Estando
próxima a solenidade de São Pedro e São Paulo, meditamos profundamente acerca
do que consiste entregar a vida por inteiro a Nosso Senhor.
Esses
grandiosos apóstolos, colunas da Igreja, receberam a honra de serem
martirizados por causa de Cristo. Foram firmes até o fim e seu sangue derramado
semeou inúmeros novos cristãos.
Impressionam-nos
os relatos dos primeiros cristãos, que desejavam ardentemente o martírio a fim
de unir-se mais rapidamente a Cristo na glória celeste. Tamanho era seu amor a
ponto de afirmarem:
“Espero poder enfrentar com alegria as feras que estão
preparando para mim, e peço a Deus que eu possa encontrá-las prontas a
lançarem-se sobre mim. Se não quiserem, eu mesmo as instigarei para que me
devorem num instante. Vocês tenham compaixão de mim. Eu sei muito bem o que é
útil para mim. Somente agora começo a ser discípulo. Não me deixo impressionar
por coisa alguma, visível ou invisível, para poder unir-me a Cristo Jesus.
Fogo, cruzes, feras, lacerações, desconjuntura de ossos, o corpo reduzido a
pedaços, as piores torturas caiam sobre mim: importante é unir-me a Jesus
Cristo. Que proveito poderão dar-me os prazeres do mundo ou os reinos da terra?
Nenhum. Para mim é melhor morrer por Jesus Cristo que reinar sobre toda a
terra. A minha vida é busca contínua daquele que morreu por nós: quero aquele
que por nós ressuscitou. Vejam, meu nascimento se aproxima. Nada melhor podeis
fazer por mim, de que deixar que eu seja sacrificado a Deus.” (Santo
Inácio de Antioquia, a caminho do martírio)
Em
nossa vida cotidiana, podemos dizer que muito raramente teremos ocasião de
sofrer um martírio cruento em nome de Cristo, pois, bem ou mal, vivemos ainda
numa mínima tolerância religiosa. (Ainda que nos dias atuais haja relatos de
países onde cristãos continuam a morrer por causa de Cristo).
De modo
geral, a oportunidade que temos no dia a dia de entregarmos nossa vida a Cristo
se dá por um martírio incruento (sem sangue). São pequenos sofrimentos
padecidos por causa do Reino. Pequenas perseguições cotidianas que nos ferem e
que podemos oferecer a Nosso Senhor como perfume agradável.
Manter
um autêntico testemunho cristão nunca foi fácil. Especialmente nos dias atuais,
permanecer fiel à Verdade se torna tarefa árdua por conta da grande ausência do
temor a Deus presente em nossa sociedade.
Tudo é
permitido. Só a felicidade importa... É esse o discurso da modernidade.
Frente
a essa realidade, devemos pedir a Nosso Senhor forças para suportar com alegria
as perseguições que deveremos enfrentar por defender a sua Divina Verdade.
Que não
temamos esse martírio! Que sejamos fortes suficientes para glorificar ao Senhor
quando esses sofrimentos sobrevierem. Assim, ainda que de uma maneira singela,
estaremos seguindo o exemplo de tantos mártires que nos precederam e, claro, de
nosso Senhor e Rei Jesus Cristo, que por nós padeceu os mais terríveis
sofrimentos.
Não
sejamos cristãos covardes! Que o testemunho dos mártires seja nossa luz e nossa
consolação.
“Este martírio da vida ordinária é um
testemunho mais do que nunca importante nas sociedades secularizadas do nosso
tempo. É a pacífica batalha do amor que cada cristão, como Paulo, deve combater
incansavelmente; a corrida para difundir o Evangelho que nos empenha até à
morte". (Papa Bento XVI, 28 de outubro de 2007)
(Tássila Maia)
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