O Evangelho da Missa termina com
o anúncio de que os Apóstolos deixariam Cristo só durante a Paixão. A Simão
Pedro que, cheio de presunção, afirmava: eu darei a minha vida por ti, o Senhor
respondeu: tu darás a tua vida por mim? Eu te asseguro que não cantará o galo,
antes de me teres negado três vezes.
Em poucos dias cumpriu-se a
predição. Todavia, poucas horas antes, o Mestre tinha-lhes dado uma lição
clara, preparando-os para os momentos de escuridão que se avizinhavam.
Ocorreu no dia seguinte ao da entrada
triunfal em Jerusalém. Jesus e os Apóstolos tinham saído muito cedo de Betânia
e, com a pressa, talvez não tivessem comido nada. O caso é que, como relata São
Marcos, o Senhor sentiu fome. Vendo ao longe uma figueira com folhas, foi ver
se nela encontraria alguma coisa; mas, ao chegar junto dela, não encontrou
senão folhas, pois não era tempo de figos. Disse então: «Nunca mais ninguém
coma fruto de ti.» E os discípulos ouviram isto.
Ao entardecer regressaram à
aldeia. Devia ser já tarde avançada e não repararam na figueira amaldiçoada.
Mas no dia seguinte, terça-feira, ao voltar de novo a Jerusalém, todos
contemplaram aquela árvore, antes frondosa, que mostrava os ramos nus e secos.
Pedro fê-lo notar a Jesus: “Olha, Mestre, a figueira que amaldiçoaste secou!”
Jesus disse-lhes: “Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a
este monte: «Sai daí e lança-te ao mar», e não vacilar em seu coração, mas
acreditar que o que diz vai se realizar, assim acontecerá”.
Durante a sua vida pública, para
realizar milagres, Jesus pedia uma só coisa: fé. Aos cegos que lhe suplicavam a
cura, tinha-lhes perguntado: credes que posso fazer isso? – Sim, Senhor,
responderam-lhe. Então tocou-lhes os olhos dizendo: que se faça em vós conforme
a vossa fé. E abriram-se-lhes os olhos. E contam os Evangelhos que, em muitos
lugares, não realizou prodígios, porque às pessoas lhes faltava fé.
Também nós temos de nos
interrogar: como é a nossa fé? Confiamos plenamente na palavra de Deus? Pedimos
na oração o que necessitamos, seguros de consegui-lo se é para nosso bem?
Insistimos nas súplicas, o que seja preciso, sem desfalecer?
São Josemaria comentava esta cena
do Evangelho. “Jesus – escreve – aproxima-se de ti e aproxima-se de mim. Jesus
tem fome e sede de almas. Do alto da cruz clamou: sitio!, tenho sede. Sede de
nós, do nosso amor, das nossas almas e de todas as almas que lhe devemos levar
pelo caminho da Cruz, que é o caminho da imortalidade e da glória do Céu”.
Aproximou-se da figueira, não
achando senão folhas (Mt 21, 19). É lamentável isto. É assim na nossa vida?
Será que, tristemente, falta fé, vibração de humildade, será que não aparecem
sacrifícios nem obras?
Os discípulos maravilharam-se com
o milagre, mas de nada lhes serviu: poucos dias depois negariam o seu Mestre. A
fé deve informar a vida inteira. “Jesus Cristo estabelece esta condição”,
prossegue São Josemaria: “que vivamos da fé, porque depois seremos capazes de
remover montanhas. E há tantas coisas para remover... no mundo e, antes de mais
nada, no nosso coração. Tantos obstáculos à graça! Tenhamos, pois, fé. Fé com
obras, fé com sacrifício, fé com humildade”.
Maria, com a sua fé, tornou
possível a obra da Redenção. João Paulo II afirma que no centro deste mistério,
no mais vivo desta admiração de fé está Maria, Santa Mãe do Redentor
(Redemptoris Mater, 51). Ela acompanha constantemente todos os homens pelos
caminhos que conduzem à vida eterna. “A Igreja, escreve o Papa, contempla Maria
profundamente inserida na história da humanidade, na eterna vocação do homem
segundo o desígnio providencial que Deus predispôs eternamente para ele; vê-a
maternalmente presente e participante nos múltiplos e complexos problemas que
acompanham hoje a vida dos indivíduos, das famílias e das nações; vê-a
socorrendo o povo cristão na luta incessante entre o bem e o mal, para que «não
caia» ou, se caiu, para que «se erga»”. (Redemptoris Mater, 52).
Maria, Mãe nossa: alcança-nos com
a tua intercessão poderosa uma fé sincera, uma esperança segura, um amor
ardente.
(Fonte: Opus Dei)
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