quarta-feira, 22 de agosto de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (22/08/2012) - Tema: HUMILDADE


 “O primeiro passo na busca da verdade é a humildade. O segundo, a humildade. O terceiro, a humildade. E o último, a humildade!” (Santo Agostinho)
“A humildade é a verdade” (Santa Teresa de Ávila)

HUMILDADE: RAIZ DE TODAS AS VIRTUDES

“A humildade, dizia São Gaspar, é a mãe de todas as virtudes.” É o terreno fértil, que permite às sementes lançar raízes, germinar e chegar à maturação. Sem humildade no coração, nada nasce.
Sem humildade, não há virtude que possa existir numa alma. Possua embora todas as virtudes, fugiriam todas ao lhe fugir a humildade.
 A palavra “humildade vem do latim “humus” (terra)  e, segundo Santo Isidoro, indica o comportamento espiritual de quem  não se distancia muito da terra, mas se volta para o baixo.
A humildade tem duplo fundamento: a verdade e a justiça: a verdade, faz que conheçamos a nós mesmos tais quais somos; a justiça, que nos inclina a tratar-nos em conformidade com esse conhecimento.
Santo Tomás de Aquino diz que: “Para nos conhecermos a nós mesmos, é necessário ver o que em nós pertence a Deus e o que nos pertence a nós, como próprio; ora, tudo quanto há de bom vem de Deus e a Deus pertence, tudo quanto há de mau ou defeituoso vem de nós”.
A justiça exige, pois, imperiosamente que se dê a Deus, e a Deus só, toda a honra e glória:“Amém! O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 7, 12).
Não há dúvida que alguma coisa boa há em nós: o nosso ser natural e sobretudo  os nossos privilégios sobrenaturais. A humildade não nos impede de os ver e admirar; mas, assim como quando se admira um quadro, é para o artista que o pintou que vai a nossa homenagem e não para a tela, assim também, quando admiramos os dons e graças de Deus em nós, é a Ele e não a nós mesmos que se deve dirigir a nossa admiração (Tanquerey).
Tanquerey diz que: “Devemos, pois, por justiça, amar as humilhações, aceitar todas as afrontas; se nos dizem que somos avaros, desonestos, orgulhosos, devemos convir nisso, porque conservamos em nós a tendência a todos esses defeitos”.

JESUS E A HUMILDADE

Jesus Cristo diz em Mt 11, 29: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Santo Agostinho comenta: “Ele não nos pede que o imitemos na fabricação do mundo, na criação dos seres visíveis e invisíveis, na realização das obras maravilhosas, mas na humildade de coração”.
O Coração de Jesus é um oceano infinito de virtudes, é um imenso jardim, onde Ele nos convida a entrar e colher a flor perfumada da humildade.
Jesus Cristo revelou a sua humildade em todas as ações. Se operava milagres, recomendava que fossem velados no silêncio; se as multidões, deslumbradas por seus milagres, procuravam proclamá-lo rei, desaparecia e não se deixava encontrar.
Toda a vida de Jesus foi uma escola de humildade, principalmente a sua morte na cruz: “Humilhou-se a si mesmo fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2, 8).
Pela humildade e pela humilhação Jesus se tornou o 'novo Adão' que salvou o mundo (Rom 5,12s). Maria, a mãe do Senhor, tornou-se a 'nova Eva', ensina a Igreja, porque na sua humildade destruiu os laços da soberba da primeira virgem.

OS DOZE GRAUS DA HUMILDADE SEGUNDO SÃO BENTO

1. O temor de Deus, sempre presente aos olhos de nosso espírito, e fazendo-nos praticar os mandamentos: temor dos castigos primeiro, depois temor reverencial, que remata na adoração.
2. A obediência ou submissão da nossa vontade à de Deus; é claro, que, se temos reverência e temor de Deus, faremos a sua vontade em tudo. Esta obediência é sem dúvida um ato de humildade, visto ser a expressão da nossa dependência para com Deus.
3. A obediência aos superiores por amor de Deus. É mais dificultoso submeter-se aos Superiores que ao próprio Deus: de fato, é necessário mais espírito de fé, para ver a Deus nos Superiores, e mais perfeita abnegação, porque esta obediência se aplica a maior número de coisas.
4. A obediência paciente, ainda nas coisas mais dificultosas, suportando as injúrias sem queixumes, ainda mesmo e, sobretudo quando a humilhação vem dos Superiores: para o conseguir, pensar na recompensa celeste e nos sofrimentos e humilhações de Jesus.
5. A confissão da faltas secretas, incluindo os pensamentos, ao Superior, fora da confissão sacramental. É este ato de humildade um freio poderoso: a idéia de que será necessário manifestar as faltas mais ocultas, trava muitas vezes o despenho para o abismo.
6. A aceitação cordial de todas as privações, ocupações vis, considerando-se inferior ao seu oficio.
7. Julgar-se sinceramente, do fundo do coração, o último de todos os homens. É raro este grau; os Santos chegam lá, refletindo que, se os outros tivessem tido tantas graças como eles, seriam melhores.
8. A fuga da singularidade: não fazer nada de extraordinário, mas contentar-se do que é autorizado pela regra comum, pelos exemplos dos antigos e pelos costumes legítimos: querer singularizar-se é, efetivamente, sinal de orgulho ou vaidade.
9. O silêncio: saber calar enquanto nos não interrogam ou enquanto não há uma boa razão de dar o parecer, e ceder aos outros ocasião de falar. De fato, na ânsia de tomar a palavra, há muita vaidade.
10. A moderação no rir. São Bento não condena o rir, enquanto é expressão de alegria espiritual, mas tão somente o riso de má pinta, a gargalhada estridente ou zombeteira, ou a disposição habitual a rir pronta e ruidosamente, que mostra pouco respeito da presença de Deus e pouca humildade.
11. A reserva nas palavras: quando se fala, fazê-lo suave e humildemente, sem gritos, com a gravidade e sobriedade do homem sisudo.
12. A modéstia no porte: andar, assentar-se, estar de pé, olhar moderadamente, sem afetação, a cabeça ligeiramente inclinada, o pensamento em Deus e na própria indignidade de levantar os olhos ao céu.

A HUMILDADE NOS ESCRITOS DOS SANTOS

Muitos cristãos são cheios de boas virtudes, mas infelizmente tornam-se 'inchados', pensando infantilmente que essas boas virtudes são méritos próprios e não graças de Deus, para serviço dos outros. Deus disse a Santa Catarina que: 'o pecador, qual ladrão, rouba-Me a honra, para atribui-la a si mesmo'.
'O diabo orgulhoso não tolera um espírito humilde'. É a humildade que vence o demônio sempre. São Vicente de Paulo dizia que ele não sabe se defender contra a humildade, por ser soberbo.
Santa Teresa dizia que 'uma pessoa caminha mais para Deus quando deixa de desculpar-se do que ouvindo dez sermões'. E ela diz a razão disso: 'Não se desculpando, começa a adquirir a liberdade interior e a não se preocupar se dizem dele bem ou mal'.
A extrema humildade de vários santos os levavam a se sentirem os piores pecadores, por incrível que nos pareça. Santa Teresa ensinava às suas monjas dizendo:'Não acrediteis ter progredido na perfeição, se não vos julgardes piores de todas e se não desejais ser tratadas como as últimas'.
Santo Afonso dizia que: 'Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação, na medida em que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças que Deus nos deu, depois de tantas ofensas'.
Enfim, a humildade é a grande força daquele que quer a santidade. Santa Teresa o disse: 'Quem possui as virtudes da humildade e do desapego bem pode lutar contra todo o inferno junto e o mundo inteiro com suas seduções'.
O grande místico doutor, S. João da Cruz, disse que: 'Visões, revelações, sentimentos celestes e tudo quanto se pode imaginar de mais elevado, não valem tanto quanto o menor ato de humildade'.

ORAÇÃO PARA SE OBTER A VIRTUDE DA HUMILDADE

“Senhor, Vós conheceis a minha fraqueza!
Cada manhã tomo a resolução de praticar
a humildade e à noite reconheço que
cometi ainda muitas faltas de orgulho.
À vista disto, sou tentada a desencorajar,
mas, eu sei, o desencorajamento
é também orgulho.
Quero pois, ó meu Deus,
assentar a minha esperança
somente em Vós;
porque Vós tudo podeis!
Dignai-vos fazer nascer na
minha alma a virtude que desejo.
Para obter esta graça
da vossa infinita misericórdia,
repetir-vos-ei muitas vezes:
Ó Jesus, doce e humilde de coração,
tornai o meu coração semelhante ao vosso!”

(Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face)


Nenhum comentário:

Postar um comentário