quarta-feira, 2 de maio de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (02/05/2012) - Tema: PECADO



"É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados. Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido."
(Nossa Senhora em Fátima, outubro de 1917)

O QUE É O PECADO?

“O pecado é ofensa a Deus: "Pequei contra ti, contra ti somente; pratiquei o que é mau aos teus olhos" (Sl 51,6). O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma desobediência, uma revolta contra Deus, por vontade de tornar-se "como deuses", conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). O pecado é, portanto, "amor de si mesmo até o desprezo de Deus".” (CIC §1850)
A doutrina católica distingue o pecado em 3 categorias: o pecado original, o pecado mortal e o pecado venial.
“O homem, quando peca, diz a Deus com as suas obras: Afasta-Te de mim, não Te quero obedecer, nem servir, nem reconhecer por meu Senhor, nem ter por meu Deus. O meu Deus é o prazer, o interesse, a vingança.” (Santo Afonso de Ligório)

PECADO ORIGINAL

“De que maneira o pecado de Adão se tornou o pecado de todos os seus descendentes? O gênero humano inteiro é em Adão "como um só corpo de um só homem". Em virtude desta "unidade do gênero humano", todos os homens estão implicados no pecado de Adão, como todos estão implicados na justiça de Cristo. Contudo, a transmissão do pecado original é um mistério que não somos capazes de compreender plenamente. Sabemos, porém, pela Revelação, que Adão havia recebido a santidade e a justiça originais não exclusivamente para si, mas para toda a natureza humana: ao ceder ao tentador, Adão e Eva cometem um pecado pessoal, mas este pecado afeta a Natureza humana, que vão transmitir em um estado decaído. É um pecado que será transmitido por propagação à humanidade inteira, isto é, pela transmissão de uma natureza humana privada da santidade e da justiça originais. E é por isso que o pecado original é denominado "pecado" de maneira analógica: é um pecado "contraído" e não "cometido", um estado e não um ato.” (CIC §404)

EFEITOS DO BATISMO EM RELAÇÃO AO PECADO

Apaga totalmente da alma o pecado original e todos os pecados atuais, antes cometidos; esses pecados não são apenas cobertos, mas apagados de fato, e de forma definitiva. Assim o definiu expressamente o Concílio de Trento.
Perdoa toda a pena devida pelos pecados, tanto a temporal como a eterna. De modo que se um pecador recebe o Batismo no momento da morte, entra imediatamente no Céu, sem passar pelo Purgatório. Foi o que ensinou o Concílio de Florença e o de Trento definiu.
Quanto às crianças mortas sem Batismo, a liturgia da Igreja convida-nos a ter confiança na misericórdia divina e a orar pela salvação delas.

DIFERENÇA ENTRE PECADO MORTAL E VENIAL

“Considerando o pecado, ademais, sob o aspecto da pena que implica, Santo Tomás com outros doutores, chama mortal ao pecado que, se não for remido, faz contrair uma pena eterna; venial, ao pecado que merece uma simples pena temporal (quer dizer, parcial e expiável na terra ou no Purgatório).” (Papa João Paulo II, 2 de Dezembro  de 1984)

PECADO VENIAL

“Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento.” (CIC §1862)
Apesar e não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. (CIC §1458)
O pecado venial enfraquece a caridade; traduz uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos pouco a pouco a cometer o pecado mortal. Mas o pecado venial não quebra a aliança com Deus. É humanamente reparável com a graça de Deus. "Não priva da graça santificante, da amizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte, da bem-aventurança eterna."
O homem não pode, enquanto está na carne, evitar todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses pecados que chamamos leves, não os consideras insignificantes: se os consideras insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de objetos leves faz uma grande massa; um grande número de gotas enche um rio; um grande número de grãos faz um montão. Qual é então nossa esperança? Antes de tudo, a confissão... (CIC §1863)

PECADO MORTAL

“Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos. Morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".” (CIC §1033)

CONDIÇÕES PARA SE PECAR MORTALMENTE

Todo o pecado é uma transgressão da lei de Deus; mas, para ser mortal, é necessário que essa transgressão corresponda a três condições; faltando ainda que seja uma só delas, já não é mortal.
A transgressão deve ser:

1) Em matéria grave. Isto sucede quando se viola um ponto importante da Lei de Deus. “A matéria grave é precisada pelos Dez mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: "Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não dó fraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe" (Mc 10,19). A gravidade dos pecados é maior ou menor: um assassinato é mais grave que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas é levada também em consideração. A violência exercida contra os pais é mais grave que contra um estranho.” (CIC §1858)

2) Com plena advertência. Há plena advertência, quando sabemos que o que estamos para fazer ou para omitir é gravemente proibido ou ordenado. Não é necessário pensar no mal do pecado; basta saber que se faz coisa gravemente má. Falta a plena advertência quando se age por distração, com o espírito confuso, entre o sono e a vigília, etc. Nestes casos o pecado já não é mortal. Se a advertência falta completamente, não há pecado algum;

3) Com consentimento deliberado; isto é, quando se sabe que uma coisa é má, e, todavia, se faz voluntariamente. As paixões, e especialmente o temor, a ira, a provocação grave podem diminuir a força da vontade, atenuando a culpa, e torná-la à vezes até venial. Falta também o consentimento deliberado quando alguém age constrangido pela violência física. (exemplo: uma mulher que foi estuprada não pecou cometeu pecado).

PECADOS GRAVES CITADOS NO CATECISMO

- Ato sexual fora do Matrimônio, assim como masturbação e adultério.
- Blasfêmia contra o Espírito Santo (quem se nega a acolher a misericórdia de Deus)
- Blasfêmia (proferir contra Deus interior ou exteriormente - palavras de ódio, de ofensa, de desafio, em falar mal de Deus, faltar-lhe deliberadamente com o respeito ao abusar do nome de Deus). A proibição da blasfêmia se estende às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas sagradas.
- Homicídio (O assassino e os que cooperam voluntariamente com o assassinato cometem um pecado que clama ao céu por vingança. Preocupações de eugenismo ou de higiene pública não podem justificar nenhum assassinato, mesmo a mando dos poderes públicos.)
- Inveja (Quando deseja um grave mal ao próximo, é um pecado mortal)
- Ira (Se a cólera chega ao desejo deliberado de matar o próximo ou de feri-lo com gravidade)
- Maldade (O pecado por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave.)
- Mentira (A gravidade da mentira se mede segundo a natureza da verdade que ela deforma, de acordo com as circunstâncias, as intenções daquele que a comete, os prejuízos sofridos por aqueles que são suas vítimas. Embora a mentira, em si, não constitua senão um pecado venial, torna-se mortal quando fere gravemente as virtudes da justiça e da caridade.)
- Ódio (O ódio ao próximo é um pecado quando o homem quer deliberadamente seu mal. O ódio ao próximo é um pecado grave quando se lhe deseja deliberadamente um grave dano.)
- Sacrilégio (profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a Eucaristia, pois neste sacramento o próprio Corpo de Cristo se nos torna substancialmente presente.)
- Transgressão da obrigação de participar da Eucaristia nos dias de preceito (a não ser por motivo grave)

EFEITOS DO PECADO MORTAL NA ALMA DO PECADOR

“O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior.”
O pecado venial deixa subsistir a caridade, embora a ofenda e fira.
“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.” (§1855 e 1861)
Por um só pecado mortal:
- Milhões de anjos do Paraíso converteram-se em horríveis demônios, por toda a eternidade.
- Foram expulsos do Paraíso terrestre os nossos primeiros pais, Adão e Eva, submergindo a humanidade num mar de lágrimas e doenças, guerras e mortes.
- Serão mantidos no Inferno, por toda a eternidade, os culpados a quem a morte surpreende em pecado mortal.
Eis os efeitos que o 'pecado mortal' produz na alma do pecador:
1. Perda da Graça santificante, das virtudes infusas e dons do Espírito Santo.
Priva a alma da Graça de Deus e da amizade de Deus.
2. Perda de presença amorosa da Santíssima Trindade na alma.
3. Perda dos méritos adquiridos em toda a vida passada, tornando-a incapaz de adquirir novos méritos.
4. Feiíssima mancha na alma, que a deixa tenebrosa e horrível, à Visão Divina.
5. Torna a alma escrava de Satanás, aumento das más inclinações e remorsos de consciência.
6. Fá-la merecer o Inferno, e também os castigos desta vida.

O pecado mortal é o Inferno em potência. É um verdadeiro suicídio da alma e da vida da Graça de Deus em nós.

MORTE EM PECADO MORTAL

“O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.” (CIC §1035)
O Papa Gregório X que presidiu o Concílio de Lyon II em 1274 declarou ex-catedra que: As almas daqueles que morrem em pecado mortal ou apenas com o pecado original, em qualquer caso, descem imediatamente ao inferno, embora punidos com diferentes castigos.” (Denzinger, Fontes do Dogma Católico) afirmação que foi repetida pelo Papa João XXII em 1321.

É BOM PREPARAR-SE PARA UMA SANTA MORTE

Ensina o catecismo: “A Igreja nos encoraja à preparação da hora de nossa morte "Livra-nos, Senhor, de uma morte súbita e imprevista": antiga ladainha de todos os santos, a pedir à Mãe de Deus que interceda por nós "na hora de nossa morte" (oração da "Ave-Maria") e a entregar-nos a São José, padroeiro da boa morte:
“Em todas as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranqüila, não terias muito medo da morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã?” (Imitação de Cristo)
“Louvado sejais, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal.” (São Francisco de Assis)”

VISÕES DO INFERNO

Santa Faustina descreveu o inferno como segue:
"Hoje fui dirigida por um Anjo aos abismos do inferno. É um lugar de grande tortura; como terrivelmente grande e extenso é! As espécies de torturas eu vi:

·A primeira tortura que constitui o inferno é a perda de Deus;
·Segunda é o remorso perpétuo da consciência;
·Terceira é que aquela condição nunca mudará;
·Quarta é o fogo que penetrará na alma sem destruí-la—um sofrimento terrível, como é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus;
·Quinta tortura é a escuridão ininterrupta e um terrível e sufocante odor. Apesar da escuridão, os demônios e as almas dos condenados vêem todos os males, os próprios e dos outros;
·Sexta tortura é a companhia constante de Satanás;
·Sétima é o desespero horrível, aversão de Deus, palavras vis, maldições e blasfêmias.

Estas são as torturas sofridas por todos os condenados, mas isto não é o fim dos sofrimentos. Há torturas especiais dos sentidos. Cada alma sofre sofrimentos indescritíveis, terríveis, relacionados à maneira com que se pecou. Há cavernas e fossas de tortura onde uma forma de agonia difere da outra. Teria morrido na mesma visão destas torturas se a onipotência de Deus não tivesse me apoiado. Escrevo isto no comando de Deus, de modo que nenhuma alma pode achar uma desculpa por dizer não há inferno, nem que ninguém jamais esteve lá e por isso não se pode dizer como ele é".
  
“Tenhamos sempre horror ao pecado mortal e nunca deixemos de caminhar na estrada da santa eternidade.” (Padre Pio)

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