Muitos já fizeram a sua
Consagração Total à Santíssima Virgem pelo método de São Luis Maria Montfort,
como ele nos ensina no seu maravilhoso "Tratado da Verdadeira Devoção a
Santíssima Virgem", e muitos desejam se preparar também para se Consagrar!
O "Tratado" sempre foi
muito recomendado pelo Servo de Deus João Paulo II. Foi por esta Consagração
que ele assumiu o lema de seu pontificado "Totus Tuus" ("Todo
Teu", todo de Maria!).
Diante das dúvidas que surgem a
respeito desta Consagração, preparamos esta postagem na tentativa de esclarecer
as dúvidas mais comuns.
1. Em que a Consagração proposta por São Luis Maria Montfort se
diferencia das demais consagrações a Santíssima Virgem?
A Consagração proposta por São
Luis é uma Consagração TOTAL, da pessoa INTEIRA, como fala na própria fórmula
da consagração, em “corpo, alma, bens exteriores, bens interiores, valor das
obras boas passadas, presentes e futuras.”
E aqui é importante esclarecer: o
que é este valor das boas obras?
Segundo o próprio São Luis
explica, é o valor espiritual de todas as nossas obras de virtude, que se dá em
3 aspectos:
- Valor meritório: aumenta o
nosso grau de glória no céu
- Valor satisfatório: diminui a
nossa eventual pena no purgatório
- Valor impetratório: é o valor
que podemos “aplicar”, oferecendo uma obra de virtude por uma intenção em
particular
Por esta consagração, nós nos
entregamos inteiros a Virgem, e inclusive entregamos o valor das nossas boas
obras, nos despojando daquilo que seria um “direito” nosso, para que Ela possa
dispor deste valor livremente, e usar da forma como for melhor.
Por exemplo: por esta
Consagração, a Virgem pode usar o valor de uma boa obra nossa para converter
uma pessoa do outro lado do mundo, que nem conhecemos, que só conheceremos no
céu!
A explicação deste ponto
encontra-se nos números 121 a
125 do Tratado.
2. Isto significa que esta consagração é superior as outras formas de
consagração a Virgem?
Não necessariamente, SE em outra
forma de Consagração a pessoa se
consagra com a consciência e a intenção de, entregando-se totalmente, consagrar
também os seus bens espirituais, como explicamos acima, mesmo que a fórmula
desta outra forma de consagração NÃO explicite isso.
O diferencial da forma proposta
por São Luis Montfort é que a fórmula expressa isso claramente, e a leitura do
livro, bem como os 33 dias de preparação que ele propõe, tem como objetivo
preparar a alma para este ato de Consagração Total (ou 30 dias, se
considerarmos cada uma das 3 semanas finais que São Luis fala como "6 dias"
ao invés de "7 dias"; neste artigo, consideramos 7 dias cada semana).
3. Isso significa que, fazendo a Consagração, eu poderei me prejudicar
no sentido de sofrer mais no purgatório, por ter renunciado aos meus bens
espirituais?
São Luís responde sobre isso
claramente no Tratado (n. 133), e diz que NÃO!
Que Nosso Senhor e Sua Santíssima
Mãe mais generosos neste e no outro mundo, com aqueles que mais generosos lhe
forem nesta vida...
Ou não confiamos na Justiça e na
Misericórdia de Deus?
Como acontecerá isso, não sabemos,
é um mistério!
Pois esta é a renúncia do
Evangelho: renunciar é ganhar cem vezes mais (Mc 10, 28-31). É perder para
ganhar.
Mais do que uma renúncia,
poderíamos dizer, a Consagração é um investimento; é colocar nossos bens mais
preciosos nas Mãos Daquela que sabe administrá-los melhor do que nós, porque é
a Grande Tesoureira de Deus; é colocar nossos bens na Arca do Imaculado Coração
de Maria.
Alguns sugerem que Deus e Sua Mãe
usem os bens espirituais de um consagrado para beneficiar outros consagrados.
Assim, os bens espirituais
entregues nas Mãos Imaculadas da Virgem Maria multiplicam o seu valor, e os
bens de um consagrado podem beneficiar
muitos outros consagrados, e todos aqueles que Deus desejar.
4. Isso significa que, tendo feito a Consagração, eu não poderei mais
fazer pedidos a Deus e a Virgem?
Poderei, sim, é o que São Luis
responde no Tratado (n. 132).
O que eu não poderei mais é
OFERECER o valor das minhas obras por uma intenção PARTICULAR (ex: fazer um
jejum por uma determinada intenção), pois o valor das minhas obras, no ato de
Consagração, JÁ FOI OFERECIDO a Virgem, para que Ela, que sabe administrar
melhor do que, disponha livremente deste valor, para usa-lo segundo o Seu
Coração.
Fazer PEDIDOS, eu posso; e com
mais confiança ainda: pois serão os pedidos de um súdito que, por amor,
entregou todos os seus bens a Sua Amada Rainha, e pede com a confiança de quem
sabe que conta com toda a benevolência Dela.
Obs: São Luis ainda garante que
essa Consagração é compatível com o estado de vida de cada um, e por isso NÃO
prejudica os deveres de estado de cada vocação; por exemplo, de um sacerdote
que, por dever ou outro motivo, deve oferecer a Santa Missa por alguma intenção
particular; pois a Consagração deve ser feita segundo a Ordem de Deus e os
deveres de estado de cada vocação (n. 124).
5. Em que sentido se dá a “escravidão” à Virgem Maria? Parece algo tão
estranho este termo...
É “estranho” porque precisa ser
compreendido em seu significado espiritual.
Se dá no mesmo sentido que a
Virgem disse ao Arcanjo São Gabriel na Anunciação: “Eis aqui a Escrava do
Senhor, faça-se em Mim conforme a Tua Palavra.” (Lc 1,38)
Se dá também no sentido do que
Jesus viveu, como diz São Paulo aos Filipenses (F2, 7): “Aniquilou-se ma si
mesmo, assumindo a condição de Escravo.”
São Luis mostra que naquela época
não existiam “servos / empregados” como existe hoje, e existiam apenas
escravos.
A diferença é que o servo NÃO
depende totalmente do seu senhor, o escravo depende!
A Virgem, em sua liberdade, é
Escrava por Amor, porque quis se entregar inteiramente ao Serviço do Seu Amado,
do Deus que Ela ama!
Por esta Consagração Total,
seguimos o exemplo da Virgem, nos entregando, por amor, para sermos “escravos
de Jesus”, ou “escravos de Jesus por Maria”, ou ainda “escravos de Maria”.
Todos estes termos estão corretos, diz São Luis, entendendo bem o seu
significado.
E por esta Consagração, seguimos
também o exemplo de Jesus, que se submeteu totalmente a Sua Santíssima Mãe
quando se encarnou e foi gerado por Ela!
As referências para este assunto
estão nos números 68 a
77 do Tratado, e do número 139
a 143.
São Luis Maria G. de Montfort |
6. Há alguma prática exterior obrigatória para que a Consagração se
efetive?
Não há no Tratado nenhuma
evidência que ateste isso.
Pelo contrário: São Luis fala no
Tratado (n. 226) que a Consagração é essencialmente INTERIOR.
E que as práticas EXTERIORES
(oração do Rosário, do “Magnificat, prática da penitência, trazer junto de si
um sinal externo da Consagração, ingresso em movimentos marianos, preparação de
33 dias de oração antes da Consagração, etc) são RECOMENDÁVEIS, mas NÃO são
moralmente obrigatórios para um consagrado (pois NÃO se faz nenhum voto, nesse
sentido, ao se fazer a Consagração), NEM são necessários para que a consagração
seja válida.
Até porque São Luis Montfort, que
propõe todo este método de Consagração, NÃO criou a Consagração, nem é um
“rito”que ele instituiu; inclusive ele fala de muitos santos que viveram essa
Consagração antes dele.
O que São Luis nos dá é um método
para nos ensinar e ajudar a nos preparar e a viver esta Consagração.
7. Sou muito pecador! Isso é motivo para NÃO fazer a Consagração?
Não, senão ninguém se
consagraria!
Vejo exatamente o contrário: se
eu, Francisco, peco tanto sendo Consagrado e por isso tendo a plenitude das
graças da Virgem, eu pecaria muito mais não sendo!
O que São Luis fala que é
necessário (n.99), neste sentido, é a firme resolução de evitar o pecado
mortal, o esforço para evitar outros pecados e a busca de uma autêntica vida de
oração, penitência e apostolado.
O que, de alguma forma, é
obrigação de todo o cristão...
8. Existe alguma data específica para que a Consagração seja feita?
Não há evidências disso no
Tratado, mas o costume é que seja em uma DATA MARIANA.
9. Como são estes 33 dias de preparação?
São orações simples, mas como uma
intenção profunda, que São Luis propõe que se faça durante 33 dias, renovando
todos os anos quando se renova a Consagração, da seguinte forma (n. 227-233):
A lista das orações e os textos
delas encontram-se no apêndice do Tratado, (ao menos na edição da Vozes, com as
traduções para o português; as orações podem ser rezadas em português):
- 12 dias preliminares pedindo o
desapego do mundo, rezando a cada dia “Veni, Creator Spiritus” e “Ave Maris
Stela”
- 1ª semana pedindo o conhecimento
de si mesmo, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo” e “Ladainha de
Nossa Senhora”
- 2ª semana pedindo o
conhecimento da Virgem Maria, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo”,
“Ave Maris Stela” e um Terço
- 3ª semana pedindo o conhecimento
de Nosso Senhor, rezando a cada dia a “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris
Stela”, “Oração de Santo Agostinho”, “Ladainha do Ssmo. Nome de Jesus” e
“Ladainha do Sagrado Coração de Jesus”.
10. No dia da Consagração, o que se faz?
Se comunga (estando devidamente
preparado, evidentemente; recomenda-se inclusive a Confissão no própria dia, se
possível), se escreve a fórmula da Consagração (se encontra no final do
Tratado, chamada “Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada,
pelas mãos de Maria”) e se assina, atestando a Consagração interior.
Recomenda-se ainda que neste dia
se faça alguma forma de penitência (n. 231-232).
11. Preciso de um padre para fazer a Consagração?
Não há evidência nenhuma disso no
Tratado, embora haja o sadio costume de Consagrar-se com o acompanhamento de um
sacerdote.
Entretanto, se isso não
acontecer, não parece de forma alguma prejudicar a Consagração, por ela se um
ATO PESSOAL e INTERIOR.
12. Não li o Tratado ainda. Posso me Consagrar, ou iniciar os 33 dias
de preparação, mesmo assim?
A nível geral, recomendo que NÃO
se Consagre, e NEM MESMO que se inicie os 33 dias de preparação sem a leitura
completa do Tratado, pois como se poderá preparar bem para a Consagração, sem a
conhecê-la bem?
Além do mais, a Consagração é
feita uma vez na vida, e portanto, é importante que se faça com esta
preparação.
Até porque a Consagração poderá
ser feita em outro momento mais para adiante, após a leitura do livro.
13. Falhei em algum exercício prático nos 33 dias ou no dia da própria
Consagração, ou então cometi algum pecado mortal durante a preparação. Devo
desistir de me consagrar no dia que propus?
Recomendo, a nível geral, que NÃO
desista, e faça Consagração!
Pois como dissemos, ela é um ato
interior, NÃO depende necessariamente dos atos exteriores de preparação, o
Demônio odeia a consagração, e poderá se utilizar de um escrúpulo nosso em não
ter cumprido 100% a preparação para nos tentar a desistir de fazer.
Por isso, recomendo que NÃO se
desista por algumas falhas nesse sentido.
No caso de uma queda em pecado
mortal, que haja, evidentemente, arrependimento e se busque a Confissão o mais
rápido possível.
14. É verdade que o demônio odeia esta Consagração?
Sim. O próprio São Luis profetiza
que no futuro o Tratado seria odiado e perseguido pelo inferno, pelo tesouro
espiritual que ele é.
Há inúmeros testemunhos de que, a
partir do momento que a pessoa se decide a fazer a Consagração, inúmeros
impedimentos improváveis começam misteriosamente acontecer, o que a faz pensar
em desistir.
Sabendo disso, saibamos que
estamos entrando em uma guerra espiritual, e portanto sejamos firmes em não
desistir, sabendo que temos ao nosso lado Aquela que Avança como a Aurora,
Temível como um Exército em Ordem de Batalha (Ct. 6, 9-10), a Mulher Vestida de
Sol (Ap 12,1)!
(Francisco Dockhorn)
Fonte: Reino da Virgem Mãe de Deus
Ótimo texto amigos! Tirou muitas dúvidas que eu tinha a respeito da consagração...
ResponderExcluirsalve Maria!
Camylla
eu tenho uma dúvida, precisamos seguir o cronograma para se consagrar?
ResponderExcluirtipo se eu me preparasse no mês de março, e não tivesse chegado Data Mariana, podemos esperar ter a Data para se consagrar?