Ontem recordamos a entrada
triunfal de Cristo em Jerusalém. A multidão dos discípulos e outras pessoas
aclamaram-no como Messias e Rei de Israel. No fim do dia, cansado, voltou a
Betânia, aldeia situada muito próximo da capital, onde costumava alojar-se nas
suas visitas a Jerusalém.
Ali, uma família amiga tinha
sempre disponível um lugar para Ele e para os seus. Lázaro, a quem Jesus
ressuscitou dos mortos, é o chefe da família; vivem com ele Marta e Maria, suas
irmãs, que esperam cheias de entusiasmo a chegada do Mestre, contentes por
poder oferecer-lhe os seus serviços.
Nos últimos dias da sua vida na
terra, Jesus passa longas horas em Jerusalém, dedicado a uma pregação
intensíssima. À noite, recupera as forças em casa dos seus amigos. E em Betânia
tem lugar um episódio recolhido pelo Evangelho da Missa de hoje.
Seis dias antes da Páscoa –
relata São João –, foi Jesus a Betânia. Ali lhe ofereceram uma ceia; Marta
servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa. Maria tomou então uma
libra de perfume de nardo autêntico, muito caro, ungiu os pés de Jesus com ele
e enxugou-os com os seus cabelos, e a casa encheu-se com a fragrância do
perfume.
Imediatamente salta à vista a
generosidade desta mulher. Deseja manifestar o seu agradecimento ao Mestre, por
ter devolvido a vida ao seu irmão e por tantos outros bens recebidos, e não
repara em gastos. Judas, presente na cena, calcula exatamente o preço do
perfume.
Mas, em vez de louvar a
delicadeza de Maria, entregou-se à crítica: por que não se vendeu este perfume
por trezentos denários para dá-los aos pobres? Na realidade, como faz notar São
João, não lhe importavam os pobres; interessava-lhe ter acesso ao dinheiro da
bolsa e furtar o seu conteúdo.
“Mas Jesus faz uma avaliação
muito diferente”, escreve João Paulo II. “Sem nada tirar ao dever da caridade
para com os necessitados, aos quais os discípulos sempre se hão-de dedicar–
«Pobres, sempre os tereis convosco» (Jo 12, 8; cf. Mt 26, 11; Mc 14, 7) –, Ele
pensa no momento já próximo da sua morte e sepultura, considerando a unção que
Lhe foi feita como uma antecipação daquelas honras de que continuará a ser
digno o seu corpo mesmo depois da morte, porque indissoluvelmente ligado ao
mistério da sua pessoa” (Ecclesia de Eucharistia, 47).
Para ser verdadeira virtude, a
caridade deve estar ordenada. E o primeiro lugar é de Deus: amarás ao Senhor
teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua mente.
Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é como este: amarás o teu
próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem
toda a Lei e os Profetas. Por isso, equivocam-se os que – com a desculpa de
aliviar as necessidades materiais dos homens – se desentendem das necessidades
da Igreja e dos ministros sagrados. Escreve São Josemaria Escrivá: “aquela
mulher que, em casa de Simão o leproso, em Betânia, unge com rico perfume a
cabeça do Mestre, recorda-nos o dever de sermos magnânimos no culto de Deus.
– Todo o luxo, majestade e beleza
me parecem pouco.
– E contra os que atacam a
riqueza dos vasos sagrados, paramentos e retábulos, ouve-se o louvor de Jesus:
«Opus enim bonum operata est in me» - uma boa obra fez para comigo.– uma boa
obra foi feita comigo”.
Quantas pessoas se comportam como
Judas! Vêem o bem que fazem outros, mas não querem reconhecê-lo: empenham-se em
descobrir intenções torcidas, tendem a criticar, a murmurar, a fazer juízos
temerários. Reduzem a caridade ao puramente material – dar umas moedas ao
necessitado, talvez para tranqüilizar a sua consciência – e esquecem que – como
escreve também São Josemaria Escrivá – “a caridade cristã não se limita a
socorrer o necessitado de bens econômicos; leva-nos, antes de mais nada, a
respeitar e a defender cada indivíduo enquanto tal, na sua intrínseca dignidade
de homem e de filho do Criador”.
A Virgem Maria entregou-se
completamente ao Senhor e esteve sempre preocupada com os homens. Hoje
pedimos-lhe que interceda por nós, para que, nas nossas vidas, o amor a Deus e
o amor ao próximo se unam numa só coisa, como as duas faces de uma mesma moeda.
(Fonte: Opus Dei)
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