Não.
A Santa Igreja
zela pelo material do cálice, cibórios e outros vasos sagrados utilizados nas
celebrações. Por exemplo: é expressamente PROIBIDO o uso de vasos sagrados de
vidro, barro, argila, cristal ou outro material que quebre com facilidade.
Especifica a
Instrução Redemptionis Sacramentum
(n. 117):
"Os vasos
sagrados, que estão destinados a receber o Corpo e o Sangue do Senhor, devem-se
ser fabricados, estritamente, conforme as normas da tradição e dos livros
litúrgicos. As Conferências de Bispos tenham capacidade de decidir, com a
aprovação da Sé apostólica, se é oportuno que os vasos sagrados também sejam
elaborados com outros materiais sólidos. Sem dúvida, requer-se estritamente que
este material, de acordo com a comum valorização de cada região, seja VERDADEIRAMENTE
NOBRE, de maneira que, com seu uso, tribute-se honra ao Senhor e se evite
absolutamente o perigo de enfraquecer, aos olhos dos fiéis, a doutrina da
presença real de Cristo nas espécies eucarísticas. Portanto, reprove-se
qualquer uso, para a celebração da Missa, de vasos comuns ou de escasso valor,
no que se refere à qualidade, ou carentes de todo valor artístico, ou simples
recipientes, ou outros vasos de cristal, argila, porcelana e outros materiais
que se quebram facilmente. Isto vale também para os metais e outros materiais,
que se corroem (oxidam) facilmente."
O saudoso Papa
João Paulo II insiste na utilização dos melhores recursos possíveis nos objetos
litúrgicos, como honra prestada ao Corpo e ao Sacrifício de Nosso Senhor. Disse
João Paulo II (Ecclesia de Eucharistia, n. 47-48):
"Quando
alguém lê o relato da instituição da Eucaristia nos Evangelhos Sinópticos, fica
admirado ao ver a simplicidade e simultaneamente a dignidade com que Jesus, na
noite da Última Ceia, institui este grande sacramento. Há um episódio que, de
certo modo, lhe serve de prelúdio: é a unção de Betânia. Uma mulher, que João
identifica como sendo Maria, irmã de Lázaro, derrama sobre a cabeça de Jesus um
vaso de perfume precioso, suscitando nos discípulos – particularmente em Judas
(Mt 26, 8; Mc 14, 4; Jo 12, 4) – uma reacção de protesto contra tal gesto que,
em face das necessidades dos pobres, constituía um « desperdício » intolerável.
Mas Jesus faz uma avaliação muito diferente: sem nada tirar ao dever da
caridade para com os necessitados, aos quais sempre se hão-de dedicar os
discípulos – « Pobres, sempre os tereis convosco » (Jo 12, 8; cf. Mt 26, 11; Mc
14, 7) –, Ele pensa no momento já próximo da sua morte e sepultura,
considerando a unção que Lhe foi feita como uma antecipação daquelas honras de
que continuará a ser digno o seu corpo mesmo depois da morte, porque
indissoluvelmente ligado ao mistério da sua pessoa. (...) Tal como a mulher da
unção de Betânia, a Igreja não temeu « desperdiçar », investindo o melhor dos
seus recursos para exprimir o seu enlevo e adoração diante do dom
incomensurável da Eucaristia. À semelhança dos primeiros discípulos
encarregados de preparar a « grande sala », ela sentiu-se impelida, ao longo
dos séculos e no alternar-se das culturas, a celebrar a Eucaristia num ambiente
digno de tão grande mistério. Foi sob o impulso das palavras e gestos de Jesus,
desenvolvendo a herança ritual do judaísmo, que nasceu a liturgia cristã.
Porventura haverá algo que seja capaz de exprimir de forma devida o acolhimento
do dom que o Esposo divino continuamente faz de Si mesmo à Igreja-Esposa,
colocando ao alcance das sucessivas gerações de crentes o sacrifício que
ofereceu uma vez por todas na cruz e tornando-Se alimento para todos os fiéis?
Se a ideia do « banquete » inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à
tentação de banalizar esta « intimidade » com o seu Esposo, recordando-se que
Ele é também o seu Senhor e que, embora « banquete », permanece sempre um
banquete sacrificial, assinalado com o sangue derramado no Gólgota. O Banquete
eucarístico é verdadeiramente banquete « sagrado », onde, na simplicidade dos
sinais, se esconde o abismo da santidade de Deus: O Sacrum convivium, in quo
Christus sumitur! - « Ó Sagrado Banquete, em que se recebe Cristo! »"
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