quinta-feira, 29 de março de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (28/03/2012) - Tema: POBREZA - CONSELHO EVANGÉLICO


Jesus e o jovem rico


DEFININDO POBREZA

Podemos distinguir quatro tipos de pobreza:

1- A pobreza material negativa: que desumaniza e é combatida; a pobreza como condição social padecida.
2-   A pobreza material positiva: que liberta e eleva; a pobreza como ideal evangélico a ser cultivado.
3-  A pobreza espiritual negativa: que é ausência dos bens do espírito e dos verdadeiros valores humanos.
4-  A pobreza espiritual positiva: feita de humildade e confiança em Deus, que é o mais belo fruto produzido na árvore da pobreza bíblica.

Nesse estudo, voltaremos nossa atenção para a pobreza material positiva, abordada pelo Frei Raniero Cantalamessa em seu livro “A pobreza”.


A POBREZA ASSUMIDA POR JESUS


A NOVIDADE DA POBREZA

A transição do Antigo para o Novo Testamento assinala um salto qualitativo: o Antigo Testamento nos apresenta um Deus “para os pobres”; o novo, um Deus que se faz pessoalmente “pobre”. No Antigo Testamento, Deus escuta, se compadece, e defende os pobres; mas só o Evangelho nos fala do Deus que se faz um deles, que adota para si a pobreza e a fraqueza: “Jesus Cristo, que, por vós, de rico que era, se fez pobre para vos enriquecer com sua pobreza” (2 Cor 8,9).


POR QUE JESUS SE FEZ POBRE?

Já que o mundo não reconheceu nem honrou a Deus quando Ele se revelava pelo esplendor, poder, sabedoria e riqueza das coisas criadas, então resolveu agora salvar a humanidade decaída por um meio oposto, com a pobreza, a fraqueza, a humildade e a estultícia. Resolveu revelar-se “sob o seu contrário” para contestar o orgulho e a sabedoria dos humanos.
O que se nega aqui não é a bondade da Criação e de todos os bens que a compõem, ou seja, a obra de Deus, mas o pecado que o homem acrescentou-lhe por própria conta. Na encarnação, o Verbo não se limita a assumir a natureza humana para elevá-la, tal como é, mas, sobretudo, contesta, corrige, acerta essa natureza revelando-lhe a íntima corrupção de que se sobrecarregou.
Em Cristo resplandece a pobreza em sua forma mais sublime que não é a de ser pobre (isto pode ser algo imposto ou herdado), mas a de fazer-se pobre, e fazer-se pobre por amor, para tornar ricos os outros.


A POBREZA DA IGREJA


A POBREZA COMO CONSELHO EVANGÉLICO

Jesus nunca propôs a pobreza como uma “lei”, mas como um “conselho”, ou melhor, como “bem-aventurança”, como algo que atrai por meio da promessa de felicidade: “De fato, cada um é atraído pelo objeto do seu desejo” (Santo Agostinho).
É preciso pedir ao Espírito Santo que nos enamore da pobreza, pois quem dela está enamorado há de descobrir sem dificuldade as trilhas e maneiras de praticá-la.


A POBREZA ESCATOLÓGICA

Vejamos, entretanto, como atua em concreto essa motivação, ou seja, por que o Reino justifica e exige a pobreza.
O Reino de Deus já está presente no mundo na pessoa e na pregação de Jesus, e é necessário não deixá-lo esvair-se, mas aferrá-lo, excluindo tudo o que lhe fizer obstáculo, inclusive, se for preciso, a mão e o olho (cf. Mt 18, 8s). Em outras palavras, é possível começar a viver desde agora como se há de viver na situação definitiva do Reino, onde os bens terrenos não terão valor algum, mas Deus será tudo em todos.
Esta pobreza escatológica afirma o primado do espírito sobre a matéria, do invisível sobre o visível, da eternidade sobre o tempo.
O cristão não tem aqui cidadania estável, pertence à outra cidade. Por isso, é um contra-senso para ele deixar-se prender aos bens do tempo presente que deverá abandonar de uma hora para outra. A motivação escatológica age agora sob a forma de “esperança” dos bens eternos.
Neste contexto, nasce o famoso ideal da “fuga do mundo”, com o qual o cristão antecipa, de uma forma ou de outra, sua saída do século presente. “Deixai resolutamente de parte toda a cupidez – exorta nesse sentido São Bernardo –. As coisas do mundo devem-se desprezar, não enquanto concedidas para ser usadas, mas enquanto causam a ruína de muita gente. Quem transporta pesos não corre agilmente: quem, pelo contrário, está desimpedido corre com velocidade e segurança maiores. O caminho é curto e não há porque sobrecarregar-se de coisas demasiadas para a viagem.”


A POBREZA NÃO NOS LEVA A DEUS, MAS DEUS NOS LEVA À POBREZA

A melhor ilustração desta motivação escatológica, temo-la nas parábolas do tesouro escondido e da pérola preciosa: “O Reino do Céu é comparável a um tesouro que está escondido num campo e que um homem descobriu (...) e em sua alegria vai, põe à venda tudo o que tem e compra aquele campo” (Mt 13, 44s). Jesus não diz: “Um homem vende todos os seus bens e se põe à procura de um tesouro escondido”. Se alguém se pusesse a dizer isso, logo o teríamos na conta de um sonhador crônico que se põe periodicamente à procura de um misterioso tesouro escondido, acabando por perder tudo o que tinha sem nada encontrar. Não. Jesus diz que aquele homem vendeu tudo não para encontrar um tesouro, mas porque já o tinha descoberto. A pobreza não se escolhe para encontrar o Reino, mas porque o Reino foi descoberto. A pobreza não é um preço a ser pago pelo Reino; não é a causa de seu surgimento, mas o efeito.
Essa parábola, depois de ouvida, tem o poder todo particular de colocar o homem diante da “decisão do momento”, de não deixá-lo mais tranqüilo na própria mediocridade. Faz entrever a “troca admirável”, a oportunidade da vida. Exerce um fascínio. Age realmente “por atração”!


DEUS E O DINHEIRO

Quem é, objetivamente, e não subjetivamente (isto é, nos fatos e não nas intenções), o verdadeiro inimigo, o rival de Deus neste mundo? Satanás? Mas homem algum resolve seguir a Satanás sem motivo... Quem o faz é porque acredita auferir disso algum benefício temporal. Quem é, na realidade, o outro senhor, o anti-Deus? Jesus no-lo diz claramente: “Ninguém pode servir a dois senhores: ou odiará a um e amará o outro ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24).
O dinheiro é o anti-Deus, porque instituiu uma espécie de mundo alternativo, inverte o objeto das virtudes teologais. Fé, esperança e caridade não são mais postas em Deus, mas no dinheiro. Produz-se uma sinistra troca de valores. “Nada é impossível a Deus”, dizem as Escrituras, e também: “Tudo é possível a quem crê”. Mas o mundo diz: “Tudo é possível a quem tem dinheiro”. E, num certo nível, todos os fatos parecem dar-lhe razão.


A LIÇÃO DE SÂO FRANCISCO DE ASSIS

São Francisco estava caminhando com um jovem frade. Encontrando uma sacola de moedas pelo caminho, o jovem frade sugeriu a Francisco que o dinheiro fosse recolhido e doado aos pobres. Mas Francisco suspeitou tratar-se de uma armadilha do demônio. Em vez de embolsar as moedas, afastou-se um pouco e concentrou-se em orações. Em seguida, pediu ao companheiro que abrisse a sacola e, em vez das moedas, uma cobra enorme arrastou-se para fora. Uma lição da qual o jovem frade jamais se esqueceria. “Irmão, – disse-lhe Francisco – para os servos de Deus, o dinheiro não passa de um demônio, de uma cobra peçonhenta”.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Fiat



Meditar sobre a solenidade de hoje é meditar sobre a beleza do amor de Deus.
A beleza desse amor supera qualquer inteligência humana. “O amor de Deus nos constrange”, dizia o apóstolo.
Amor tão sublime, que desejou se tornar um de nós para que, assim, pudéssemos ser novas criaturas. Sim! Na Anunciação do anjo à Maria uma nova criação teve início. Foi ali que tudo começou. Ali, o Senhor, em sua infinita providência, começava a “fazer novas todas as coisas”.
O amor de Deus providenciou a criatura mais bela, mais pura, mais humilde para gerar em seu ventre imaculado o Deus Eterno e Onipotente. Maria, a Nova Eva, a Mulher obediente, Mãe da humanidade redimida pelo sacrifício de seu Divino Filho.
Jesus, novo Adão. Como diria o salmista, “o mais belo dos filhos dos homens”. Um Deus Onipotente que se faz criança, dependendo dos cuidados humanos. Um Deus Sapientíssimo que se faz aprendiz. Um Deus soberano que se faz em tudo obediente a Maria e a José. Um Deus que chora, que sofre, que não se apega a sua condição divina, mas esvazia-se de si, assumindo a posição de servo.
Servo que nos ama até o fim, pagando o preço de nossas faltas no madeiro da cruz.
Eis a nova criação! Em Jesus e Maria somos recriados. As dores que assumem na Paixão são dores de parto.
E que grande mistério é a Encarnação do Filho de Deus, onde o Salvador da humanidade foi concebido! Que grandiosa beleza é crer que o Verbo se fez carne e habitou entre nós.
E como, nesse dia solene, não sentirmos uma terna gratidão à Mãe de Deus? Por meio de sua entrega total ao projeto divino, a humanidade inteira foi redimida. O seu “Fiat” possui ecos eternos.
Salve Maria, mãe do Salvador! Ensina-nos a dizer “sim” aos desígnios do Céu!

”De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito.” (Rm 8,1-4)

quinta-feira, 22 de março de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (21/03/2012) - Tema: MORTIFICAÇÃO (PARTE II)


AS GRANDES MORTIFICAÇÕES DE ALGUNS SANTOS NÃO SÃO UMA ESPÉCIE DE SUICÍDIO INDIRETO?

"Deve-se considerar - diz São Tomás de Aquino - que na vida espiritual o amor a Deus é o fim ao qual é preciso visar. Os jejuns, as vigílias, as outras mortificações corporais não podem ser procuradas como fim, não passam de meios necessários para se conseguir dominar a carne. E, portanto, seu uso deve ser regulado pela razão. É preciso, de uma parte, refrear a concupiscência e, de outra, não extenuar a natureza. Se, pois, alguém, por jejuns, vigílias e outras mortificações excessivas, chegasse a arruinar sua saúde a ponto de ficar na impossibilidade de cumprir seus deveres, esse pecaria. Pecariam, pois, mortificando-se em demasia, o professor que não pudesse mais ensinar, o pregador que se tornasse incapaz de pregar, o cantor que perdesse a voz; pecaria também o marido que se tornasse impotente para cumprir com sua esposa o dever conjugal" (Quodl. V, q. IX, a. 8).


ALGUNS EXERCÍCIOS DE MORTIFICAÇÃO...

Regule seu sono, evitando nisto toda relaxação ou molície, sobretudo pela manhã. Se pode, fixe-se uma hora para deitar-se e levantar-se, e obrigue-se a ela energicamente;
Tenha seus ouvidos fechados às palavras bajuladoras, aos louvores, às seduções, aos maus conselhos, às maledicências, às zombarias que ferem, às indiscrições, à crítica malévola, às suspeitas comunicadas, a toda palavra que possa causar o menor esfriamento entre duas almas;
No que concerne à qualidade dos alimentos, seja muito respeitoso do conselho de Nosso Senhor: “Comei o que vos for apresentado“. “Comer o que é bom sem comprazer-se nisto, o que é mau sem mostrar aversão, e mostrar-se indiferente tanto em um como no outro, esta é a verdadeira mortificação“, dizia São Francisco de Sales;
Ofereça a Deus suas comidas, imponha-se na mesa uma pequena privação: por exemplo, negue-se um grão de sal, um copo de vinho, uma guloseima, etc.; os demais não o perceberão, mas Deus o terá em conta;
Suporte tudo o que aflige naturalmente a carne; especialmente o frio do inverno, o calor do verão, a dureza da cama e todas os incômodos do gênero. Faça boa cara em todos os tempos, sorria a todas as temperaturas. Diga com o profeta: “Frio, calor, chuva, bendizei ao Senhor“.
Tenha um tom de voz sempre moderado, nunca brusco nem cortante.
Diante de uma humilhação ou repreensão, se sente tentado a murmurar. Diga como Davi: “Melhor assim! Me é bom ser humilhado!“;
Quando lhe custe fazer um favor, ofereça-se a fazê-lo: terá duplo mérito!


O ENSINAMENTO DE SÃO JOÃO DA CRUZ

São João da Cruz, na sua obra Subida do Monte Carmelo, aconselha poeticamente:
Procure sempre inclinar-se:
não ao mais fácil, mas ao mais difícil;
não ao mais saboroso, mas ao mais severo;
não ao mais gostoso, mas antes ao que dá menos gosto;
não ao que é descanso, mas ao trabalhoso;
não ao que é consolo, se não antes ao desconsolo;
não ao mais, mas sim ao menos;
não ao mais alto e precioso, mas ao mais baixo e desprezível;
não ao que é querer algo, mas a não querer nada;
não andar buscando o melhor das coisas temporais, mas o pior,
e desejar entrar em toda desnudez e vazio e pobreza por Cristo
de tudo quanto há no mundo.


POSICIONAMENTO DA CNBB EM RELAÇÃO AO TEMA

Jejum e Abstinência no Brasil - Texto Complementar da CNBB
Quanto aos Cân. 1251 e 1253 do Código de Direito Canônico:

1- Toda a sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.

2- A quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia.
                          

PRÁTICAS DE JEJUM



SOBRE O JEJUM

Santo Agostinho reconhece o valor espiritual e moral do jejum: “a abstinência purifica a alma, eleva a mente, subordina a carne ao espírito, cria um coração humilde e contrito, espalha as nuvens da concupiscência, extingue o fogo da luxúria e acende a verdadeira luz da castidade” (Sermão sobre a oração e o jejum).
São Paulo dá um sentido mais amplo ao jejum, inserindo-o nas práticas que nos ajudam a viver segundo o Espírito e não apenas segundo a carne: “Portanto irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 13-14).


BENEFÍCIOS DO JEJUM

· Disciplina a forma desordenada e irregular de comer e o mau hábito de beliscar entre as refeições, fumar, tomar café, chás, doces lanches e refrigerantes, a todo instante;
· Mantém a mente descansada, mais aberta e sensível às coisas espirituais;
· Aumenta a estabilidade mental e psicológica através do domínio das emoções, torna o corpo leve, ativo e incansável (a história demonstra que os filósofos pagãos, na Grécia antiga, para um melhor desempenho intelectual, jejuavam espontaneamente antes de entrarem em debates públicos).
- Estimula a partilha com generosidade e abrir o nosso coração à caridade, oferecendo aos necessitados aquilo que vem a sobrar em nossas despensas: “Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos” (Tb 12,8)
· Docilidade e abertura às inspirações do Espírito Santo;
· Maior silêncio, busca da meditação, confiança e disposição para a adoração;
· Libertação a partir da renúncia à gula, luxúria, preguiça e demais pecados capitais;


RESPEITO HUMANO

Algo muito presente em nossas vidas, que diversas vezes nos impede de testemunhar a fé é o chamado “respeito humano”: uma vergonha de assumir a identidade cristã, de denunciar uma má ação ou corrigir um irmão.

1º - Contentar a Deus, há de ser sempre tua principal preocupação.

O Padre Clemente Hoffbauer, a um senhor importante, que se ufanava da sua distinta posição, quis um dia fazer-lhe ver o que é o homem. Curvando-se para o chão, tomou um pouco de pó na mão e mostrou-lho com as seguintes palavras: "Vede, isto é o homem, uma mão cheia de pó!"
Mas, que é um punhado de pó confrontado com toda a terra, com suas planícies, colinas e montanhas? Como é incrivelmente minúsculo, comparado com os inumeráveis e incomensuráveis corpos celestes que há milhares de anos percorrem a sua órbita! Como é, infinitamente pequeno e insignificante, em face de Deus infinitamente grande e onipotente, que com simples ato da sua vontade, tudo chamou à existência e lha conserva de contínuo!
A este Deus infinitamente grande e soberano deves temer e, portanto, não ofender; mas o homem fraco e mesquinho, punhado de pó, não temas. Nunca sejas infiel ao teu dever, por causa de um tímido olhar humano, nem, por seu insípido escárneo, jamais pratiques ato algum pecaminoso.

2º - Guarda-te do respeito humano!

No dia do teu Batismo e Crisma te colocaste solenemente sob o estandarte de Jesus Cristo. Ao receber este Sacramento, prometeste firmemente, que sempre e em todas as circunstâncias, havias de te conservar fiel a Jesus Cristo e a sua Santa Igreja.
A bandeira de um rei da terra é muitas vezes defendida com grande coragem. Muitos soldados preferem sacrificar a própria vida entre ferimentos e dores atrozes, a entregar ao inimigo a bandeira do seu rei. Não deveria com igual, e mesmo com maior amor e entusiamo, defender a bandeira isto é, os santos interesses de Jesus Cristo? 
Intrepidez e firmeza é o que de ti espera o Senhor.
"Aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; e o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus" (Mat. 10,32).
Como católico, não tens realmente, nenhum motivo de te envergonhar da tua Igreja. Ainda não ouviste de certo, que uma jovem sadia e viçosa, se envergonhasse de sua próspera saúde, pelo fato de ter encontrado outra jovem desbaratada por alguma enfermidade contumaz.
Nunca viste um homem, com os membros íntegros e perfeitos, corar de vergonha por ver outro, que só podia mover-se com o auxílio de muletas.
Em suma: ninguém, que se tenha por sensato e racional, se envergonha jamais de uma boa ação.
Não tens, realmente nenhum motivo para te envergonhares da Santa Igreja que, no decurso de tantos séculos, manifestou uma admirável força divina; de todas as perseguições, até mesmo das mais violentas, saiu sempre vitoriosa; sempre rejuvenescida; sempre novamente robustecida; enquanto tudo, em derredor caía em ruínas, até mesmo os tronos e os reinos dos mais poderosos soberanos.
Não tens, realmente, nenhum motivo de te envergonhares de tua Santa Igreja que, em todos os contou entre seus filhos, grande número de homens os mais nobres, melhores e mais sábios, grandes heróis da virtude e benfeitores da humanidade. Não seria, pois, rematada loucura envergonhar-se dela?
Muito ao contrário, se lançares a tua vista para a nossa Igreja Católica, deves sentir-se possuído de um elevado sentimento de amável gratidão, pois a história de todos os tempos e de todos os povos jamais viu uma instituição tão grandiosa, tão magnífica e tão benfazeja como esta. Faze, pois, que te animem sempre aqueles grandes sentimentos de Santa Teresa, a qual ainda no seu leito de morte dizia:

"Meu Deus, eu Vos agradeço por ser filha da Vossa Igreja".

(Excertos do livro: A donzela cristã , do Pe. Matias de Bermscheid)

"Ama a Verdade, mostra-te como és, sem fingimentos, sem receios, sem respeito humano. Se a Verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o. E se, pela Verdade, tivesses que sacrificar-te a ti mesmo e a tua vida, sê forte no sacrifício". (São José Moscati)


segunda-feira, 19 de março de 2012

O santo de Santa Teresa




"Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claro que, tanto desta necessidade como de outras maiores, de perder a honra e perder a alma, este pai e senhor meu me livrou melhor do que eu lhe saberia pedir. Não me recordo, até agora, de lhe haver suplicado nada que tenha deixado de fazer.
É coisa que espanta (que maravilha) as grandes mercês que me tem feito Deus por meio deste bem-aventurado santo, dos perigos que me tem livrado, tanto de corpo quanto de alma. A outros santos parece que o Senhor lhes deu graça para socorrer em uma necessidade; a este glorioso santo tenho experiência que socorre em todas e que quer o Senhor dar-nos a entender que assim como esteve submetido a ele na terra, que como tinha nome de pai - sendo custódio - podia mandar Nele, também no céu faz quanto lhe pedem. E isto o tem comprovado algumas pessoas, a quem eu dizia que se encomendassem a ele, também por experiência; e ainda há muitas que começaram a ter-lhe devoção havendo experimentando esta verdade.
Queria eu persuadir a todos para que fossem devotos deste glorioso santo, pela grande experiência que tenho dos bens que ele alcança de Deus. Não conheci pessoa que deveras lhe seja devota e faça particulares serviços, que não a vejamos mais adiantada nas virtudes, porque muito aproveitam as almas que a ele se encomendam. Parece-me, já há alguns anos, que a cada ano, em seu dia, lhe peço uma coisa e sempre a vejo cumprida. Se o pedido segue meio torcido, ele o endereça para o meu bem.
Se fosse uma pessoa que tivesse autoridade no escrever, de bom grado me estenderia em dizer muito a miúdo as mercês que este glorioso santo tem feito a mim e a outras pessoas. Só peço, pelo amor de Deus, que o prove quem não me crê e verá por experiência o grande bem que é o encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção.
Pessoas de oração, em especial, sempre deveriam ser a ele afeiçoadas. Não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos, no tempo que passou com o Menino Jesus, e não se dar graças a São José pelo bem com o qual lhes ajudou. Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome este glorioso santo por mestre e não errará no caminho."

(Santa Teresa de Ávila, Livro da Vida)


sábado, 17 de março de 2012

14 perguntas sobre a Consagração Total à Santíssima Virgem



Muitos já fizeram a sua Consagração Total à Santíssima Virgem pelo método de São Luis Maria Montfort, como ele nos ensina no seu maravilhoso "Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem", e muitos desejam se preparar também para se Consagrar!
O "Tratado" sempre foi muito recomendado pelo Servo de Deus João Paulo II. Foi por esta Consagração que ele assumiu o lema de seu pontificado "Totus Tuus" ("Todo Teu", todo de Maria!).
Diante das dúvidas que surgem a respeito desta Consagração, preparamos esta postagem na tentativa de esclarecer as dúvidas mais comuns.

1. Em que a Consagração proposta por São Luis Maria Montfort se diferencia das demais consagrações a Santíssima Virgem?

A Consagração proposta por São Luis é uma Consagração TOTAL, da pessoa INTEIRA, como fala na própria fórmula da consagração, em “corpo, alma, bens exteriores, bens interiores, valor das obras boas passadas, presentes e futuras.”
E aqui é importante esclarecer: o que é este valor das boas obras?
Segundo o próprio São Luis explica, é o valor espiritual de todas as nossas obras de virtude, que se dá em 3 aspectos:

- Valor meritório: aumenta o nosso grau de glória no céu
- Valor satisfatório: diminui a nossa eventual pena no purgatório
- Valor impetratório: é o valor que podemos “aplicar”, oferecendo uma obra de virtude por uma intenção em particular

Por esta consagração, nós nos entregamos inteiros a Virgem, e inclusive entregamos o valor das nossas boas obras, nos despojando daquilo que seria um “direito” nosso, para que Ela possa dispor deste valor livremente, e usar da forma como for melhor.
Por exemplo: por esta Consagração, a Virgem pode usar o valor de uma boa obra nossa para converter uma pessoa do outro lado do mundo, que nem conhecemos, que só conheceremos no céu!
A explicação deste ponto encontra-se nos números 121 a 125 do Tratado.

2. Isto significa que esta consagração é superior as outras formas de consagração a Virgem?

Não necessariamente, SE em outra forma de Consagração a  pessoa se consagra com a consciência e a intenção de, entregando-se totalmente, consagrar também os seus bens espirituais, como explicamos acima, mesmo que a fórmula desta outra forma de consagração NÃO explicite isso.
O diferencial da forma proposta por São Luis Montfort é que a fórmula expressa isso claramente, e a leitura do livro, bem como os 33 dias de preparação que ele propõe, tem como objetivo preparar a alma para este ato de Consagração Total (ou 30 dias, se considerarmos cada uma das 3 semanas finais que São Luis fala como "6 dias" ao invés de "7 dias"; neste artigo, consideramos 7 dias cada semana).

3. Isso significa que, fazendo a Consagração, eu poderei me prejudicar no sentido de sofrer mais no purgatório, por ter renunciado aos meus bens espirituais?

São Luís responde sobre isso claramente no Tratado (n. 133), e diz que NÃO!
Que Nosso Senhor e Sua Santíssima Mãe mais generosos neste e no outro mundo, com aqueles que mais generosos lhe forem nesta vida...
Ou não confiamos na Justiça e na Misericórdia de Deus?
Como acontecerá isso, não sabemos, é um mistério!
Pois esta é a renúncia do Evangelho: renunciar é ganhar cem vezes mais (Mc 10, 28-31). É perder para ganhar.
Mais do que uma renúncia, poderíamos dizer, a Consagração é um investimento; é colocar nossos bens mais preciosos nas Mãos Daquela que sabe administrá-los melhor do que nós, porque é a Grande Tesoureira de Deus; é colocar nossos bens na Arca do Imaculado Coração de Maria.
Alguns sugerem que Deus e Sua Mãe usem os bens espirituais de um consagrado para beneficiar outros consagrados.
Assim, os bens espirituais entregues nas Mãos Imaculadas da Virgem Maria multiplicam o seu valor, e os bens de um consagrado podem beneficiar  muitos outros consagrados, e todos aqueles que Deus desejar.

4. Isso significa que, tendo feito a Consagração, eu não poderei mais fazer pedidos a Deus e a Virgem?

Poderei, sim, é o que São Luis responde no Tratado (n. 132).
O que eu não poderei mais é OFERECER o valor das minhas obras por uma intenção PARTICULAR (ex: fazer um jejum por uma determinada intenção), pois o valor das minhas obras, no ato de Consagração, JÁ FOI OFERECIDO a Virgem, para que Ela, que sabe administrar melhor do que, disponha livremente deste valor, para usa-lo segundo o Seu Coração.
Fazer PEDIDOS, eu posso; e com mais confiança ainda: pois serão os pedidos de um súdito que, por amor, entregou todos os seus bens a Sua Amada Rainha, e pede com a confiança de quem sabe que conta com toda a benevolência Dela.
Obs: São Luis ainda garante que essa Consagração é compatível com o estado de vida de cada um, e por isso NÃO prejudica os deveres de estado de cada vocação; por exemplo, de um sacerdote que, por dever ou outro motivo, deve oferecer a Santa Missa por alguma intenção particular; pois a Consagração deve ser feita segundo a Ordem de Deus e os deveres de estado de cada vocação (n. 124).

5. Em que sentido se dá a “escravidão” à Virgem Maria? Parece algo tão estranho este termo...

É “estranho” porque precisa ser compreendido em seu significado espiritual.
Se dá no mesmo sentido que a Virgem disse ao Arcanjo São Gabriel na Anunciação: “Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em Mim conforme a Tua Palavra.” (Lc 1,38)
Se dá também no sentido do que Jesus viveu, como diz São Paulo aos Filipenses (F2, 7): “Aniquilou-se ma si mesmo, assumindo a condição de Escravo.”
São Luis mostra que naquela época não existiam “servos / empregados” como existe hoje, e existiam apenas escravos.
A diferença é que o servo NÃO depende totalmente do seu senhor, o escravo depende!
A Virgem, em sua liberdade, é Escrava por Amor, porque quis se entregar inteiramente ao Serviço do Seu Amado, do Deus que Ela ama!
Por esta Consagração Total, seguimos o exemplo da Virgem, nos entregando, por amor, para sermos “escravos de Jesus”, ou “escravos de Jesus por Maria”, ou ainda “escravos de Maria”. Todos estes termos estão corretos, diz São Luis, entendendo bem o seu significado.
E por esta Consagração, seguimos também o exemplo de Jesus, que se submeteu totalmente a Sua Santíssima Mãe quando se encarnou e foi gerado por Ela!
As referências para este assunto estão nos números 68 a 77 do Tratado, e do número 139 a 143.

São Luis Maria G. de Montfort
6. Há alguma prática exterior obrigatória para que a Consagração se efetive?

Não há no Tratado nenhuma evidência que ateste isso.
Pelo contrário: São Luis fala no Tratado (n. 226) que a Consagração é essencialmente INTERIOR.
E que as práticas EXTERIORES (oração do Rosário, do “Magnificat, prática da penitência, trazer junto de si um sinal externo da Consagração, ingresso em movimentos marianos, preparação de 33 dias de oração antes da Consagração, etc) são RECOMENDÁVEIS, mas NÃO são moralmente obrigatórios para um consagrado (pois NÃO se faz nenhum voto, nesse sentido, ao se fazer a Consagração), NEM são necessários para que a consagração seja válida.
Até porque São Luis Montfort, que propõe todo este método de Consagração, NÃO criou a Consagração, nem é um “rito”que ele instituiu; inclusive ele fala de muitos santos que viveram essa Consagração antes dele.
O que São Luis nos dá é um método para nos ensinar e ajudar a nos preparar e a viver esta Consagração.

7. Sou muito pecador! Isso é motivo para NÃO fazer a Consagração?

Não, senão ninguém se consagraria!
Vejo exatamente o contrário: se eu, Francisco, peco tanto sendo Consagrado e por isso tendo a plenitude das graças da Virgem, eu pecaria muito mais não sendo!
O que São Luis fala que é necessário (n.99), neste sentido, é a firme resolução de evitar o pecado mortal, o esforço para evitar outros pecados e a busca de uma autêntica vida de oração, penitência e apostolado.
O que, de alguma forma, é obrigação de todo o cristão...

8. Existe alguma data específica para que a Consagração seja feita?

Não há evidências disso no Tratado, mas o costume é que seja em uma DATA MARIANA.

9. Como são estes 33 dias de preparação?

São orações simples, mas como uma intenção profunda, que São Luis propõe que se faça durante 33 dias, renovando todos os anos quando se renova a Consagração, da seguinte forma (n. 227-233):
A lista das orações e os textos delas encontram-se no apêndice do Tratado, (ao menos na edição da Vozes, com as traduções para o português; as orações podem ser rezadas em português):

- 12 dias preliminares pedindo o desapego do mundo, rezando a cada dia “Veni, Creator Spiritus” e “Ave Maris Stela”
- 1ª semana pedindo o conhecimento de si mesmo, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo” e “Ladainha de Nossa Senhora”
- 2ª semana pedindo o conhecimento da Virgem Maria, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stela” e um Terço
- 3ª semana pedindo o conhecimento de Nosso Senhor, rezando a cada dia a “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stela”, “Oração de Santo Agostinho”, “Ladainha do Ssmo. Nome de Jesus” e “Ladainha do Sagrado Coração de Jesus”.

10. No dia da Consagração, o que se faz?

Se comunga (estando devidamente preparado, evidentemente; recomenda-se inclusive a Confissão no própria dia, se possível), se escreve a fórmula da Consagração (se encontra no final do Tratado, chamada “Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria”) e se assina, atestando a Consagração interior.
Recomenda-se ainda que neste dia se faça alguma forma de penitência (n. 231-232).

11. Preciso de um padre para fazer a Consagração?

Não há evidência nenhuma disso no Tratado, embora haja o sadio costume de Consagrar-se com o acompanhamento de um sacerdote.
Entretanto, se isso não acontecer, não parece de forma alguma prejudicar a Consagração, por ela se um ATO PESSOAL e INTERIOR.

12. Não li o Tratado ainda. Posso me Consagrar, ou iniciar os 33 dias de preparação, mesmo assim?

A nível geral, recomendo que NÃO se Consagre, e NEM MESMO que se inicie os 33 dias de preparação sem a leitura completa do Tratado, pois como se poderá preparar bem para a Consagração, sem a conhecê-la bem?
Além do mais, a Consagração é feita uma vez na vida, e portanto, é importante que se faça com esta preparação.
Até porque a Consagração poderá ser feita em outro momento mais para adiante, após a leitura do livro.

13. Falhei em algum exercício prático nos 33 dias ou no dia da própria Consagração, ou então cometi algum pecado mortal durante a preparação. Devo desistir de me consagrar no dia que propus?

Recomendo, a nível geral, que NÃO desista, e faça Consagração!
Pois como dissemos, ela é um ato interior, NÃO depende necessariamente dos atos exteriores de preparação, o Demônio odeia a consagração, e poderá se utilizar de um escrúpulo nosso em não ter cumprido 100% a preparação para nos tentar a desistir de fazer.
Por isso, recomendo que NÃO se desista por algumas falhas nesse sentido.
No caso de uma queda em pecado mortal, que haja, evidentemente, arrependimento e se busque a Confissão o mais rápido possível.

14. É verdade que o demônio odeia esta Consagração?

Sim. O próprio São Luis profetiza que no futuro o Tratado seria odiado e perseguido pelo inferno, pelo tesouro espiritual que ele é.
Há inúmeros testemunhos de que, a partir do momento que a pessoa se decide a fazer a Consagração, inúmeros impedimentos improváveis começam misteriosamente acontecer, o que a faz pensar em desistir.
Sabendo disso, saibamos que estamos entrando em uma guerra espiritual, e portanto sejamos firmes em não desistir, sabendo que temos ao nosso lado Aquela que Avança como a Aurora, Temível como um Exército em Ordem de Batalha (Ct. 6, 9-10), a Mulher Vestida de Sol (Ap 12,1)!

(Francisco Dockhorn)

Fonte: Reino da Virgem Mãe de Deus

quinta-feira, 15 de março de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (14/03/2012) - Tema: MORTIFICAÇÃO (PARTE I)



PRIMEIRO SENTIDO DA MORTIFICAÇÃO: MATAR O “HOMEM VELHO”

«Se não te mortificas, nunca serás alma de oração» (São Josemaria Escrivá).
Por quê? Porque dentro de nós há, como diz São Paulo, duas forças opostas em contínua luta: o “homem velho” e o “homem novo” (ver Ef 4,22-24). A Escritura logo chama nossa concupiscência de “homem velho”, oposto ao “homem novo” que é Jesus que vive em nós e nós mesmos que vivemos em Jesus. O homem velho tem um nome: “egoísmo”, fruto do pecado original e dos pecados pessoais. O homem novo também tem um nome: “amor”, fruto da presença do Espírito Santo na alma e da nossa correspondência.
Os dois “homens” são como brigões que puxam de uma corda, cada um por um extremo, em sentido contrário. Se o “velho” levar a melhor, arrasta-nos para longe de Cristo (pois só a graça e o amor nos aproximam dEle). Mas toda vez que o “novo” vence (”mortificando” o egoísmo), aproxima-nos de Deus, da amizade com Cristo, da união com Ele.
Por isso, entende-se bem que Jesus diga: «Se alguém quiser vir comigo, negue-se a si mesmo [negue o "eu" egoísta], tome a sua cruz e siga-me» (Mt 16,24).
O “homem velho” ou esta carne deve ser, não digo aniquilado, porque é coisa impossível enquanto dure a vida presente, mas sim mortificado, ou seja, reduzido praticamente à impotência, à inércia e à esterilidade de um morto; há que impedir-lhe que dê seu fruto, que é o pecado, e anular sua ação em toda a nossa vida moral.


SEGUNDO SENTIDO DA MORTIFICAÇÃO: REPARAR OS PECADOS COMETIDOS

A mensagem de Fátima nos ajudará a compreender este ponto:
Eis que outro dia, pouco depois da primeira aparição angelical, quando as crianças brincavam perto do poço que existia no quintal da casa da família, o mesmo Anjo apareceu dizendo-lhes: "Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios." Lúcia pergunta então ao Anjo: "Como nos havemos de sacrificar?"; ao que foi respondida: "De tudo que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores."
Em outra aparição, recomendou Nossa Senhora: "Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria".
Em outra, dizia aos pastorinhos: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.


ALGUNS TIPOS DE MORTIFICAÇÃO

1º) A mortificação externa, a da ordem e pontualidade na oração. É importante ter uma hora e um lugar fixos para a oração e observá-los, mesmo que não tenhamos vontade nem facilidade (só deixá-los se há “impossibilidade”).
«É preciso vencer - diz São Josemaria Escrivá - a poltronaria, o falso critério de que a oração pode esperar. Não adiemos nunca essa fonte de graças para amanhã. O tempo oportuno é agora».

2º) A mortificação física da gula. Não faça essa cara de estranheza. Sim, gula e oração têm muito a ver, como ensinavam os cristãos dos primeiros séculos. Comer demais, além de fazer mal ao corpo, enfraquece a alma e a torna “pesada”. No século V, o abade João Cassiano, grande mestre da oração, escrevia: «O primeiro combate que devemos empreender é contra o espírito de gula. A abstinência corporal não tem outra razão de ser senão conduzir-nos à pureza do coração».

3º) A mortificação da imaginação. Não podemos ter a imaginação à solta, ao longo do dia. Dizem que Santa Teresa de Ávila chamava a imaginação de a “louca da casa”, o que é uma grande verdade; quem não se acostuma a mortificar devaneios à toa, filminhos mentais sem substância, depois, quando chega a hora da oração, sofre o bombardeio das distrações: a imaginação solta as suas “bombas de fumaça” e não nos deixa fixar a mente e o coração em Deus.

4º) A mortificação que purifica. São Josemaria compara a nossa alma a um «pássaro que ainda tem as asas empastadas de lama», e comenta que são necessários «muito calor do Céu [graça de Deus] e esforços pessoais pequenos e constantes [mortificações], para arrancar esse barro pegajoso das asas»

5) Finalmente, as mortificações necessárias para cumprir a Vontade de Deus. A própria oração nos faz ver, quase sempre, o que Deus quer de nós. Para dizer-lhe “sim”, teremos que dizer “não” a algum gosto, plano ou prazer pessoal. Por exemplo, para não deixar de ir à Missa aos domingos. Ou para participar de um apostolado ou de um trabalho social em favor dos necessitados... As mortificações que elas exigem são as pontes por onde passa o amor. Do outro lado da ponte da mortificação, feita com amor a Deus e ao próximo, estão os braços e o coração aberto de Cristo Jesus. E, com ele, está a alegria.


O JEJUM NA BÍBLIA

Na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Dado que todos estamos entorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Onipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua proteção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.


A PENITÊNCIA NO CÓDIGO DO DIREITO CANÔNICO

Cân. 1250 — Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma.
Cân. 1251 — Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cân. 1252 — Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Via Sacra


Queridos leitores, 
Preparamos, esta semana, uma Via Sacra para nos ajudar a meditar sobre a Paixão de Nosso Senhor durante a quaresma. Recomendamos que a medite principalmente às sextas-feiras. 
Se desejar, clique na imagem correspondente à estação para visualizá-la maior durante cada pausa para meditação.
Que este piedoso exercício possa santificar ainda mais nossas vidas!
Salve Maria!

"São poucas as almas que contemplam a Minha Paixão com um verdadeiro afeto. Concedo as graças mais abundantes às almas que meditam piedosamente sobre a Minha Paixão." 
(Diário de Santa Faustina)


Via Sacra segundo as meditações de Santo Afonso de Ligório


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Ato de Contrição

Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração de vos Ter ofendido, porque sois tão bom e amável. Prometo, com a vossa graça, esforçar-me para ser bom. Meu Jesus, misericórdia!
Senhor meu, Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu: por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de Vos Ter ofendido; pesa-me também de Ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com o auxílio de Vossa divina graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão de minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia.
Amém.


Meu Senhor, desejo ganhar todas as indulgências concedidas para esse exercício sagrado para mim e para as almas que padecem no purgatório.


Oração Inicial

Senhor meu, Jesus Cristo, Vós percorrestes com tão grande amor este caminho para morrer por mim, e eu vos tenho ofendido tantas vezes apartando-me de Vós pelo pecado;
Mas agora vos amo com todo meu coração, e porque vos amo, me arrependo sinceramente de todas as ofensas que vos tenho feito.
Perdoai-me, Senhor, e permita-me que vos acompanhe nesta viagem.
Vais morrer por meu amor, pois eu também quero viver e morrer pelo vosso, amado Redentor meu.
Sim, Jesus meu, quero viver sempre e morrer unido a Vós.


 V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como Jesus, depois de haver sido açoitado e coroado de espinhos, foi injustamente sentenciado por Pilatos a morrer crucificado.
Aqui se faz uma pequena pausa para considerar brevemente o mistério, e o mesmo nas demais estações.
Adorado Jesus meu: meus pecados foram maiores dos que de Pilatos, dos que vos sentenciaram a morte.
Pelos méritos deste doloroso passo, vos suplico, me assistais no caminho que vai percorrendo minha alma para a eternidade.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória.. e a seguinte oração: 
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.


 V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como Jesus, andando neste caminho com a cruz às costas, ia pensando em vós e oferecendo a seu Pai por vossa salvação a morte que ia padecer.
Amabilíssimo Jesus meu: abraço todas as tribulações que me tens destinadas até a morte, e vos rogo, pelos méritos da pena que sofrestes levando vossa Cruz, me deis força para levar a minha com perfeita paciência e resignação .
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



 V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera esta primeira queda de Jesus debaixo da Cruz.
Suas carnes estavam despedaçadas pelos açoites; sua cabeça coroada de espinhos, e havia já derramado muito sangue, pelo qual estava tão frágil, que apenas podia caminhar;
Levava ao mesmo tempo aquele enorme peso sobre seus ombros e os soldados lhe empurravam; de modo que muitas vezes desfaleceu e caiu neste caminho.
Amado Jesus meu: mais que o peso da Cruz, são meus pecados os que Vos fazem sofrer tantas penas.
Pelos méritos desta primeira queda, livrai-me de cair em pecado mortal.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração. 
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



 V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera o encontro do Filho com sua Mãe neste caminho.
Se olharam mutuamente Jesus e Maria, e seus olhares foram outras tantas flechas que transpassaram seus amantes corações.
Amantíssimo Jesus meu: pela pena que experimentastes neste encontro, concedei-me a graça de ser verdadeiro devoto de vossa Santíssima Mãe.
E Vós, minha aflita Rainha, que fostes abrumada de dor, alcançai-me com vossa intercessão uma contínua e amorosa memória da Paixão de vosso Filho.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.


 
V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como os judeus, ao ver que Jesus ia desfalecendo cada vez mais, temeram que Ele morresse no caminho e, como desejavam vê-lo morrer da morte infame de Cruz, obrigaram a Simão, o Cireneu, a que lhe ajudasse a levar aquele pesado madeiro.
Dulcíssimo Jesus meu: não quero recusar a Cruz, como o fez o Cireneu, antes bem a aceito e a abraço; aceito em particular a morte que tenhais destinada para mim, com todas as penas que a tem de acompanhar, a uno a vossa, e Vos a ofereço.
Vós haveis querido morrer por meu amor, eu quero morrer pelo vosso; ajudai-me com vossa graça.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.


V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como a devota mulher Verônica, ao ver a Jesus tão fatigado e com o rosto banhado em suor e sangue, lhe ofereceu um lenço.
E limpando-se com ele nosso Senhor, deixou impresso neste sua santa imagem.
Amado Jesus meu: em outro tempo vosso rosto era lindíssimo; mas nesta dolorosa viagem, as feridas e o sangue tem mudado sua beleza.
Ah! Senhor meu, também minha alma ficou linda a vossos olhos quando recebi a graça do batismo, mas eu a tenho desfigurado depois com meus pecados.
Vós apenas, Oh! Redentor meu!, podeis restituir-lhe minha beleza passada: fazendo-o pelos méritos de vossa Paixão.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera a segunda queda de Jesus debaixo da Cruz, na qual se lhe renova a dor das feridas de sua cabeça e de todo seu corpo ao aflito Senhor.
Oh! pacientíssimo Jesus meu: Vós tantas vezes me haveis perdoado, e eu tenho voltado a cair e a ofender-vos.
Ajudai-me, pelos méritos desta nova queda, a perseverar em vossa graça até a morte.
Fazei que em todas as tentações que me assaltem, sempre e prontamente me encomende a Vós.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como algumas piedosas mulheres, vendo a Jesus em tão lastimoso estado, que ia derramando sangue pelo caminho, choravam de compaixão; mas Jesus lhes disse: não choreis por mim, mas sim por vós mesmas e por vossos filhos.
Aflito Jesus meu: choro as ofensas que Vos tenho feito, pelos castigos que tenho merecido, mas muito mais pelo desgosto que tenho dado a Vós, que tão ardentemente me haveis amado.
Não é tanto o Inferno, o que me faz chorar meus pecados, mas ter ofendido o vosso amor imenso.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera a terceira queda de Jesus Cristo.
Extremada era sua fraqueza e excessiva a crueldade dos soldados, que queriam fazer-lhe apressar o passo, quando apenas lhe restava forças para mover-se lentamente.
Atormentado Jesus meu: pelos méritos da debilidade que quisestes padecer em vosso caminho ao Calvário, dai-me a fortaleza necessária para vencer os respeitos humanos e todos os meus desordenados e perversos apetites, que me tem feito desprezar vossa amizade.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez;
Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como ao ser despojado Jesus de suas vestes pelos soldados, estando a túnica interior pregada às carnes descoladas pelos açoites, lhe arrancaram também com ela a pele de seu sagrado corpo.
Compadece-se a vosso Senhor e diga-lhe:
Inocente Jesus meu: Pelos méritos da dor que sofrestes, ajudai-me a desnudar-me de todos os afetos às coisas terrenas, para, que possa eu pôr todo meu amor em Vós, que tão digno sois de ser amado.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez; Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como Jesus, estendido sobre a Cruz, abre seus pés e mãos e oferece ao Eterno Pai o sacrifício de sua vida por nossa salvação; lhe cravam aqueles bárbaros soldados e depois levantam a Cruz ao alto, deixando-lhe morrer de dor, sobre aquele patíbulo infame.
Oh! desprezado Jesus meu: Cravai meu coração a vossos pés para que permaneça sempre ali vos amando e não vos deixe mais.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez; Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como Jesus, depois de três horas de agonia, consumido de dores e exausto de forças seu corpo, inclina a cabeça e expira na Cruz. 
Oh! morto Jesus meu: Beijo enternecido essa Cruz em que por mim haveis morrido. 
Eu, por meus pecados, teria merecido uma má morte, mas a vossa é minha esperança.
Eis, pois Senhor, pelos méritos de vossa Santíssima morte, concedei-me a graça de morrer abraçado a vossos pés e consumido por vosso amor.
Em vossas mãos encomendo minha alma.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez; Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como, havendo expirado o Senhor, lhe baixaram da Cruz dois de seus discípulos.
José e Nicodemos, e lhe depositaram nos braços de sua dolorosíssima Mãe, Maria, que lhe recebeu com ternura e lhe apertou contra seu peito transpassado de dor.
Oh! Mãe dolorosíssima: Pelo amor deste Filho, admiti-me por vosso servo e rogai-lhe por mim.
E Vós, Redentor meu, já que haveis querido morrer por mim, recebei-me no número dos que vos amam mais, pois eu não quero amar nada fora de Vós.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez; Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



V. Te adoramos, Cristo, e te bendizemos.
R. Porque com vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considera como os discípulos levaram a sepultar Jesus, acompanhando-lhe também sua Santíssima Mãe, que lhe depositou no sepulcro com suas próprias mãos.
Depois cerraram a porta do sepulcro e se retiraram.
Oh! Jesus meu, sepultado: Beijo essa pedra que vos encerra.
Vos ressuscitastes depois de três dias; por vossa ressurreição vos peço e vos suplico me façais ressuscitar glorioso no dia do juízo final para estar eternamente convosco na glória, amando-vos e bendizendo-vos.
Amo-vos, Oh! Jesus meu, mais que a mim mesmo, e me arrependo de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez; Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória... e a seguinte oração.
 
Amado Jesus meu,
Por mim vais a morte,
Quero seguir vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.



Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.