O QUE É A LEGÍTIMA CONTRIÇÃO?
Contrição é uma dor da alma e uma detestação
dos pecados cometidos. Deve acompanhá-la o propósito, quer dizer, uma firme
vontade de emendar a vida e de não mais pecar. Para que a contrição seja
legítima, deve ser interna e estar na alma, isto é‚ que não seja uma mera
expressão feita com os lábios e sem reflexão.
Segue-se que a contrição, como todo o bem,
deve proceder de Deus e da sua graça, e, com a graça de Deus, desenvolver-se na
alma. Porém, não tenhas receio; basta que a peças, basta que tenhas boa vontade
e te arrependas por algum motivo legítimo, sobrenatural, e Deus te dará a graça
necessária.
Se o motivo se funda na natureza ou somente na
razão (por exemplo, nos danos temporais, na vergonha, doença, etc.), é muito
fácil que a dor seja puramente natural e sem mérito; porém, se o motivo da
contrição é alguma verdade da Fé, por exemplo: o inferno, o purgatório, o céu,
Deus, etc., então a contrição é legítima, sobrenatural.
DIFERENÇA ENTRE CONTRIÇÃO PERFEITA E CONTRIÇÃO
IMPERFEITA (ATRIÇÃO)
A
contrição legítima e sobrenatural pode, por sua vez, ser de duas classes: perfeita
e imperfeita.
Em poucas palavras, a contrição perfeita procede do amor: o
pecador se arrepende pelo fato de ter ofendido a Deus, infinitamente bom e
digno de ser amado sobre todas as coisas.
Imperfeita é a contrição que decorre do temor: a
pessoa abomina o pecado pelo medo de perder o Céu e ser lançada no inferno. Por
que é chamada de imperfeita? Porque nela o pecador toma em consideração
principalmente a si mesmo, e não a Deus.
CONTRIÇÃO E CONFISSÃO
Que pela contrição perfeita o pecador obtém o
perdão dos seus pecados antes mesmo de confessar-se é doutrina afirmada no
Concílio de Trento (14ª sessão, cap. 4).
Entretanto, adverte o mesmo Concílio, ela não
dispensa o pecador da necessidade de acusar-se de todos os seus pecados mortais
no Sacramento da Confissão e de receber a absolvição do ministro de Deus. De
modo que no próprio ato de contrição perfeita deve estar incluído o propósito
de confessar-se. Quanto tempo depois? É pelo menos muitíssimo aconselhável
confessar- se logo que possível.
EXEMPLO DE CONTRIÇÃO PERFEITA
Com um exemplo o verás melhor. Quando São Pedro
negou o Divino Salvador, saiu fora e “chorou amargamente” (Lc 22, 62). —
Por que chora São Pedro? É, porventura, pensando na vergonha que vai ter diante
dos outros apóstolos? Se assim fosse, a sua dor teria sido puramente natural e
sem mérito.
É porque receia que seu Divino Mestre lhe
tire, como ele merece, o cargo de Apóstolo e Superior e o expulse do seu reino?
Então seria boa contrição, mas somente imperfeita.
Mas, não; Pedro arrepende-se e chora, antes
de tudo, porque ofendeu a seu amado Mestre, tão bom, tão santo, tão digno de
ser amado e por ser tão desagradecido ao seu imenso amor por ele. Tem, pois,
verdadeira e perfeita contrição.
EXERCITARMOS A CONTRIÇÃO DIARIAMENTE
O Padre Johann von den Driesch sugere, entre
outras, esta curta oração: "Senhor, dai-me a graça do perfeito
arrependimento, da perfeita contrição dos meus pecados". A quem assim
pede, com boa vontade e de coração sincero, Deus não deixará de atender.
Dir-se-á, então, que a contrição perfeita
beneficia apenas a quem cometeu pecado mortal. Não é verdade, pois ela
robustece o estado de graça naqueles que não o perderam. Cada ato de contrição
perfeita aumenta o grau da graça santificante em nossa alma, tornando-a mais
formosa aos olhos de Deus! Saibamos bem aproveitar esta dádiva celeste,
procurando fazer diariamente muitos atos de contrição perfeita. Pois, além dos
benefícios enumerados acima, quem se habitua a fazê-los com freqüência os
repetirá, por assim dizer, instintivamente na hora da morte.
Que Deus nos de a graça da perfeita contrição de nossos pecados
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