Não há como falar de
São Luis Maria G. de Montfort sem falar da Virgem Maria. Este santo, o qual
celebramos em 28 de abril, é considerado o maior devoto da Santíssima Virgem.
Sua obra, o "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem" tem levado
muitos a uma verdadeira devoção e entrega total às mãos de Maria.
Postamos aqui um breve
testemunho do Beato João Paulo II acerca de São Luis Montfort e a doutrina
contida no Tratado. Podemos observar com grande alegria que o papa "todo
de Maria" atribui a São Luis Montfort a sua tão grande devoção a Nossa
Senhora.
São
Luis Montfort, rogai por nós!
"Há 160 anos
foi publicada uma obra destinada a tornar-se um clássico da espiritualidade
mariana. São Luís Maria Grignion de Montfort compôs o Tratado sobre a
verdadeira devoção à Virgem Santíssima no início de 1700, mas o manuscrito
permaneceu praticamente desconhecido por mais de um século. Quando finalmente,
quase por acaso, em 1842 foi descoberto e em 1843 foi publicado, teve sucesso
imediato, revelando-se uma obra de eficiência extraordinária para a difusão da
"verdadeira devoção" à Virgem Santíssima. Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da
leitura deste livro, no qual "encontrei a resposta às minhas
perplexidades" devidas ao receio que o culto a Maria, "dilatando-se
excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a
Cristo" (Dom e mistério, pág. 38). Sob a orientação sábia de São
Luís Maria compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse
risco não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de fato, "está
radicado no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de
Deus (ibid.).
A Igreja,
desde as suas origens, e sobretudo nos momentos mais difíceis, contemplou com
particular intensidade um dos acontecimentos da Paixão de Jesus Cristo,
referido a São João: "Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe
e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus,
ao ver ali de pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe:
"Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo:
"Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como
sua" (Jo 19, 25-27). Ao longo da sua história, o Povo de Deus
experimentou esta doação feita por Jesus crucificado: a doação da sua
Mãe. Maria Santíssima é verdadeiramente a nossa Mãe, que nos acompanha na nossa
peregrinação de fé, esperança e caridade rumo à união cada vez mais intensa com
Cristo, único salvador e mediador da salvação (cf. Const. Lumen
gentium, 60 e 62).
Como se sabe,
no meu brasão episcopal, que é a ilustração simbólica do texto evangélico acima
citado, o mote Totus tuus está
inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort (cf. Dom
e mistério, págs. 38-39: Rosarium Virginis Mariae, 15).
Estas duas palavras exprimem a pertença total a Jesus por meio de
Maria: "Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt",
escreve São Luís Maria; e traduz: "Eu
sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence, meu amável Jesus, por meio de
Maria, tua Santa Mãe" (Tratado sobre a verdadeira
devoção, 233). A doutrina deste
Santo exerceu uma profunda influência sobre a devoção mariana de muitos fiéis e
sobre a minha própria vida. Trata-se de uma doutrina vivida, de
grande profundidade ascética e mística, expressa com um estilo vivo e
fervoroso, que usa com frequência imagens e símbolos. A partir do tempo em que São Luís Maria
viveu, a teologia mariana contudo desenvolveu-se muito, sobretudo mediante o
contributo decisivo do Concílio Vaticano II. Por conseguinte, hoje, deve ser
lida novamente e interpretada à luz do Concílio a doutrina monfortina, que
conserva de igual modo a sua substancial validade."
(CARTA DO
PAPA JOÃO PAULO II ÀS FAMÍLIAS MONFORTINAS SOBRE A DOUTRINA DO SEU FUNDADOR. Vaticano, 8 de Dezembro de 2003, Solenidade da Imaculada Conceição
da Bem-Aventurada Virgem Maria.)
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