“Muitas
vezes tenho pensado, espantada, na grande bondade de Deus e a minha alma tem-se
regalado de ver a Sua grande magnificência e misericórdia. Seja bendito por
tudo! Tenho visto claramente Ele não deixar sem paga, até mesmo nesta vida,
nenhum desejo bom. Por ruins e imperfeitas que fossem minhas obras, este Senhor
meu as ia melhorando e aperfeiçoando e dando valor. Os males e pecados logo os
escondia. Até os olhos de quem as viu permite Sua Majestade fiquem como que
cegos e lhos tira da memória; doira as culpas; faz resplandecer uma virtude que
o mesmo Senhor põe em mim, fazendo-me quase força para que a tenha.
Oh! Senhor meu, como sois bom! Bendito sejais para
sempre! Louvem-Vos, Deus meu, todas as coisas, pois assim nos amastes, a
podermos com verdade falar desta comunicação que, ainda estando neste desterro,
tendes com as almas. Até mesmo com as que são boas é grande liberalidade e
magnanimidade Vossa, Senhor meu; enfim, dais como quem sois. Oh! liberalidade
infinita, quão magníficas são as Vossas obras! Isto espanta a quem não tem o
entendimento ocupado com coisas da terra de modo a não ter nenhum para entender
verdades. Mas, que façais mercês tão soberanas a almas que tanto Vos ofendem,
por certo que a mim isto faz que se me acaba o entendimento e, quando chego a
pensar nisto, não posso ir adiante. Para onde há-de ir que não seja voltar
atrás? Dar-Vos graças por tão grandes mercês, não sabe como. Em dizer
disparates, acho alívio algumas vezes.”
(Santa Teresa d'Ávila)
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