amor, da revolução mística abissal e do ecumenismo evangélico e social.
O século XXI é considerado o século da revelação da verdade, e a Igreja é o ícone da verdade libertadora de todo o sistema de escravidão e perdição.
Amar Jesus Cristo é amar a Sua Igreja e caminhar com ela na realização da sua missão evangelizadora do Reino de Deus.

(Pe. Inácio José do Vale, professor de História da Igreja)


quarta-feira, 27 de junho de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (27/06/2012) - Tema: PATRÍSTICA


O QUE É PATRÍSTICA?

O termo técnico Patrística aplica-se à era dos Padres da Igreja, sua época e suas obras.
O título cristão de "Pai/Padre" aplica-se aos homens que foram considerados Pais espirituais dos Cristãos. Foram homens que ouviram a pregação dos Apóstolos, foram seus discípulos, por eles instituídos Bispos da Igreja e guardavam de cabeça a doutrina apostólica. Após a morte dos Santos Apóstolos, eram considerados a única referência segura quanto à Sã Doutrina, tornando-se os novos Pais espirituais dos cristãos, não só pela pregação mas também porque através do batismo inseriam as pessoas na Igreja.
A fé transmitida pelos Santos Padres gozava de imensa credibilidade e foi base para a teologia da Igreja.
O estudo da fé dos Santos Padres é de fundamental importância para todo cristão que deseja estar posse de fé comum da Igreja Primitiva. Nosso Senhor Jesus Cristo orou ao Pai pela união dos Cristãos (cf. Jo 17, 6-24 ). Assim, todo cristão tem a obrigação de buscar a unidade da fé; e o primeiro passo para isto é conhecendo a antiga fé dos cristãos, deixada pelos Santos Apóstolos e assegurada pelos Pais da Igreja. Passo seguro para a unidade dos cristãos é estar de posse do que nos era comum, ter conhecimento e professar a fé da Igreja indivisa.
Comete grave erro todo aquele que se nega a professar a antiga fé, depósito precioso deixado pelos Santos Apóstolos e tão bem defendido pelos Santos Padres.


QUEM FORAM OS SANTOS PADRES?

A Igreja conta com 93 Santos Padres.
Chamamos de «Padres da Igreja» aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VII, que foram no Oriente e no Ocidente como que «Pais» da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica.
Alguns foram papas. A maioria eram bispos. Mas havia também sacerdotes, diáconos e até leigos. Podemos tomar como exemplo:
S. Clemente de Roma (†102), Papa de Roma (88 - 97)
Santo Inácio de Antioquia (†110)
São Policarpo (†156)
Orígenes de Alexandria (184 - 254)
Tertuliano de Cartago (†220)
São Cirilo de Jerusalém, bispo (315 - 386)
São Jerônimo ( 348 - 420), presbítero, Itália
São João Crisóstomo - (349 - 407), bispo
Santo Agostinho - (354 - 430), bispo
São Leão Magno (400 - 461), papa de Roma - Toscana, Itália


LIGAÇÃO ENTRE PATRÍSTICA E TRADIÇÃO DA IGREJA

A Sagrada Tradição não foi conservada pela Igreja apenas oralmente, mas também foi sendo vertida por escrito pelas gerações que sucederam os santos apóstolos.
Mesmo durante a era apostólica, muitos já queriam se separar da Igreja, pregando um Evangelho diferente. Mas todas estas heresias caíram por terra, por causa do testemunho vivo dos Apóstolos. Com a morte dos Apóstolos, seus legítimos sucessores se preocuparam em escrever aquilo que os Apóstolos não deixaram por Escrito, para combater heresias nascentes, e para deixar para a posteridade a memória cristã.
Veja um testemunho primitivo:
"Em primeiro lugar [Inácio de Antioquia], acautelava-se a conservar firmemente a tradição dos apóstolos que, por segurança, julgou necessário fixar ainda por escrito. Estava já prestes a ser martirizado." (História Eclesiástica Livro III, 36,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).
Ou seja, graças aos Santos Padres temos por escrito o ensinamento transmitido pelos Apóstolos, que é a base da Tradição da Igreja.
A Igreja Católica não se guia apenas pela Bíblia (a Revelação escrita), mas também pela Revelação oral que chegou até nós. Sem esta última, nem mesmo a Bíblia existiria como a temos hoje, já que ela foi berçada e redigida pela Igreja.
“Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum, 8). Como então, dispensar a Tradição na sua interpretação? Como aceitar a existência da fruta e negar a árvore que a gerou?
O Catecismo (66) ensina que: “embora a Revelação já esteja terminada, não está explicitada por completo; caberá à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dos séculos.”
Assim, afirma o Concílio Vaticano II, através do documento Dei Verbum: “[...] não é através da Escritura apenas que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado. Por isso ambas – Escritura e Tradição – devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência.”


O LEGADO DOS SANTOS PADRES

Os escritos dos Santos Padres da Igreja dividem-se basicamente em dois tipos:
1) Escritos que relembram a Tradição recebida dos apóstolos e a defendem contra as heresias. Nesta primeira categoria encontram-se escritos eclesiológicos, sobre o batismo, sobre o ministério dos pastores, sobre o matrimônio, etc.
2) Tratados teológicos. Quando os cristãos necessitavam em desenvolver um entendimento melhor da fé, muitos tratados teológicos foram propostos, até que se chegasse a uma solução definitiva. Nesta segunda categoria encontram-se escritos que ajudaram os sucessores dos apóstolos a traçarem os rumos teológicos do Cristianismo.

Os escritos cristãos desenvolveram desde o fim do séc. I um papel central e importante, em muitos aspectos fundamentais para a vida dos cristãos e para a doutrinação do cristianismo nos setores litúrgico, canônico, doutrinário e teológico ao longo dos séculos, estes escritos sejam eles de caráter canônico (Bíblico) ou não, favoreceram a vida e prática dos cristãos em comunidade.
As obras dedicadas à apologética, doutrina, liturgia, e principalmente as que ajudaram na elaboração e doutrinação de dogmas e ensinos cristãos a luz das Escrituras e da tradição Patrística, foram de extrema importância para a cristianização das verdades não explícitas biblicamente e comprovadas pela Tradição.


A “PROVA PATRÍSTICA”

Devido à importância que os Santos Padres tinham como testemunhas privilegiadas do Depositum Fidei (Depósito da Fé) da Santa Igreja, esta desenvolveu o conceito da "prova patrística".
A prova patrística foi utilizada pela primeira vez por São Basílio Magno, que acrescentou em sua obra "O Espírito Santo" uma lista de Padres da Igreja para apoiar sua opinião doutrinária sobre o Espírito Santo. Esta obra de São Basílio serviu de base para o Concílio de Constantinopla declarar o dogma da Divindade do Espírito Santo. Vemos que foi a fé dos Santos Padres que foi usada para o fundamento da fé que hoje temos na Divindade do Espírito Santo, pilar fundamental da doutrina da Santíssima Trindade.
Santo Agostinho serve-se também da prova patrística a partir de 412, especialmente na controvérsia contra o pelagianismo.
São Cirilo de Alexandria também se utilizou dela durante o Concílio de Éfeso, lendo as obras dos Santos Padres, fazendo com que o Sínodo aceitasse oficialmente o título Theotókos (Mãe de Deus) para a Virgem Maria.
O uso constante da prova patrística como verificação da autenticidade da fé fez com que São Vicente de Lérins criasse o clássico conceito de "magistri probabiles" em seu Communitorium (434), desenvolvendo a teoria da prova Patrística.


PATROLOGIA: MOTIVO DE CONVERSÃO

A Patrologia trata necessariamente de um ramo da teologia cujo núcleo essencial são dos Padres da Igreja e seus escritos no sentido eclesial, assim é a ciência que trata a literatura cristã antiga em todos os seus aspectos e com todos os métodos apropriados.
Muitos pastores evangélicos tem se convertido ao catolicismo através do estudo das obras dos Santos Padres (patrologia). Podemos dar como exemplo o escritor e ex-pastor Scott Hann (autor dos livros “O banquete do Cordeiro” e “Todos os caminhos vão dar em Roma”), que aponta o estudo dos Santos Padres como fundamento essencial de sua conversão à Igreja Católica.


TRECHO DA CARTA APOSTÓLICA PATRES ECCLESIAE DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II

"Na verdade; foram "padres" ou pais da Igreja porque deles, mediante o Evangelho, recebeu ela a vida. E também seus construtores, porque deles — sobre o fundamento único colocado pelos Apóstolos, que é Cristo — a Igreja de Deus foi edificada nas suas estruturas fundamentais.

Da vida recebida dos seus pais ainda hoje vive a Igreja; e sobre as estruturas postas pelos seus primeiros construtores ainda hoje é edificada, na alegria e na pena do seu caminho e do seu trabalho quotidiano.

Padres ou pais foram, e pais continuam a ser para sempre: eles mesmos, de fato, são estrutura estável da Igreja, e, em favor da Igreja de todos os séculos, exercem uma função perene. De maneira que todo o anúncio e magistério seguinte, se quer ser autêntico, deve pôr-se em confronto com o anúncio e o magistério deles; todo o carisma e todo o ministério deve beber na fonte vital da paternidade deles; e toda a pedra nova, acrescentada ao edifício santo que todos os dias cresce e se amplifica, deve colocar-se nas estruturas já por eles postas e a elas soldar-se e ligar-se."


terça-feira, 26 de junho de 2012

Unidos a Cristo por um martírio incruento


Estando próxima a solenidade de São Pedro e São Paulo, meditamos profundamente acerca do que consiste entregar a vida por inteiro a Nosso Senhor.
Esses grandiosos apóstolos, colunas da Igreja, receberam a honra de serem martirizados por causa de Cristo. Foram firmes até o fim e seu sangue derramado semeou inúmeros novos cristãos.
Impressionam-nos os relatos dos primeiros cristãos, que desejavam ardentemente o martírio a fim de unir-se mais rapidamente a Cristo na glória celeste. Tamanho era seu amor a ponto de afirmarem:
“Espero poder enfrentar com alegria as feras que estão preparando para mim, e peço a Deus que eu possa encontrá-las prontas a lançarem-se sobre mim. Se não quiserem, eu mesmo as instigarei para que me devorem num instante. Vocês tenham compaixão de mim. Eu sei muito bem o que é útil para mim. Somente agora começo a ser discípulo. Não me deixo impressionar por coisa alguma, visível ou invisível, para poder unir-me a Cristo Jesus. Fogo, cruzes, feras, lacerações, desconjuntura de ossos, o corpo reduzido a pedaços, as piores torturas caiam sobre mim: importante é unir-me a Jesus Cristo. Que proveito poderão dar-me os prazeres do mundo ou os reinos da terra? Nenhum. Para mim é melhor morrer por Jesus Cristo que reinar sobre toda a terra. A minha vida é busca contínua daquele que morreu por nós: quero aquele que por nós ressuscitou. Vejam, meu nascimento se aproxima. Nada melhor podeis fazer por mim, de que deixar que eu seja sacrificado a Deus.” (Santo Inácio de Antioquia, a caminho do martírio)
Em nossa vida cotidiana, podemos dizer que muito raramente teremos ocasião de sofrer um martírio cruento em nome de Cristo, pois, bem ou mal, vivemos ainda numa mínima tolerância religiosa. (Ainda que nos dias atuais haja relatos de países onde cristãos continuam a morrer por causa de Cristo).
De modo geral, a oportunidade que temos no dia a dia de entregarmos nossa vida a Cristo se dá por um martírio incruento (sem sangue). São pequenos sofrimentos padecidos por causa do Reino. Pequenas perseguições cotidianas que nos ferem e que podemos oferecer a Nosso Senhor como perfume agradável.
Manter um autêntico testemunho cristão nunca foi fácil. Especialmente nos dias atuais, permanecer fiel à Verdade se torna tarefa árdua por conta da grande ausência do temor a Deus presente em nossa sociedade.
Tudo é permitido. Só a felicidade importa... É esse o discurso da modernidade.
Frente a essa realidade, devemos pedir a Nosso Senhor forças para suportar com alegria as perseguições que deveremos enfrentar por defender a sua Divina Verdade.
Que não temamos esse martírio! Que sejamos fortes suficientes para glorificar ao Senhor quando esses sofrimentos sobrevierem. Assim, ainda que de uma maneira singela, estaremos seguindo o exemplo de tantos mártires que nos precederam e, claro, de nosso Senhor e Rei Jesus Cristo, que por nós padeceu os mais terríveis sofrimentos.
Não sejamos cristãos covardes! Que o testemunho dos mártires seja nossa luz e nossa consolação. 

Este martírio da vida ordinária é um testemunho mais do que nunca importante nas sociedades secularizadas do nosso tempo. É a pacífica batalha do amor que cada cristão, como Paulo, deve combater incansavelmente; a corrida para difundir o Evangelho que nos empenha até à morte". (Papa Bento XVI, 28 de outubro de 2007)


(Tássila Maia)



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Mulheres podem ser “acólitas”?


Acólito é um membro da Igreja Católica instituído para auxiliar o diácono e o sacerdote nas ações litúrgicas, sobretudo na celebração da missa.
Assim, o acolitato é um ministério e possui rito próprio no Cerimonial dos Bispos.
Todavia, é importante diferenciar os tipos de acólitos:


a)      Acólitos instituídos: São os acólitos que recebem esse serviço como ministério, de acordo com as normas da Igreja. O Cerimonial dos Bispos traz rito próprio para a instituição deste ministério e ressalta que: "pode ser conferido a fiéis leigos, homens, não se considerando reservado unicamente aos candidatos ao sacramento da Ordem" (cf. Carta Apostólica Ministeria Quædam) . Ou seja, acólitos instituídos são SOMENTE HOMENS que estejam ou não preparando-se para o sacerdócio.

b)      Acólitos não instituídos: São os coroinhas ou qualquer pessoa que exerça a função própria de um acólito, que é auxiliar o padre ou diácono na Santa Missa. Na falta de acólitos instituídos, é totalmente lícita a atuação destes “acólitos não-instituídos”. Para essa função, podem-se admitir homens ou mulheres, pois não se trata de um ministério, mas somente de um auxílio. No entanto, a Igreja recomenda vivamente que se dê preferência aos meninos/homens para esse trabalho.

E por que a Igreja recomenda vivamente que se dê preferência aos homens?

É preciso compreender que o ministério do acolitato está intimamente ligado com o Sacramento da Ordem (Sacerdócio ou Diaconato).
Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu apenas homens para o Sacramento da Ordem. É preciso desmontar o Mito de que “a Igreja pode vir a ordenar mulheres". Ora, o saudoso Papa João Paulo II definiu que a Santa Igreja não tem a faculdade de ordenar mulheres, quando em 1994, publicou a Carta Apostólica "Ordinatio Sacerdotalis", que afirma explicitamente:
"Para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja."
Trata-se de machismo? Preconceito? Desvalorização da mulher? De forma alguma!
O Catecismo da Igreja Católica (n. 369) afirma: “Homem e mulher são criados em idêntica dignidade, à imagem de Deus”. Porém, tendo a mesma dignidade, homem e mulher tem diferenças de funções.
A Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos se pronunciou oficialmente sobre meninas/mulheres como auxiliares na Santa Missa, em uma carta datada de 15 de março de 1994 (Protocolo 2482/93). Em resumo, o documento:
- Não se opõe a que as meninas sirvam como coroinhas ou “acólitas”, se para isso houver justas razões pastorais e se isso for feito com autorização dos Bispos locais.
- Afirma que “sempre será muito oportuno seguir a nobre tradição do serviço ao altar pelos meninos”, e relaciona isso à questão vocacional: “Isto, como se sabe, permitiu inclusive um consolador desenvolvimento das vocações sacerdotais. Portanto, sempre existirá a obrigação de continuar a sustentar tais grupos de coroinhas.”
- Afirma que nenhum Bispo tem a obrigação de autorizar coroinhas meninas em sua diocese – “a autorização dada a este propósito por alguns Bispos não pode minimamente ser invocada como obrigatória para os outros Bispos.”

Pode-se concluir e pensar ainda:

1. Todo aquele que atua no ministério acólito, e for homem ou menino, em tese pode vir a receber o Sacramento da Ordem, no Diaconato (mesmo Diaconato Permanente) ou mesmo do Sacerdócio (salvo algum impedimento específico); isso já é motivo razoável para que se dê prioridade aos varões nesse serviço.

2. É preciso colocar na balança que, indiretamente, meninas ou mulheres atuarem como coroinhas ou “acolitas” tem o forte perigo de ser uma propaganda do mito do “sacerdócio feminino”: “Ah, que bonitinhas, poderiam ser padres”...”olha, a Igreja já permite que as meninas e mulheres sejam coroinhas, daqui a pouco pode permitir que sejam padres...” ou ainda, as próprias meninas (principalmente se forem mal orientadas) crescerem com o desejo de serem “sacerdotizas”.

Respondendo à pergunta inicial: NÃO. As mulheres não podem ser “acólitas” instituídas. Porém podem atuar nessa função na falta de um acólito instituído. No entanto, a Igreja recomenda que se dê prioridade aos homens para essa função, ainda que não sejam instituídos.

(Parte deste texto foi extraída do Blog Salvem a Liturgia)


domingo, 24 de junho de 2012

Evangelho Dominical - Solenidade da Natividade de São João Batista


Evangelho: Lucas 1, 57-66.80

Quem foi São João Batista?
São João foi filho de Santa Isabel, prima da Virgem Maria. São João Batista era aquele que morava no deserto e pregava sobre o arrependimento dos pecados, oferecendo, àqueles que queriam, o batismo de conversão.
Segundo o próprio Jesus, não existe nenhum homem que seja maior que João Batista. Mas, por quê?
Para buscar essa resposta nos remeteremos ao Magnificat: “Deus exaltou os humildes”. E por isso São João Batista foi exaltado, pois durante toda a sua vida buscou se esconder para que a luz do Cristo brilhasse cada vez mais.
O maior dentre os santos, o maior dentre os profetas, o homem que preparou os caminhos para o Senhor. Um santo que, assim como Maria, fora profetizado pelos antigos. E, mesmo sabendo de tudo isso, jejuou, mortificou-se e penitenciou-se durante toda a vida. Quando se aproximara o momento de se encontrar publicamente com Jesus, pronunciara as palavras que até hoje nos comovem: “Depois de mim vem aquele, do qual nem mereço desamarrar as sandálias.” (At 13, 25b). Não fora por sua pregação, por seu batismo ou por seu parentesco com Jesus que João fora exaltado acima dos homens, mas sim por sua humildade. Foi pela soberba que o mal nasceu e somente com a humildade é que temos força para vencê-lo.
Não nos deixemos levar pelo inchaço do orgulho. Não façamos dos nossos dons uma vitrine para auto-promoção. Aquele que busca elogios já recebe neles a sua recompensa. Ocultemo-nos sob a luz de Cristo e aprendamos a viver como João: “Convém que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).


sexta-feira, 22 de junho de 2012

E o nome da Virgem era Maria


E o nome da Virgem era Maria (Lc. 1, 27). Falemos um pouco deste nome que significa, segundo se diz, Estrela do mar, e que convém maravilhosamente à Virgem Mãe… Ela é verdadeiramente esta esplêndida estrela que devia se levantar sobre a imensidade do mar, toda brilhante por seus méritos, radiante por seus exemplos.
 E assim verificarás, por tua própria experiência, com quanta razão foi dito: “E o nome da Virgem, era Maria”.
 Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.
 Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.
 Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.
Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.
Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despencar no abismo do desespero, pensa em Maria.
Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão dela, não negligencies os exemplos de sua vida.
Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nela, evitarás todo erro. Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim.

(São Bernardo de Claraval)


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Católicas? Nem de longe...


Marcha feminista na Nicarágua
Campanhas a favor do aborto, incentivo ao homossexualismo, “marcha das vadias”. Cenas como essas têm ganhado espaço na mídia e têm se tornado assunto nas redes sociais. À frente de tudo isso estão alguns grupos da nova geração das “super feministas”.
São compreensíveis os esforços das mulheres de outrora que lutavam por respeito e dignidade. Agora, atacar a moral cristã, condenar o pudor e a modéstia, denegrir a imagem da mulher, e ainda querer sair de “mocinha” na história, ou é ingenuidade ou é muita falta de inteligência.
Muitas dessas “novas feministas” ainda têm a audácia de se utilizar do nome da Santa Igreja numa tentativa desesperada de chamar a atenção. Na verdade, essas mulheres que se dizem tão defensoras do gênero acabam satirizando elas mesmas sua feminilidade.
Em nome da liberdade sexual, assumem papéis ridículos. Em nome do “direito de decidir”, agridem a dignidade humana, propagando campanhas abortistas de fracos argumentos. 
Não é desse tipo de mulher que nossa sociedade precisa. O mundo precisa de mulheres que assumam sua feminilidade conscientes de seu valor, e não de rebeldes que promovem o vandalismo e o desrespeito. Na verdade, como esperar que alguém que não respeita o próprio corpo poderá respeitar a religião dos outros?
O deboche de sempre 
Essa nova geração de feministas defende uma caricatura de mulher, uma imagem que se distancia cada vez mais do projeto de Deus para cada uma de nós.
Maria, a mulher que melhor correspondeu à expectativa divina a nosso respeito, é Virgem, Esposa e Mãe. Assim, assume uma verdadeira pureza, uma fidelidade inabalável e a maternidade como dom. Nesses novos movimentos, o que vemos é uma difusão veemente da impureza, da infidelidade e do aborto. É o inverso de nossa vocação.
Mulheres, não tenham medo de assumir sua identidade feminina, sua vocação para o amor. O mundo não precisa de feministas radicais, e sim de mulheres de verdade, que não lutam contra a moral e a religião, mas que assumem sua feminilidade com sabedoria e zelam por suas famílias, construindo uma sociedade verdadeiramente justa.
Não nos deixemos levar por essa ideologia feminista desvirtuada. Que as mulheres se dêem o respeito, se amem e se preservem. Somente assim ganharão o respeito e a admiração que merecem.

(Tássila Maia)


A cruz, ponte lançada sobre o abismo da morte


"Nosso Senhor foi tocado pela morte, mas, em contrapartida, abriu um caminho que esmaga a morte. Submeteu-se à morte e sofreu-a voluntariamente para a destruir, a ela, que é a morte. Porque, seguindo a ordem da morte, nosso Senhor «saiu carregando a cruz» (Jo 19,17). Mas gritou na cruz e tirou os mortos do inferno…
Ele é o glorioso «filho do carpinteiro» (Mt 13,55) que, fazendo da cruz qual carro, desceu à voraz garganta da morada dos mortos e transferiu o gênero humano para a morada da vida (Col 1, 13). E, se pela árvore do paraíso caíra o gênero humano na morada dos mortos, foi pela árvore da cruz que passou para a morada da vida. Naquele madeiro fora enxertado o azedume; neste, foi enxertada a doçura, para que nele reconheçamos o chefe a quem nada do que foi criado consegue opor-se.
Glória a Vós! Lançastes a cruz como uma ponte sobre a morte, para que os homens por ela passem do país da morte para o país da vida... Glória a Vós! Vós vestistes o corpo do mortal Adão e dele fizestes a fonte da vida para todos os mortais. Sim, Vós estais vivo! Porque os vossos carrascos foram afinal semeadores: semearam a Vossa vida nas profundezas da terra como se faz com o trigo, para que cresça e com ele faça crescer muitos grãos (Jo 12, 24).
Vinde, façamos deste amor um imenso incensório universal; prodigalizemos em cânticos e orações Àquele que da cruz construiu um turíbulo à Divindade e que, a nós, com o próprio sangue cumulou de riquezas."

(Santo Efrém, Homilia sobre Nosso Senhor)


quarta-feira, 13 de junho de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (13/06/2012) - Tema: FRANCISCANISMO



"Francisco, o mundo tem saudades de ti
(Beato João Paulo II)

A ORDEM FRANCISCANA

A Ordem São Francisco teve início em 1209 quando, convertido, estabeleceu para si próprio vida de intensa vivência do Evangelho, em austera mortificação, penitência e  pobreza. A ele, juntaram-se 12 companheiros, com quem estabeleceu as regras iniciais.   Nesta mesma época, animada e decidida a seguir seu exemplo, Santa Clara de Assis foi por São Francisco orientada a ingressar no mosteiro beneditino de Assis e, posteriormente foi convidada a fundar uma congregação feminina,  destinada a irmãs religiosas de vida monástica contemplativa.
Em curtíssimo espaço de tempo, o clima pela devoção e piedade contagiou todos os segmentos da sociedade. Os leigos e mesmo pessoas casadas, movidos pelo espírito franciscano, ardentemente desejavam abandonar-se a Deus, de forma que São Francisco acabou fundando também a Ordem Franciscana Secular,  destinada aos casados, leigos ou pessoas  solteiras. 
O Papa Inocênio III, já em 1209, havia aprovado a Ordem verbalmente, mas foi em 1221 que a regra franciscana recebeu aprovação canônica, firmada pelo Papa Honório III, cuja regra permanece em vigor até os dias atuais.  No decorrer do tempo, a estrutura da congregação dividiu-se em diversas ramificações, canonicamente estudadas e aprovadas, de forma que a Ordem Franciscana, hoje, se subdivide em três.
 
PRIMEIRA ORDEM FRANCISCANA

1. Ordem dos Frades Menores, ou observantes (O.F.M.)

A Ordem dos Frades Menores foi fundada por São Francisco de Assis, no ano de 1209, quando recebeu aprovação verbal do Papa Inocênio III, e cujas regras foram canonicamente aprovadas  pelo  Papa Honório III, em 1221.  Permanecem até hoje inalteradas a observância das normas, que  remontam  as  constituições primitivas;  inclusive, documentos contendo a  regra original com aprovação da Santa Sé, encontram-se cuidadosamente guardadas no Sacro Colégio de Assis, e cuja  cópia encontra-se no Vaticano. 

2. Ordem dos Frades Menores Conventuais (O.F.M.conv)

A Ordem dos Frades Menores Conventuais foi estabelecida em meados do século XIV, precisamente no ano de 1517, como resultado de uma inevitável divisão, causada pela divergência de convicções entre os confrades na Congregação original,  fundada por São Francisco (Ordem dos Frades Menores, ou observantes).  Alguns anos depois,  um outro grupo de frades  separou-se da Ordem dos Frades Menores Conventuais. Tinham por ideal viver estritamente a regra de São Francisco de Assis, dentro do espírito de rigoroso cumprimento da regra original. Estava nascendo a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (1525). Somente no ano de 1619 é que a Santa sé autorizou o grupo a ter governo próprio. 
Apesar das divisões ocorridas naquele período, os franciscanos, pouco depois, longe de estarem divididos ou rivalizados,  juntos cresceram com autonomia própria que, com o pai e fundador comum,   juntos formam a grande família franciscana,  hoje presente no mundo em inúmeras congregações femininas e masculinas, espelhadas no ideal consolidado por São Francisco de Assis.    

3. Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (O.F.M.cap)

A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos,  foi idealizada pelo padre Matteo de Bascio, que julgou que o hábito e a regra habitual dos franciscanos, não condizia com o que havia sido idealizado por São Francisco de Assis.  Após formulado o pedido (1525), o Papa Clemente VII (Giulio de Medici) autorizou-os a  usar  um capucho longo e pontudo e  com estilo condizente às convicções primitivas.  No ano de 1528,  o próprio Papa Clemente, desligou-os da hierarquia que os vinculava, em subordinação,  aos franciscanos conventuais, mas a  autonomia eclesiástica com governo próprio só foi estabelecida no ano de 1619, pontificado de Paulo V (Camilo Borghese).

SEGUNDA ORDEM FRANCISCANA

1. Ordem das Irmãs Clarissas

A Congregação das Irmãs Clarissas pertencem à chamada Segunda Ordem  de São Francisco de Assis.  A Ordem São Francisco teve início em 1209 quando, convertido,  estabeleceu para si próprio vida de intensa vivência do evangelho,  em austera mortificação, penitência e  pobreza. A ele, juntaram-se 12 companheiros, com quem estabeleceu as regras iniciais.   Nesta mesma época, animada pelo mesmo espírito , Santa Clara de Assis  ingressou, por intermédio de São Francisco,  no convento Beneditino de Assis. Posteriormente, foi convidada a fundar uma congregação feminina, cujas monjas passaram a ser conhecidas por  Irmãs Clarissas.  A congregação nunca sofreu mudanças e suas regras refletem o espírito franciscano de vida enclausurada e  contemplativa. Foi o próprio São Francisco, auxiliado por Santa Clara, quem  estabeleceu  as regras monásticas para a nova Ordem, onde Santa Clara iria assumiu como Superiora e Fundadora.

2. Ordem das Irmãs Concepcionistas

A Congregação das Irmãs Clarissas Concepcionistas foi fundada por Santa Beatriz da Silva.  Fazia parte da alta corte de Portugal e, quando jovem, sua extrema formosura despertou a cobiça e gerou rivalidades entre os cortesãos.  Provocou a ira da própria rainha que, enciumada, atentou contra a vida dela, trancando-a num cofre fechado, onde dias depois, foi encontrada ilesa.  Era devotíssima de Maria Santíssima e dotada de todas as virtudes cristãs desde a tenra idade. Incomodada pelos tristes acontecimentos, refugiou-se para um mosteiro de monjas beneditinas, onde permaneceu como hóspede por 30 anos, mas nunca ingressou na congregação, apesar de adotar o mesmo modo de vida das contemplativas.
Isabel, a Católica, ao assumir o trono real,  cedeu propriedades à Santa Beatriz,. tendo fundado, com mais doze companheiras, um mosteiro contemplativo em Santa Fé, escrevendo as regras da então Ordem Contemplativa de Concepção Franciscana, daí o nome de "Concepcionistas".  O Papa Inocênio VII aprovou canonicamente as regras no ano de 1489. Dois anos depois foi a bula papal foi levada solenemente da catedral de Toledo até o mosteiro de Santa Fé. Dias depois, Santa Beatriz  caiu gravemente enferma e faleceu naquele mesmo ano, no dia 17 de agosto.

3. Ordem das Irmãs Capuchinhas

A Congregação das Irmãs Clarissas Capuchinhas foi fundada em Nápoles, no século XVI.

(Todas contemplativas enclausuradas, seguidoras de Santa Clara/ São Francisco de Assis)

TERCEIRA ORDEM FRANCISCANA

1. Terceira Ordem Regular (T.O.R.)
A Terceira Ordem Regular (TOR), foi estabelecida em 1250 e é composta exclusivamente por religiosos e sacerdotes, que seguem as regras de suas constituições franciscanas.

2. Terceira Ordem Secular, ou Ordem Franciscana Secular (O.F.S)
À Ordem Terceira Secular, ou Ordem Franciscana Secular (OFS),  fundada em 1221 por São Francisco, agregaram-se também sacerdotes e religiosos, além dos leigos, casados e solteiros, acima mencionados.  Além de muitas outras famílias franciscanas, pertencem à Ordem Terceira Secular (para leigos e casados) a Fraternidade Sacerdotal Franciscana Secular (FSFS), Pequena Família Franciscana (PFF) e JUFRA (Juventude Franciscana).

REPERCUSSÕES DO FRANCISCANISMO

A Igreja Católica já elegeu 12 papas franciscanos.
Entre os anglicanos existem a Comunidade de São Francisco (para mulheres, fundada em 1905), a Sociedade de São Francisco - SSF (para homens, fundada em 1919 nos EUA e em 1934 na Inglaterra) e a Comunidade de Santa Clara (para mulheres, monástica) e também a Ordem Terceira Franciscana para leigos.
No Brasil existe os Irmãos Franciscanos de Canaã, ligada à Irmandade Evangélica de Maria, em Curitiba, e Franciscanos Anglicanos, membros da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB.

SÃO FRANCISCO, UM GIGANTE DA SANTIDADE

A humildade de Francisco não era menor que seu espírito de penitência. Não tolerava palavra em seu louvor.  “Não elogieis a ninguém, enquanto não se lhe souber o seu fim. Ninguém é nada mais e nada menos do que é aos olhos de Deus”.
Perguntado por um dos companheiros sobre o conceito que de si próprio fazia, respondeu: “Julgo não haver no mundo pecador mais indigno que eu”;  e continuou:  “Se Deus, em sua misericórdia tivesse dado ao homem mais perverso as  graças que se dignou  proporcionar a mim, não duvideis que este homem seria muito mais grato e piedoso do que eu”. Foi ainda por humildade que se deteve na ordenação sacerdotal, porque se julgava indigno de ser sacerdote.  Tratava os sacerdotes com todo o respeito e dizia: “Se ao mesmo tempo me encontrasse com um Anjo e um sacerdote, eu beijaria em primeiro lugar a mão deste e depois cumprimentaria o Anjo.  Devo mais respeito àquele que segura nas mãos o Corpo Santíssimo de Jesus Cristo."
Que dizer da pobreza que o santo homem observava e dos seus exigia que observassem? Do seu amor a Deus e ao próximo? Da sua devoção à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, à Santíssima Virgem e a outros Santos, e das demais virtudes, cujos exemplos são tão numerosos, que se encheriam livros narrando-os?
Depois da conversão, Francisco renunciou a toda sorte de propriedade.  Sentia prazer em não possuir coisa alguma e sofrer o sacrifício da pobreza.
“A pobreza – dizia – é o caminho da salvação, o fundamento da humildade, a raiz da perfeição. Produz frutos escondidos, mas que se multiplicam de mil maneiras”. A pobreza era sua senhora, rainha, mãe e esposa. A Deus pedia instantemente que fosse sua herança e privilégio.
Na oração, nos transportes do amor, não achava outra expressão, a não ser esta:  “Meu Deus e meu tudo!”  Conversando sobre Deus, refletia-se-lhe no semblante a mais pura alegria. O amor ao próximo impelia-o a servir aos doentes, a socorrer os necessitados, a consolar os aflitos. O desejo de converter os infiéis, de derramar o sangue por amor de Deus, levou-o a empreender penosa viagem até à Síria e apresentar-se ao Sultão de Icônia, como pregador de penitência.
A devoção a Francisco à Sagrada Paixão e morte de Nosso Senhor foi tão extraordinária, que Deus quis recompensá-lo com um milagre inaudito.  Dois anos antes da morte, Francisco praticou, segundo o costume, o jejum quaresmal em preparação à festa de S. Miguel, e para este fim se retirara ao Monte Alverne. No dia da exaltação da Santa Cruz, arrebatado em êxtase,  viu que do céu descia um luminoso Serafim.  O Anjo tinha seis asas e Francisco reconheceu nele a figura de Nosso Senhor crucificado, com as  cinco chagas.  Ao mesmo tempo, o Santo homem  sentiu no lado, nas mãos e nos pés chagas iguais,  que destilavam umas  gotas de sangue. Estes sinais ficaram até a morte. Embora Francisco procurasse escondê-las cuidadosamente,  não o conseguiu.  Foram-lhe vistas no corpo, vivo e morto. Estas chagas causaram-lhe grandes dores, mas Francisco julgou-se venturoso em poder sofrer com o Salvador.
Dois anos depois desta visão, Francisco caiu gravemente doente. Sentindo a morte aproximar-se, fez se transportar para a igreja de Porciúncula onde, deitado sobre o chão, recebeu com muita devoção os santos Sacramentos, entregando logo depois a alma a Deus.
Antes de expirar, recomendou aos irmãos da Ordem a fiel observância da regra e dando-lhes a bênção, disse: “Ficai firmes no temor de  Deus e nele perseverai! Bem-aventurados aqueles que perseveram na obra começada. Vou para Deus e  recomendo-vos à sua benevolência”.
Tendo assim falado, quis que lhe lessem os capítulos da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, do Evangelho de São João. Terminada esta leitura, começou ele mesmo a recitação do Salmo 141, até as palavras: “Tirai a nossa alma do cárcere, para que eu louve o Vosso nome. Os justos, estão à minha espera, para que me deis a recompensa!” Foram-lhe estas as últimas expressões.
São Francisco morreu no ano de 1226, na idade de 45 anos. Muito antes tivera a revelação do perdão completo dos seus pecados. Em outra ocasião, lhe foi assegurada sua eterna salvação. Embora estas revelações lhe servissem de grande consolo, nem por isto quis atenuar o rigor da penitência e deixar de chorar os pecados.  “Suposto que tivesse cometido o mais leve pecado e  isto só uma vez, motivo teria de sobra de chorá-lo toda a minha vida”.
Muitos e grandes milagres fez São Francisco antes e depois da morte. O Papa Gregório IX canonizou-o, em 16 de julho de 1228.
O corpo de São Francisco repousa debaixo do altar-mor da catedral de Assis. Por uma permissão especial de Deus, aconteceu que, durante seis séculos ficasse ignorado o jazigo das santas relíquias. Em 1818 foram encontradas e autenticamente reconhecidas.
 
OS VALORES DA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA

1. Espiritualidade evangélica
'A vida e a regra' franciscana é o próprio evangelho; vida de conversão para o evangelho.
2. Vida em fraternidade
'Deus me deu irmãos' - a fraternidade, entre irmãos e irmãs, que Deus nos deu, com todas as pessoas e com todas as criaturas.
3. Espiritualidade trinitária
Deus é o Sumo Bem; o Filho nosso irmão; o Espírito do Senhor e o seu santo modo de operar. Maria, o modelo: filha, mãe e esposa.
4. Sem nada de próprio
Seguir o Cristo pobre é a condição do nosso caminho. Livre para amar e servir, retirando tudo o que se interpõe entre as pessoas. O modelo é a encarnação do Verbo.
5. A minoridade
'Servo de toda humana criatura'; o serviço do lava-pés; a 'autoridade' evangélica.
6. A espiritualidade do trabalho
A 'graça' de trabalhar; trabalhar com as 'próprias mãos' constrói a fraternidade; trabalhar como menores; trabalhar com 'devoção' afugenta o ócio, inimigo da alma.
7. A contemplação franciscana
O espírito de oração e devoção que abrange toda a vida e a vida toda; rezar sempre e rezar a vida; rezar no mundo e no conflito. O eremitério e a solidão.
8. A evangelização franciscana
Evangelizar e deixar-se evangelizar; o 'evangelho vivo' do seguimento é dom da vocação que se prolonga em missão; a fraternidade é o 'coração' da evangelização.
9. Espiritualidade eclesial e católica
A fraternidade vivida no seio da Igreja é célula eclesial, integrada nos serviços e nos ministérios da Igreja. Católico: experimentar Deus e a sua graça em todo tempo e lugar.
10. A perfeita e verdadeira alegria
Acolher, integrar e transformar o 'negativo' da vida. A cruz, fonte da verdadeira alegria.

SANTA CLARA, FIEL À POBREZA

Em 1215, quando Francisco obrigou Clara a aceitar a Regra beneditina, para cumprir a determinação do IV Concílio de Latrão. Esta Regra previa a posse de bens para o mosteiro.
Para Clara, não se tratava de um detalhe. Aceitar propriedades significava desfigurar todo o projeto. Por isso, buscou uma saída de forma criativa e inusitada. Foi ao papa e lhe pediu uma bula que garantisse ao mosteiro de São Damião o direito de não possuir bens. Inocêncio III achou estranho o pedido daquela jovem de 22 anos. Mas lhe concedeu o documento, que foi chamado de “Privilégio da Pobreza”.

EPISÓDIOS IMPORTANTES DA VIDA DE SÃO FRANCISCO

1181-1182 Nasce Francisco. Em Assis, filho do comerciante burguês Pedro Bernardone e Dona Picá.
1205 Querendo tornar-se cavaleiro, junta-se ao exército papal e vai para a guerra na Apúlia (Puglia). Em Spoleto, tem uma visão em sonho e volta para Assis: “Quem te pode ser mais útil: o senhor ou o servo? Então, por que preferes o servo ao senhor?”
1205 Francisco está num período de muita reflexão e oração. Certa ocasião, vê um leproso que vem em sua direção. Vencendo o horror que tinha por esta doença e pelos seus doentes, vai ao seu encontro e trata-o com carinho. Este evento é registrado pelo próprio Francisco como importantíssimo para a sua conversão.
1205 Rezando na igreja de São Damião, ouve um pedido: “Francisco, vai, reconstrói minha casa que está em ruínas”. Levando a mensagem ao pé da letra, restaura as igrejinhas abandonadas de São Damião, São Pedro e Porciúncula.
1206 Processado pelo pai, Francisco, na praça da cidade e em frente ao bispo devolve-lhe tudo o que tinha e que havia recebido do pai; ficando nu perante todos. “De agora em diante poderei dizer livremente: Pai Nosso que estais nos Céus, não pai Pedro Bernadone.”
1208 Depois de ouvir a explicação do Evangelho do envio apostólico (Mt 10, 1. 5-13), Francisco afirma: “É isto que eu quero!” Deixa as vestes de eremita, passa a usar um hábito rude e torna-se um pregador itinerante. Após algum tempo, recebe os primeiros companheiros.
1209 Francisco escreve uma pequena regra. Vai a Roma com onze companheiros, é recebido pelo Papa Inocêncio III que aprova oralmente a regra.
1211-1212 A comunidade vai crescendo e consolidando-se, instala-se na Porciúncula. Na noite do Domingo de Ramos, Clara foge de casa para seguir a vida de Francisco. Mesmo com a oposição da família, Inês (irmã de Clara)‏ também se junta ao grupo e assim inicia-se a 2ª Ordem.
1219 Os franciscanos empreendem grandes missões no exterior (Alemanha, França, Hungria, Espanha, Marrocos). Francisco vai ao Egito e encontra-se com o Sultão Malek-el-Kamel.
1221 A aprovação do Memoriale Propositi é considerada a fundação da Ordem Franciscana Secular. Na OFS podem ingressar pessoas casadas que desejam seguir a vida franciscana.
1223 O Papa Honório III emite bula aprovando a regra franciscana que estava sendo aperfeiçoada desde 1209 durante capítulos realizados anualmente. Esta regra conhecida como Regra bulada está em vigor até hoje. Também se conhece um texto anterior denominado de Regra não-bulada.
1223 Celebra o Natal com o povo em Greccio diante de um presépio. Por causa desta celebração muitos consideram Francisco de Assis o inventor do presépio.
1224 Francisco e Frei Leão vão ao Monte Alverne para a Quaresma de São Miguel. Na festa da Exaltação da Santa Cruz, 14 de setembro, Francisco vê o serafim alado e crucificado, durante esta visão recebe os estigmas de Jesus Crucificado.
1225 Com uma doença nos olhos, fica junto ao mosteiro de Clara em São Damião. Compõe boa parte do Cântico do Irmão Sol ou Cântico das Criaturas .
1225-1226 Por obediência submete-se a dolorosos tratamentos em Assis, Rieti, Fonte Colombo, Sena e outros locais. Dentre estes tratamentos a cauterização pelo fogo. Sentindo a aproximação da irmã morte, pede para ser levado à Porciúncula, da planície abençoa Assis.
1226 Na Porciúncula dita seu Testamento. 3 de outubro: Percebendo cada vez mais a aproximação da irmã morte, pede para ser colocado nu na terra nua, acaba aceitando usar o hábito do guardião. Pede que leiam o Evangelho da Última Ceia, abençoa os irmãos presentes e futuros, morre cantando.
1228 Gregório IX canoniza-o.